Baita presente

Foto: Fábio Alexandre

A UTI Neonatal do Hospital Universitário Evangélico dobrará de tamanho com a conclusão de uma obra de ampliação na ala infantil. Em vez de vinte, o hospital passará a oferecer quarenta leitos para receber bebês prematuros que exigem tratamento de alta complexidade. No Paraná, o Hospital Evangélico é uma das poucas instituições hospitalares a tratar desse tipo de caso médico. A inauguração foi no fim de janeiro.

As novas instalações da UTI Neonatal serão equipadas com modernos equipamentos de ar-condicionado, sistema de câmera de TV, banheiros para os pais e vestiários para os profissionais que atuam na unidade, além de sala de amamentação. As obras foram realizadas por meio de uma doação de R$ 530 mil, feita pela juíza aposentada Elizabeth Tae Kinashi, em memória de sua irmã Maria Homi Kinashi, também juíza e falecida em 2014.

Maria Homi costumava se envolver em atividades filantrópicas e era muito unida a Elizabeth. As duas mantinham o hábito de debater os problemas e desafios do país, inclusive os do setor de saúde, por isso a doação foi feita.

“Quando ela faleceu, todas aquelas conversas sobre ajudar quem precisa serviram de inspiração para salvar vidas e resolvemos ajudar com a reformulação da UTI Neonatal para o SUS. Eu apenas estou cumprindo um pedido dela para destinar seus bens a quem mais precisa”, afirmou a doadora.

Em boa hora

Foto: Reprodução/RPC
Foto: Reprodução/RPC

É uma notícia boa em meio ao processo de interdição judicial pelo qual passa o Hospital Evangélico, podendo ir a leilão ainda este ano, com todos os bens materiais e imateriais penhorados, após uma decisão da 9ª Vara do Trabalho de Curitiba. Embora o Evangélico esteja fazendo um esforço para manter suas atividades, a reforma da UTI Neonatal não envolve o manejo de verba própria.

“Foi uma doação específica para a reforma da UTI, por isso possível concretizar um desejo antigo da equipe”, explica Ladislau Zavadil Neto, administrador judicial do Evangélico. Segundo ele, a conclusão da obra é de total importância para Curitiba e Região Metropolitana por causa do atendimento dos casos de alto risco.

As obras levaram um ano e três meses para serem concluídas. Nesse período, a atual UTI foi realocada para um ambiente provisório. “Com a infraestrutura readequada, até o dia 31 de janeiro pretendemos reinstalar todos os vinte leitos no novo espaço. Para completar os quarenta leitos, aguardamos a chegada de uma verba do Ministério da Saúde, que já está empenhada para isso desde o ano passado”, afirma o administrador.

Gratidão

Solane, mãe do Augusto, diz que dorme tranquila quando vai pra casa, sabe que o filho é bem cuidado na nova UTI. Foto: Fábio Alexandre
Solane, mãe do Augusto, diz que dorme tranquila quando vai pra casa, sabe que o filho é bem cuidado na nova UTI. Foto: Fábio Alexandre

Se a intenção da juíza Elizabeth foi ajudar, quem agradece é a família Zimer, que está com o pequeno Augusto ocupando um leito na UTI do Evangélico há 95 dias, desde 26 de outubro de 2017. “Como toda a mulher, eu sonhava em fazer o meu chá de bebê, mas tive uma insuficiência de colo de útero e não podia mais segurar meu filho na barriga. Ele teve que nascer com vinte e quatro semanas”, conta a vendedora Solane de Lima Zimer, 37 anos, mãe do Augusto, que estava aflita com uma cirurgia de emergência marcada para a noite de segunda-feira.

“Se não fosse a humanidade da equipe, a segurança que nos passam, eu estaria muito mais nervosa. A data que o Augusto deveria nascer era 11 de fevereiro. Nem chegamos lá e eu já estou aqui com ele. Por isso acho que o hospital merece essa nova UTI”, diz ela, que fica ao lado do filho apenas no horário de visita, das 14h às 18h, mas afirma conseguir dormir tranquila quando vai para casa, por confiar nos cuidados médicos que o Augusto recebe.

Com a nova UTI, a enfermeira supervisora do bloco materno infantil do Hospital Evangélico, Édina Camila Colli, diz que haverá melhora no atendimento das mães que fazem o pré-natal de risco no Evangélico, e que, por falta de espaço, são obrigadas a internar os bebês em outro hospital. “Com mais leitos, podemos atender um número maior de mães. Isso faz toda a diferença nos cuidados com os prematuros. As mães ficam mais tranquilas por ficarem no mesmo lugar e aumentam as chances de recuperação das crianças”, explica a enfermeira.

Futuro indefinido

Considerado centro de referência no tratamento de queimaduras e um dos maiores complexos hospitalares do Paraná, o Hospital Evangélico vive um verdadeiro “pingue-pongue” administrativo. Depois de passar pelas mãos de três interventores, nomeados pela Justiça do Trabalho, o futuro do hospital é incerto.

Sem recursos suficientes para dar continuidade à prestação dos serviços, a atual gestão anunciou no final de novembro do ano passado que o hospital será leiloado. A previsão é de que a hasta aconteça ainda em 2018. No mesmo balaio, a Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR) também será leiloada. Da mesma forma que o hospital, a instituição passou por processo de intervenção, porém, sua situação fiscal está em dia.

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