Um simples passeio pelo bairro virou pesadelo. É assim que moradores do Atuba estão vivendo nos últimos anos por conta de uma onda de violência na região que parece não ter fim. A lista de problemas é grande e vai desde assaltos até prostituição na parte da noite, principalmente na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes. Os assaltos se tornaram frequentes.
De acordo com dados repassados pela Secretaria da Segurança Pública, do começo do ano até agora foram registrados 76 roubos na região. Entre os casos mais recentes, está o de uma moradora do bairro, de 26 anos. Ela e outras três mulheres foram roubadas quando estavam indo para o trabalho, às 8h da manhã. Elas foram abordadas à mão armada por dois homens e diversos objetos de valor das vítimas foram levados. Somente uma delas fez boletim de ocorrência.
“Eu fui assaltada de manhã e só eu fiz boletim de ocorrência. Eu estava com três outras mulheres que moram no bairro e eles chegaram ao ponto com um revólver. Levaram minha bolsa e aparelhos celulares das outras vizinhas. A sensação é impotência e o medo é constante. A gente sabe que tem perigo na rua, mas de manhã cedo, indo para o trabalho, é ainda mais revoltante”, desabafou.
Além de roubos há também registro de furtos no bairro e somente nesse ano foram 82 casos registrados. A equipe da Tribuna esteve na região e flagrou movimentos suspeitos entre os travestis que se prostituem na região. Essa é uma das principais queixas de quem vive ou passa pelo bairro. De acordo com muitos moradores, os travestis estariam até mesmo traficando drogas. Os vizinhos afirmam que veículos de luxo param na avenida, ficam cerca de 10 minutos, trocam dinheiro com as prostitutas e deixam o local.
Um jovem morador, que não quis se identificar, conta que o sonho da casa nova acabou virando pesadelo. “O sonho de me mudar acabou se tornando uma decepção. Eu sou morador do bairro há dois anos e não imaginava que seria assim. Todos os dias eu encontro preservativos utilizados na Avenida Mascarenhas, garrafas de bebida quebradas, escuto gritos à noite. Tem muita prostituição por aqui e desconfiamos até mesmo de tráfico de drogas”, disse o morador do bairro, que pediu para não ter o nome divulgado.
E na parte da madrugada, que via de regra deveria ter uma movimentação mais tranquila, os problemas se repetem. Tem gente que relata gritaria e até mesmo violência física entre as pessoas que ficam na região para se prostituir ou usar drogas.
Polícia diz estar presente
De acordo com a Polícia Militar, o patrulhamento é feito com frequencia na região do bairro Atuba. A intenção é evitar assaltos e outros crimes. O 20.º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento na área, alega que tem feito rondas preventivas e ostensivas. Eles ainda informaram que recentemente a unidade recebeu novas viaturas que estão sendo aplicadas no patrulhamento ostensivo.
Mas não é isso que moradores ouvidos pela Tribuna do Paraná têm percebido, além disso, alguns casos de homicídio e troca de tiros foram noticiados recentemente. Segundo os relatos ouvidos pela reportagem, o patrulhamento não costuma ser tão frequente como afirma a corporação e a situação está cada vez pior. “Eu não vejo a polícia na rua com frequencia. O bairro tá muito perigoso e esses dias até mesmo um trabalhador da região teve o carro roubado. Eu fico indignado com essa situação. Até quando?”,comentou outro morador.
Além do patrulhamento a PM diz que a Operação Sinergia, em andamento desde agosto deste ano, é feita em toda a Capital e também no Atuba. A intenção é reforçar a presença da corporação para evitar os crimes.
Casos recentes
Dois casos, noticiados pela Tribuna do Paraná, ocorreram próximos à região da Avenida Mascarenhas de Moraes recentemente. No último dia 24 se setembro, uma manhã de domingo, um homem de 24 anos, identificado como Jonathan Alves Batista, foi encontrado morto em um Golf. Na ocasião, o veículo, que era ocupado por 4 passageiros – 3 adultos, e uma criança – foi alvejado enquanto estava parado em um semáforo algumas quadras antes, logo no início da avenida.
Já no último dia 11, três assaltantes foram baleados e um quarto integrante de uma quadrilha acabou detido pela Polícia Militar, após uma troca de tiros em um estabelecimento na Rua Macapá, também próxima da região da Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes. O grupo chegou ao local para cometer um assalto, mas um policial que estava no interior do restaurante agiu no momento oportuno e abriu fogo contra os marginais.