De tesoura ou navalha em punho o cabeleireiro Mariano Pasko, 58 anos, e seus irmãos, um homem e quatro mulheres, abriram caminho na capital para o negócio de família. Vieram de Prudentópolis há quase 40 anos, hoje com filhos e cônjuges já são 15 profissionais na mesma carreira.
Mariano costuma brincar que a culpada pela “tradição familiar” foi a “Dona Nice, a ‘nicessidade’”. A família mudou de cidade depois de perder mais de 500 sacas de cebola, que apodreceram por falta de mercado. “A vida na lavoura era muito difícil, mesmo trabalhando desde os 9 anos não havia perspectiva e viemos atrás de oportunidade”, resume.
Aos 18 anos, Mariano chegou à capital e foi trabalhar no Curtume Curitiba, em Pinhais. “Todo dia eu seguia a pé da Rua Itupava, no Hugo Lange, até o bairro Weissópolis onde ficava o curtume”, recorda. Desse trabalho que Mariano conseguiu recursos para pagar o curso de cabeleireiro no Senac. “Segui o exemplo das minhas irmãs Ana e Maria que vieram antes. Deu muito certo, com quatro meses de curso eu já estava trabalhando em salão”, recorda.
Começo
Dois anos após o curso, surgiu a oportunidade de adquirir o primeiro salão, o Dallas, no Hugo Lange. O segundo, em frente ao terminal do Boa Vista, existe há 35 anos, e é onde Mariano, a esposa e a filha atendem de 800 a mil clientes por mês, de segunda a sábado. “Tem clientes que já estou na quarta geração da família”, afirma.
Sentindo amor e gratidão pela profissão que melhorou a condição de vida da família, Mariano não pensa em parar. Os clientes antigos que por problemas de saúde não podem mais ir ao salão são atendidos em casa. “Nem poderia ser diferente, eu não poderia deixar de prestar o meu serviço a alguém que por anos fez parte da minha rotina, da minha vida”.
Discrição que cativa os clientes
O segredo para conquistar clientes, Mariano tem na ponta da língua: qualidade do atendimento. “Para trabalhar com o público precisa-se deixar os problemas do lado de fora do salão e, quando se trabalha com a família, resolver as questões em casa”. Discreto, ele não dá detalhes sobre a clientela fiel, composta por políticos, conselheiros de times de futebol e profissionais de renome. “Apesar de ser um ambiente conhecido por fofocas, o que se fala aqui, morre aqui”. A discrição é uma das qualidades que faz homens e mulheres se sentirem à vontade.
Bom humor
“Nunca vi o Mariano de cara amarrada”, atesta o aposentado Gerd Kaolhmann, 78 anos, que há mais de 20 anos faz barba e cabelo com Mariano. Além da simpatia, Kaolhmann destaca o serviço impecável.
Um dos trunfos de Mariano reside na arte de manejar a navalha. “Está em desuso, mas é o que garante o acabamento perfeito”.
Serviço: O salão Dallas fica na Rua João Havro, 51, em frente ao terminal Boa Vista. Telefone: (41) 3356-3184