Desamparada, família de funcionária morta no Condor está à mercê da própria sorte

Dona Izabel e Seu Joaquim, pais de Sandra Ribeiro | Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

*Por Daniel Malucelli

A família de Sandra Maria Aparecida Ribeiro, funcionária do Condor assassinada após um cliente se recusar a usar máscara no mercado, está desamparada. Sem assistência da rede de supermercados desde o velório, em abril, pais e filhos da vítima estão sem renda e sobrevivem à base de doações.

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Sandra era o alicerce da casa. Mãe solteira, ela sustentava os dois filhos e os pais, ambos idosos e com problemas de saúde. Na residência, moram Seu Joaquim Ribeiro, de 72 anos, e Dona Izabel Ribeiro, de 70 anos, além do filho mais novo, de 12 anos. Já o filho mais velho, de 19 anos, saiu de casa no mês passado para morar com o pai.

A mãe da ex-funcionária do Condor conta com a ajuda de amigos e vizinhos para não faltar comida na mesa. “Não consigo pagar conta de água, luz. A sorte foram pessoas que nos doaram uma cesta básica. É com isso que estamos vivendo. Nesse momento, a gente está sem chão”, desabafa Dona Izabel.

Por conta da pandemia do coronavírus, Dona Izabel ainda não conseguiu dar entrada na aposentadoria, de pouco mais de mil reais. Nesta semana, parentes da vítima lançaram uma modesta vaquinha virtual para comprar um computador de R$ 1.000,00 para o garoto mais novo poder estudar. As doações alcançaram a meta em poucos dias, mas vão continuar abertas para arrecadar recursos básicos. 

O filho mais novo de Sandra está em estado de choque desde a morte da mãe. “Ele já é quieto e está precisando de um médico ou acompanhamento psicológico. Ele levou um susto muito grande. Se a gente sofreu tanto, imagina a cabeça da criança. Ele está ficando muito agressivo. A gente pergunta e ele não responde. Estou muito preocupada”, conta a avó. 

Sandra morreu aos 45 anos enquanto trabalhava | Foto: Arquivo pessoal

Ex-marido agressor de olho na indenização

Sandra era separada e sofreu violência doméstica nas mãos do ex-marido e pai dos filhos, Marino Rodrigues Pereira. Entre as acusações, estão ameaça de morte e até de colocar fogo na esposa.

Após a morte de Sandra, o pai pediu a guarda do adolescente de 12 anos, mas a Justiça determinou que ele siga com os avós. Desde então, Marino não paga pensão alimentícia ao menino, enquanto o filho maior de idade foi morar com ele, em Fazenda Rio Grande. 

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O escritório dos advogados Igor José Ogar e Diogo Cardoso Mendes cuida da causa da família, com processos que envolvem o ex-marido, Marino Pereira, o Condor e Danir Garbossa, empresário autor dos disparos e preso acusado por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Já o vigilante do mercado está em liberdade.

“O pai era agressor da Sandra. Tem boletim de ocorrência, medida protetiva. Nós ganhamos judicialmente a guarda do filho para os avós. O pai é empresário e não ajudou com nada. A criança está a mercê da própria sorte. O Condor também não tem colaborado com nenhum tipo de assistência. A criança está em um limbo. É revoltante”, explica o advogado Igor José Ogar.

Um primo de Sandra, que prefere não ter o nome revelado, lamenta que o ex-marido e até outros parentes querem tirar proveito da situação, enquanto os filhos e os pais dela passam necessidades. “A família deles é bem simples. A Dona Izabel e o Seu Joaquim são pessoas humildes e ainda tem gente que quer tirar proveito. Estamos ajudando da forma como podemos”, revela.

“Não consigo pagar conta de água, luz. A sorte foram pessoas que nos doaram uma cesta básica”, disse Dona Izabel, mãe de Sandra. Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná.

O que diz o Condor

A reportagem solicitou uma entrevista com o diretor responsável do Condor para falar sobre o caso. A rede de supermercados respondeu através de nota oficial. Eles prometem dar um notebook ao filho de Sandra e uma bolsa de estudos para os dois rapazes. 

“A rede se solidariza com a família da colaboradora Sandra Ribeiro pelo triste incidente causado pelo empresário que se recusou a utilizar a máscara de proteção e esclarece que está mantendo contato com o advogado que representa os avós do filho menor de idade, especialmente para auxiliar na liberação do seguro o mais rápido possível. Também destaca que, até a reportagem entrar em contato, não teve conhecimento dessa corrente para conseguir comprar o notebook, e que vai fornecer o aparelho para o filho mais novo. A rede também vai disponibilizar uma bolsa de estudos para que os dois filhos da Sandra possam cursar a faculdade na Universidade Corporativa da empresa”, diz a nota na íntegra.

Para contribuir com doações para a família de Sandra:

Caixa Econômica Federal
Agência: 0381
Conta poupança: 69926-2
Izabel Ribeiro
CPF: 058.362.169-40


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