Bairro Alto Tamo Junto pra ajudar

Papai Noel de farda

Sobrou amor, solidariedade e carinho na Instituição Alvorecer Ação Social, no Bairro Alto, na manhã de ontem. A instituição era uma das quatro escolhidas pela Tribuna e pelo Instituto GRPCom a participar da campanha de Natal “Tamo Junto pra Ajudar”, que está presenteando crianças e adultos carentes neste fim de ano. E quem tornou o dia destas crianças especial foi a Polícia Militar, que apadrinhou todas as 49 crianças da instituição e entregou exatamente o que cada uma pediu de presente na campanha.

Matheus beijou a bola. Foto: Felipe Rosa
Matheus beijou a bola. Foto: Felipe Rosa

As reações das crianças e adolescentes ao receberem os pacotes foram as mais variadas. O Matheus Gabriel, de 7 anos, ganhou a bola que tanto pediu. Gostou tanto, que beijou o brinquedo quando o tirou do embrulho de presente. “Beijei porque ela é igualzinha a um troféu. A minha bola está murcha e não tenho bomba pra encher. Mas eu queria uma nova. E essa aqui é a minha bola nova”, alegrou-se o garoto, já pensando em quem ia convidar pra uma pelada à tarde.

A Giovana, de 12 anos, sonhava com uma bicicleta, daquelas pequenas com roda aro 20. Mas sabia que era um presente caro e pediu uma mochila escolar no lugar. Ela não só ficou feliz, como agradeceu porque sua mãe não precisará gastar tanto dinheiro com o material escolar no ano que vem. Além de gostar do presente, Giovana adorou a estampa da mochila, de gatinhos, já que ela gosta muito de gatos.

O sonho do Alex, 16 anos, era uma chuteira. E ele ganhou uma muito bonita, branca, junto com as meias próprias para futebol. Garoto sofrido, com uma história muito trágica na família – ele já não tem um irmão e o pai e vive com a mãe, batalhadora – ele mostrou o tímido sorriso de satisfação no canto dos lábios.

Só no Natal

Alexandra vai abrir o presente só no Natal. Foto: Felipe Rosa
Alexandra vai abrir o presente só no Natal. Foto: Felipe Rosa

Já a Alexandra, 14 anos, não quis abrir o presente. Ela disse que só abrirá na noite de Natal, junto com sua mãe, porque é mais empolgante e emocionante. Ela controlou a curiosidade e ficou com o pacote fechado, dentro da sacola. Ela ainda disse que não esperava ser presenteada. “Esperava ganhar uma lembrancinha somente”, disse ela, surpresa. “Nunca imaginei que ganharia um presente de Natal de um policial militar”, revelou.

Amanhã a Tribuna irá entregar os presentes da Chácara Meninos de 4 Pinheiros, no fim da manhã, e à Instituição Decisão de Apoio Social (Idas), à noite, durante a ceia dos abrigados da Instituição.

Doações o ano todo

Policiais tiveram o cuidado de atender todas as crianças da lista. Foto: Felipe Rosa
Policiais tiveram o cuidado de atender todas as crianças da lista. Foto: Felipe Rosa

A Alvorecer atende crianças no contraturno escolar. Pela manhã, às terças, quartas e quintas-feiras, crianças dos 6 aos 13 anos fazem oficinas criativas e aprendem sobre ecologia e separação de lixo, valores humanos, oficina criativa de textos, raciocínio lógico e aprendem a conviver. “O nome do programa é serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. Eles participam com os colegas e levam a convivência saudável pra casa. Aprendem que não é no grito que resolvem as coisas e que precisam aprender a dividir”, explicou Ana Lúcia borges, coordenadora do instituto.

À tarde, jovens dos 14 aos 18 anos incompletos fazem as mesmas atividades, porém adequadas à idade. Ainda participam de um programa de aprendizagem, em que fazem 16 horas práticas em empresas e mais quatro horas teóricas na Alvorecer. E ainda recebem um salário para isto.

A instituição oferece quatro refeições aos assistidos. Por isto, a Alvorecer tem demanda por alimentos o ano todo e está de portas abertas a estas doações. A instituição ainda recebe roupas, sapatos, utensílios domésticos e móveis, que são vendidos num bazar, às quartas e sábado pela manhã. O dinheiro é revertido aos projetos da instituição. Lixo eletrônico também é vendido, pois é vendido para uma empresa especializada na coleta deste tipo de equipamento. Ana Lúcia só lamenta não te como buscar estes objetos e espera a compreensão de quem puder levar as doações até a Alvorecer, que fica na Rua Pedro Eloy de Souza, 1121, Bairro Alto.

Ninguém ficou de fora

As crianças do Alvorecer ficam na instituição no contraturno escolar, de terça a quinta-feira. Foto: Felipe Rosa
As crianças do Alvorecer ficam na instituição no contraturno escolar, de terça a quinta-feira. Foto: Felipe Rosa

Os policiais militares do 20.º Batalhão que apadrinharam as crianças da Alvorecer tiveram o cuidado e carinho de não deixar faltar ninguém da lista. Os policiais se organizaram, identificaram todos os presentes com os nomes dos policiais que estavam presenteando e com os nomes das crianças que os receberiam, além da preocupação de que o presente fosse adequado à idade. E ainda levaram alguns “sobrando”, para alguma emergência.

A sargento Patrícia explicou que já é tradição no batalhão os policiais presentearem alguma instituição no Natal. E o que os levou a escolher a Alvorecer foi a simplicidade dos pedidos das crianças. “Eles não pediam coisas caras. Pediam materiais escolares, livros, mochilas, bolas. Essa simplicidade surpreendeu a gente. Mobilizamos todo mundo lá na sede do 20.º Batalhão pra conseguir atender todas as crianças. Deve ser uma frustração enorme pedir algo para o papai noel e ele não trazer”, ponderou a sargento.

Alegria

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

“Ver as crianças felizes nos deixa felizes. Não sabemos a realidade que eles vivem. Imagine ver brinquedos na TV, ver crianças ganhando presentes e eles não, porque não possuem essa oportunidade. Deve ser uma situação muito chata. Eles já estão até acostumados a nem pedir nada”, disse a soldado Ivnuk.

Já a soldado Tays, pensou como mãe. “A gente faz tudo pelos filhos da gente. E quando vê um pedido assim tão simples de uma criança, a gente atende com o maior carinho”, disse ela.

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Sobre o autor

Diego Petri

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