Além de fazer bem à saúde de quem pratica, os exercícios físicos mudaram o visual do Bosque Irmã Clementina, no Bairro Alto. Há quatro anos, um morador da região, o diretor de fotografia Mauricio Cesar Stevan Cruz, 43 anos, iniciou uma rotina de caminhadas pelo bosque, que estava abandonado, a ponto do matagal esconder partes da pista.
“Nem parecia com o ambiente que temos hoje, pois era um mato cheio de lixo e ameaçador devido à criminalidade. Só que era perto da minha casa e insisti na caminhada seguida por atividades como limpeza, coleta de lixo e plantio de árvores”, recorda. Com o passar do tempo, o exemplo dele motivou outras pessoas que também desejavam usufruir do local. “Com esse cuidado e o uso do espaço, aos poucos o pessoal que ía lá para usar drogas ou cometer crimes foi liberando o bosque”, explica. Mauricio emagreceu 20 quilos caminhando pelo lugar que define como “meu jardim”.
A profissional autônoma Leila Regina Patriota, 60, conta que ela e a irmã, que passaram a vida toda no bairro, ficaram entusiasmadas de participar dessa mudança. Até frequentaram um curso técnico para entender melhor a conservação ambiental. “Nosso projeto final foi sobre o lago e posso afirmar que está limpo. Com a ajuda de outro morador, conseguimos resolver o problema da rachadura que fazia o Rio Bacacheri se comunicar com essa água”, comenta.
Por conta do engajamento coletivo, hoje é difícil achar uma garrafa ou copo jogado no chão. “Cada um que vem caminhar e ajuda a recolher algo já pode se considerar um amigo do bosque”, explica Leila. A Associação Amigos do Bosque, presidida por Mauricio, foi criada para facilitar as ações que eles planejam desenvolver no local, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), como a retirada de resíduos de materiais de construção da valeta da lateral do bosque.
Área pública
A gerência de parques e bosques da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) explica que o bosque é uma área pública de uso coletivo e intervenções na área somente podem ser feitas com autorização dos órgãos responsáveis. A SMMA não autoriza limpeza de lagos e vegetação pela população, nem pintura dos equipamentos. A pasta confirma que há menos de um ano os integrantes da Associação Amigos do Bosque participam de todas as audiências públicas e suas dúvidas e solicitações, sempre que possível, são atendidas dentro dos recursos e programação da SMMA.
O local recebe manutenção periódica de roçada a cada 20 dias e limpeza de resíduos semanalmente. Na última semana, foi realizada a manutenção de toda a iluminação, implantação de mais postes de luz próximo à academia ao ar livre e instalação de seis novas lixeiras. A pintura de todos os equipamentos e playground é realizada entre 60 e 70 dias, devido ao alto nível de vandalismo no local. No último dia 6 de novembro, funcionários da prefeitura pintavam áreas pichadas no bosque. Estão sendo programadas algumas melhorias no bosque a partir de 2016, mas dentro das possibilidades orçamentárias do município.