É precária a situação do pátio de caminhões do pool de distribuidoras de combustíveis localizado próximo à Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, segundo motoristas que trabalham no local diariamente. Entre as reclamações por parte dos caminhoneiros estão a falta de estrutura para higiene pessoal, o tráfego pesado e sem qualquer organização e sinalização e a quantidade de buracos ao longo da pista. “É um caos completo”, reclama João Luiz Carbonara, caminhoneiro de Lages-SC que faz carregamentos da Repar há 20 anos.
De acordo com Carbonara, o trânsito no entorno do pátio sempre foi desorganizado, mas nos últimos anos piorou. O caminhoneiro não sabe explicar como ainda não aconteceu um acidente mais grave no local. “Há muito tráfego e não estamos num pátio isolado. Aqui é uma estrutura ao lado de uma marginal de rodovia (BR-476 – Rodovia do Xisto) e passa muito veículo particular em meio a centenas de caminhões carregados com combustível. Não sei como ainda não houve um acidente mais grave, já que não há sinalização alguma”, afirma.
Roberto Padilha, que também faz carregamentos de combustíveis há duas décadas, explica que não há qualquer orientação de trânsito aos caminhões que chegam ao local. “Não há placa avisando o sentido das vias e nem marcações na pista orientando as vagas. Tudo é no jeitinho e com isso a coisa vai ficando cada vez pior. Aqui é quase uma terra de ninguém, onde os motoristas vão se amontoando de qualquer jeito. Uma hora o pior vai acontecer”, afirma.
Sindicato: só greve resolve
Segundo Gilberto Amorim, diretor de cargas químicas do Sindicato dos Trabalhadores, Motoristas em Geral e Ajudantes de Caminhos do Paraná (Sintracarp), a situação do pátio do pool de distribuição de combustíveis em Araucária é antiga. Ele afirma que a classe já tentou de diversas maneiras melhorar as condições de trabalho no local. “Já fizemos protestos, reuniões com a Repar e as revendedoras e até formalizamos uma denúncia no Ministério Público, mas nada resolveu. Acredito que só realizando uma paralisação para as instituições envolvidas tomarem conhecimento do caos que está naquele pátio. Só assim”, alerta.
Falta banheiro e alimentação
O motorista Luiz Carlos Soares trabalha há dois anos com carregamentos no local e conta que a estrutura oferecida aos caminhoneiros não é o suficiente para a quantidade caminhões que passam todo o dia por lá. “Cerca de 700 caminhões vem todos os dias pra distribuidora pra carregar. Mas não tem espaço e nem estrutura pra todo mundo. Temos apenas dois banheiros e alguns chuveiros. A estrutura é de 20 anos atrás e não evolui com o tempo”, diz.
Dnit promete melhorar o tráfego
A Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) afirma que está em andamento a elaboração de um projeto para readequar o tráfego na BR-476, entre os acessoa à Repar.
“O projeto prevê elevação da pista dupla local entre o pátio de abastecimento de combustíveis e o abastecimento de gás, constituindo-se num viaduto com retorno nos dois sentidos na parte de baixo”, diz nota enviada pelo órgão.
A expectativa é que o projeto seja finalizado em abril. Depois, as obras previstas ainda precisam ser licitadas. Não há um prazo definido para que as melhorias fiquem prontas.
Estrutura
O pátio de distribuição é operado por um pool de empresas, que é responsável pela manutenção das estruturas internas, como os banheiros utilizados pelos caminhoneiros. Fazem parte do pool as empresas BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen. Segundo a BR Distribuidora, a administração desse pátio está sob responsabilidade da Raízen, que reúne a Shell e a Cosan. A Tribuna entrou em contato com a empresa, que não se manifestou até o fechamento da reportagem.
A Petrobras, por sua vez, negou responsabilidade sobre o pátio. “A Petrobras esclarece que o pátio em questão é utilizado para abastecimento de caminhões que compram das distribuidoras e não pertence à estrutura da Repar. Os caminhões que carregam diretamente na Repar contam com a infraestrutura da refinaria”, informou, em nota.
Redação
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