No dia 8 de julho três pessoas que aguardavam um ônibus na Avenida Batel, região nobre de Curitiba, foram atingidas em cheio por um motociclista que perdeu o controle do veículo após uma manobra exibicionista. Uma garotinha de 8 anos ficou alguns dias internados na UTI, além de uma mulher mais jovem (38) e uma senhora de 88 anos ficaram feridas. O homem que pilotava a moto teve ferimentos moderados.
Já na noite do dia 10 de julho, um grave acidente assustou moradores do bairro Pinheirinho, região Sul da cidade. O acidente aconteceu no cruzamento da Rua José Rafael Kalinowski com a Rua Francisco Claudino Ferreira e por pouco não terminou em tragédia. Após uma grave colisão entre dois carros, seguida de capotamento, um dos condutores ficou presos nas ferragens. Por sorte, ele teve apenas ferimentos leves. Os moradores relatam que no local é comum este tipo de situação.
Qual a diferença entre os dois cruzamentos? O tempo de resposta da prefeitura para os problemas que há tempos são reclamados por quem passa por ali e vive nas redondezas.
A reportagem da Tribuna do Paraná esteve inicialmente no cruzamento do Pinheirinho e não é preciso permanecer por muito tempo para entender que a pouca sinalização, apagada por uma recente modificação no asfalto e pelo tempo, somatizada com algumas imprudências de motoristas apressados, acabam sendo um prato cheio para colisões. Por lá, nenhum radar foi proposto após este acidente.
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“Aqui no bairro é tudo bem diferente. O acidente foi grave, sempre temos registros, não sabemos se foram registrados formalmente, mas nunca vi algo sendo proposto pelas autoridades. A gente tem até medo de atravessar a rua, porque eles andam muito rápido. Não basta falar da falta de sinalização, os motoristas também são culpados”, contou uma moradora que pediu para não ter seu nome revelado.
Também moradora do bairro, a auxiliar de serviços gerais, Maria Nair, 50, conta que já viu três graves acidentes no lugar. “Eu passo aqui todos os dias, porque moro ao lado deste cruzamento e é muito complicado. Eu mesma já presenciei ao menos três colisões e nesta última o motorista até ficou preso nas ferragens. Acredito que seja imprudência, mas algum equipamento como radar, ou semáforo, poderia ser instalado aqui, já que há pouca visibilidade dos motoristas que seguem pela Rua Francisco Ferreira”, relatou preocupada.
Soluções diferentes
Nos dias seguintes ao acidente na Avenida do Batel uma promessa de radar veio para acalmar a vizinhança. Estudos técnicos serão feitos e um novo equipamento de radar de velocidade deve ser instalado, conforme a Setran.
A gravidade do acidente levantou a questão sobre o abuso de velocidade e desrespeito às leis de trânsito em uma das principais avenida do bairro. “Somente após este acidente gravíssimo, ao meu ver, é que alguém resolveu fazer algo. Eu moro aqui na rua faz muito tempo e dormir é praticamente impossível durante algumas madrugadas. Precisava chegar a este ponto? Para mim a prevenção era bem melhor”, contou um morador que pediu para não ter seu nome divulgado.
Questionada pela reportagem sobre a diferença de posicionamento entre a região do Pinheirinho e Batel, a Setran explicou que tudo é feito por meio de análises e que um radar, por exemplo, leva em conta diversos fatores definidos pelo Conselho Nacional de Trânsito, como registro de acidentes e fluxo de tráfego, seguindo normas e legislação específica.
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Outro ponto de justificativa é a extensão da Avenida do Batel. “Por ser uma via de ligação importante entre o bairro e o centro da cidade e, consequentemente, pelo grande volume de veículos que passam por ela”, relatou. Além disso, o órgão informou que faz “análises constantes da necessidade de adequações e novas implantações, em toda a cidade, levando em conta contagem de tráfego, cruzando dados, estatísticas e aspectos específicos de cada caso”
E no Pinheirinho?
Mais promessas. A Secretaria de Trânsito (Setran) de Curitiba, procurada pela Tribuna, disse que a princípio a sinalização do Pinheirinho deve ser pintada novamente para que os motoristas possam segui-la da maneira correta.
Também motivo de reclamação dos moradores, um outro cruzamento traz ainda mais preocupação. Na mesma Rua Francisco Claudino Ferreira, desta vez esquina com a Rua Sebastião Gomes, há relatos de que a sinalização de “Pare” está invertida e que após a reforma do asfalto, só as placas antigas permaneceram no local, tornando a compreensão difícil.
Quando questionada sobre esta questão específica do Pinheirinho, a equipe técnica de engenharia da Setran explicou que a preferencial não está “trocada”, como dizem os moradores. A preferencial deverá permanecer como é, ou seja, quem vem pela Francisco Claudino Ferreira deverá parar no cruzamento com a Sebastião Gomes.
As ruas mencionadas, de acordo com a equipe, são de trânsito local, normalmente utilizadas por moradores da região. “A definição da preferencial está baseada em diversos critérios técnicos e em medidas de engenharia de tráfego”, finalizou a nota do órgão, sem dar maiores detalhes sobre como acontece essa escolha.
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