Nem a infinidade de automóveis na rua e todas as implicações para o trânsito da cidade são capazes de evitar a admiração que um carro antigo bem cuidado causa quando transita. Por trás da longevidade dessas raridades, existem aficionados, que levam anos resgatando peças e estudando a estrutura de cada modelo a fim de unir o máximo da originalidade a motores mais potentes.
Desde os 12 anos de idade o representante comercial Niomar Scuissiatto Jr., 46 anos, também conhecido pelo apelido Castilho, ocupa boa parte do seu tempo livre com assuntos relacionados à recuperação de veículos antigos. O interesse foi despertado pelo pai, mas ganhou proporções bem maiores com ele, que participa de duas confrarias e frequenta diversos eventos do setor sempre em busca de informações, peças e novos desafios. “No começo, eu passava o tempo livre na oficina do seu Zé, no Cabral, e lá aprendi muito de mecânica”, recorda.
O primeiro modelo que ele customizou sozinho foi um Pontiac Sedan 1948, ainda na década de 1990. De lá para cá, outros cinco veículos ganharam vida nova graças ao empenho de Castilho. Ele esclarece que os veículos que passam por esse tipo de customização, que surgiu no pós-guerra, nos Estados Unidos, são chamados de Hot Rods. O último veículo pronto por Castilho é um Ford Coupe 1936, que ele não pretende comercializar. “Com toda a valorização desse mercado pela onda retrô e a falta de mão-de-obra, hoje eu gastaria bem mais que o dobro do que investi para conseguir ter um carro igual a esse, ou seja, é bem difícil que eu queira me desfazer, até porque já recusei propostas bem tentadoras”, constata. E a beleza desse carro está tanto na lataria e pintura, quanto na parte mecânica. “Consegui o bloco original do motor, só alterei a potência original de 60 cavalos para 180 cavalos”, comenta.
O próximo projeto de Castilho, já em fase de execução, é um Ford Sedan 1937. Na garagem da casa dele é possível encontrar alguns itens do novo projeto e de outros carros que um dia poderão vir a compor outra relíquia sobre quatro rodas. O grande sonho dele é conseguir recuperar um Ford Coupe 1936 igual ao que ele tem hoje em casa, só que conversível. “Foram bem menos de 4 mil unidades produzidas na época, ele realmente é um carro raro”, atesta.
Castilho admite a sorte de ter encontrado na esposa e na filha a compreensão necessária para poder se dedicar a essa paixão. Ele confessa que apenas uma vez pensou em desistir de tudo. “Estava cansado, porque nem sempre dá tudo certo, principalmente na hora de contratar profissionais especialistas nesse tipo de serviço e que cumpram o combinado. Aí eu peguei todo o meu estoque e descarreguei na casa de outro colecionador, mas depois de um ano já estava arrependido”, explica. “Acabei me conformando que nasci na época errada e, de certa forma, encontrei nesses carros um forma de viver outros tempos”, conclui.