Quem passa todos os dias pela Linha Verde Norte, mais precisamente na região dos bairros Bacacheri e Bairro Alto, percebe que as obras para a conclusão do penúltimo trecho da via estão avançadas, ainda que o ritmo desagrade grande parte dos motoristas que passam por ali. As melhorias mais visíveis são as da via propriamente dita, mas o entorno também sofre com algumas intervenções. Uma, em especial, tem tirado o sono de moradores e comerciantes.
Procurada pelos vizinhos da obra, a reportagem da Tribuna do Paraná foi até ao local para entender os motivos da insatisfação. As obras na trincheira da Rua Fúlvio José Alice estão paradas há quase um mês e ninguém entende o que acontece. Falta informação, sobram poeira, entulhos e incertezas.
No começo de 2017, a Prefeitura de Curitiba chegou a divulgar uma nota informando que a previsão era de que as obras na trincheira fossem concluídas até o fim daquele ano. Porém, até agora, o trabalho continua ou melhor, não continua – – ou melhor, não continua neste exato momento – e os moradores já não acreditam que a trincheira estará pronta até o fim de 2018.
“Já faz três semanas que ninguém mais mexe na obra. Enquanto o trabalho fica parado, o prazo para a entrega vai se aproximando. Com certeza, mais uma vez, a prefeitura vai estender isso”, desabafou Hugo Werneck, de 67 anos. O idoso aposentado disse não entender o motivo de o trabalho ter sido paralisado.
Na bronca
Outros moradores da rua que vai receber a trincheira disseram à reportagem que a obra não anda e já faz um bom tempo. “Anos, na verdade. Mas nos últimos meses tinham começado a trabalhar mais rápido. Só que agora parou de novo. O que a gente quer é entender por que pararam”, comentou uma mulher, que mora ali há 30 anos, mas que preferiu não ser identificada.
A nova trincheira tem como objetivo facilitar o trânsito entre os dois bairros, eliminando o sinaleiro que sobrou e que ainda causa congestionamentos na região. O aposentado Hugo Werneck avalia que, quando a obra for concluída, a situação do trânsito na região vai melhorar. “Realmente a gente acredita nisso, mas a trincheira tem que ser terminada”.
Só transtorno
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Curitiba informou que as obras da Linha Verde na trincheira que liga as ruas Fúlvio José Alice, no Bairro Alto, e Amazonas de Souza Azevedo, no Bacacheri, seguem normalmente, mas não entrou em detalhes sobre a previsão de entrega.
“Na etapa atual, estão sendo feitos ensaios (testes) com o tirante, estrutura que vai ser introduzida nas paredes de contenção para dar início às escavações”, explicou a prefeitura, reforçando que além da escavação da trincheira também faz parte do conjunto de obras outros serviços ao redor das duas ruas, como as alças de acesso e a capa asfáltica de vias próximas.
Desapropriações
Para que a obra da nova trincheira começasse, a prefeitura precisou desapropriar parte dos terrenos das casas que ficam na região das duas ruas principais. À Tribuna do Paraná, um morador contou que ainda não recebeu os valores combinados na época em que foram definidas as indenizações. “Essa obra nos atrapalhou demais, em todos os sentidos, mas não tínhamos muito que fazer, a não ser aceitar a decisão da prefeitura. Acontece que o pedaço do terreno já foi tirado da gente, a obra parou e até agora não recebemos o que foi combinado”, disse Francisco Quispe, de 55 anos, um peruano que mora no local há 20 anos.
Segundo ele as mudanças em sua casa vão ser ainda mais drásticas. “Porque eu tenho um caminhão para o trabalho, que antes tínhamos onde guardar, mas agora com as mudanças não vamos mais poder estacionar mais aqui. Vamos ter que fazer uma obra em casa para conseguir guardá-lo. Pra gente, o quanto antes essa obra ser finalizada, melhor”.
Os recentes bloqueios para a conclusão de uma pista lateral, sentido São Paulo, e reconstrução das alças de acesso da primeira trincheira da região, tem complicado ainda mais o trânsito. Quando estiver pronta, a nova trincheira vai formar um binário com outra que já existe nas ruas José Zogda, no Bairro Alto, e Gustavo Rattman, no Bacacheri.
A intenção das intervenções é melhorar o trânsito na Linha Verde, fazendo com que cada trincheira tenha um sentido na ligação dos bairros. Quando inaugurada a primeira, ela começou com mão única sentido Bairro Alto, mas os moradores fizeram protestos e logo a prefeitura voltou atrás, implementando a mão dupla e mantendo ativo um sinaleiro que hoje está localizado em frente ao Hospital Vita.
https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/curitiba/moco-gigante/