Brincadeira solidária

Foto: Giuliano Gomes

Era apenas para ser uma brincadeira, com o intuito de melhorar o clima organizacional da empresa. Mas desde a primeira edição, a gincana dos funcionários da Econet – uma empresa de consultoria no Bacacheri – já começou grande e com o objetivo principal de ajudar quem precisa. Os funcionários participam de várias provas. Mas para poder participar de cada uma, a “inscrição” são quilos de alimentos, já que o objetivo principal e final é doá-los a pessoas necessitadas. Mas o que impressiona é a competitividade das equipes, que levam a disputa muito a sério e passam o ano se planejando.

Luís Santos, gestor de comunicação, explica que a gincana ocorre há oito anos e já arrecadou 200 toneladas de alimentos. Isto porque a empresa triplica a quantia arrecadada pelos funcionários. Segundo Luís, já são 22 instituições e cerca de nove mil pessoas ajudadas anualmente, na grande Curitiba.

“Briga” acirrada

Foto: Giuliano Gomes
Foto: Giuliano Gomes

A gincana, que ocorre todas as sextas-feiras depois do expediente, entre setembro e dezembro, é um dos eventos mais esperados do ano. Não é obrigatória, participa quem quer. Mas quase todos querem entrar. Há brincadeiras surpresas e provas divulgadas previamente, como o “Grande Perdedor”, em que ganha a equipe que mais perder peso nos três meses de gincana.

A gerente comercial Flaviane dos Santos participou das oito edições. E conta que as equipes fazem “o possível e o impossível”. “Ficamos na frente de mercados fazendo campanha de arrecadação, jantares, bazares, várias coisas. Mas a parte mais legal é poder acompanhar essa distribuição dos alimentos. Um ano teve prova infantil. Levamos brinquedos a uma instituição e fizemos apresentações às crianças. Isso tudo é recompensador, dar um pouquinho de você pra quem precisa”, diz Flaviane, com a voz embargada.

Foto: Giuliano Gomes
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Fabiano de Freitas, gerente comercial, também participa desde o início. “As provas têm conotação de brincadeira, mas a intenção de arrecadação é muito séria, envolve muita gente. É o intuito principal, é o fim da jornada. E aí vem a sensação de dever cumprido”, comenta.

Como forma de incentivar ações sociais como esta, a Tribuna, em parceria com o instituto GRPCom, indicou à Econet três instituições sociais que precisam muito de alimentos. Confira quais são elas e por que elas precisam de doações.

Crianças com câncer

A Associação Paranaese de Apoio à Crianças com Neoplasia (APACN), no Capão da Imbúia, existe há 25 anos e é a primeira casa de apoio do Brasil, para acolher crianças e adolescentes que vêm a Curitiba tratar de câncer. “As crianças eram encaminhadas ao tratamento, mas chegavam aqui e não tinham onde ficar, sem dinheiro para hospedagem e alimentação. Assim surgiu a APACN, para abrigar os pacientes e seus acompanhantes pelo tempo que for preciso”, explica Giovana Ferri, assessora de comunicação da instituição.

A APACN não cobra nada das pessoas que lá se hospedam. Por isto precisa de ajuda de todo tipo, principalmente de alimentos, já que são servidas cinco refeições diárias a estas pessoas. “A alimentação é fundamental, é uma necessidade constante. Toda e qualquer ajuda é bem vinda”, afirma Giovana, que também reforça a necessidade de produtos de higiene e limpeza. A instituição abriga entre 40 a 60 hóspedes diariamente. Funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. Ao ano, são quase dois mil hóspedes só na casa de apoio. A instituição ainda tem um ambulatório e um centro de pesquisas.

Futuro na educação

 Foto: Giuliano Gomes
Foto: Giuliano Gomes

A Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (Acrica), na Vila Macedo, em Piraquara, iniciou suas atividades há 24 anos, oferecendo alimentos às famílias carentes e buscando ensinar alguma profissão aos pais das crianças da região. Mas, com o tempo, o foco da instituição mudou. “O Brasil mudou e o nosso público também. Percebemos que hoje o negócio é educar nossas crianças”, disse a diretora, Maria da Graça Melchiors.

Hoje, a Acrica funciona como escola e contraturno escolar, com turmas de maternal 1 (a partir de um ano) até o 5.º ano do Ensino Fundamental (até 11 anos). Os alunos chegam, tomam café da manhã, estudam, almoçam e vão para as atividades de contraturno, que incluem esporte (taekwondo, tênis de mesa, zumba, etc.) cultura (teatro, literatura, música) e até gastronomia.

“Temos muita atividades extracurriculares. Isso preenche não só o tempo deles, mas traz conhecimento, cultura e baixa a ansiedade que esses jovens têm nessa idade”, diz Graça, orgulhosa de dizer que várias crianças que passaram por lá já fizeram faculdade, se formaram e tomaram um bom rumo na vida.

Contraturno cultural

A Associação Beneficente São Roque, que fica no bairro Guarituba, em Piraquara, está para levar sete crianças da instituição para um intercâmbio cultural nos Estados Unidos. Eles vão passar alguns dias nas cidades de Lancaster e Washington, conhecendo as escolas locais, as igrejas e fazendo apresentações com os instrumentos musicais que aprenderam a tocar nas aulas da São Roque. É uma troca, já que, no ano passado, a associação recebeu crianças americanas, que também vieram conhecer o dia a dia dos jovens daqui.

Sediada num bairro simples, a associação oferece às crianças e adolescentes da comunidade atividades culturais no contraturno escolar. Uma delas é de incentivo à leitura e a outra é musical, com aulas de instrumentos diversos, orquestra (projeto Gato na Tuba), entre várias outras. Além do lanche que é servido à tarde às crianças, a associação também ajuda famílias carentes da região com cestas básicas.

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