Quem ouve e vê a imponência de um órgão de tubos em igrejas e mosteiros espalhados pelo Brasil, mal sabe da complexidade contida nos mecanismos que compõe o instrumento. São estruturas delicadas de madeira, zinco e couro, que necessitam todo o cuidado e técnica durante o processo de manutenção, e pouquíssimos brasileiros estão aptos a executar tal tarefa. Um deles vive um Curitiba e é um dos maiores especialistas em órgãos tubulares do Brasil. “Acredito que não tem mais do que 20 pessoas que realizam esse tipo de trabalho em todo o país”, comenta Ricardo Herrmann, organista há mais de 40 anos.
Apesar da dedicação ao instrumento, Ricardo afirma que a atividade nunca foi sua principal fonte de renda. “Fui professor de música na Universidade Federal do Paraná e também cheguei a dar aulas na rede estadual. Mas como no Brasil viver de música sempre foi complicado, tinha que ter outra profissão. Hoje, já aposentado, me dedico inteiramente à atividade”, diz.
Ricardo diz que faz cerca de três manutenções por ano e só constrói órgãos por encomenda. “Hoje no Brasil temos poucos órgãos em atividade e só duas fábricas. Diferentemente da Europa e dos Estados Unidos. Então colocamos a mão na obra quando há trabalho. Uma manutenção pode durar de quatro a cinco semanas. E construir já é mais raro pelo preço de um instrumento. Cada registro (conjuntos de tubos) custa cerca de 10 mil dólares. Então um órgão de 20 registros pode chegar até 250 mil dólares”, explica.
Prática
Em pequeno quarto nos fundos de sua casa, Ricardo mantém três tipos de órgãos tubulares diferentes. O maior, o “Positiv”, tem quase três metros de altura e conta com um pequeno motor para levar ar aos registros. O segundo, um pouco menor que um piano, precisa de apoio de pedais para bombear aos tubos. Já o portativo é pequeno, feito de madeira e de um tamanho de acordeão.
“Segundo o segundo concílio do Vaticano, o órgão é o instrumento oficial das igrejas e é por isso que é tão ligado à religião. E isso é importante para as pessoas saber, para que a tradição continue e o som maravilhoso criado por esse instrumento não se acabe na história”, ressalta Ricardo.
http://www.youtube.com/watch?v=KrpHRpreX4c