Segurança na travessia deveria ser um quesito imprescindível para a liberação do tráfego de veículos em uma ponte. Porém, não é isso que se verifica na estrutura de madeira sobre Barragem do Rio Verde, no limite entre os municípios de Araucária e Campo Largo. Em 281 metros de extensão, há duas fendas, uma de três metros e outra de quatro metros, que testam a habilidade dos motoristas que cruzam um caminho bastante usado por quem trafega na região.
Os dois buracos citados são consequências inevitáveis da série de remendos que as autoridades responsáveis pela manutenção se acostumaram a fazer ao longo da história da ponte, construída na década de 70, em parceria com a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras.
A omissão das prefeituras dos dois municípios e órgãos do governo do estado se mantém mesmo com um histórico de acidentes na região. “Vira e mexe alguém tomba na ponte. Até interditam quando os buracos ficam muito grandes, mas é só para remendar”, conta a auxiliar de farmácia Letícia Weceloski, 38 anos, que reside na Colônia Casimiro, em Araucária, há mais de 30 anos. “É o acesso mais rápido para Campo Largo, mas ninguém assume a responsabilidade de conservar ou construir outra de concreto, que seria a solução ideal para o peso dos veículos que circulam por aqui”.
“Moro em Araucária e tenho lavoura em Campo Largo. Não posso fazer todo dia o caminho mais longo de trator, fica muito caro. O que seria bom para a população era construir uma ponte de concreto”, defende o agricultor Márcio Darci Wiezbicki. “Já pedimos várias vezes pela obra, mas depois de tantos anos tentando, desanimamos, apesar de continuarmos correndo risco todo dia”, reconhece.
O caminhoneiro Ademir José Dogenski, 36 anos, diz que a cada 15 dias deixa o município de Bateias para atravessar uma carga de areia e pedra pela ponte entre Araucária e Campo Largo. “Tenho medo, tanto que de noite eu não passo por aqui, mas de dia acabo atravessando porque é o caminho mais curto”, justifica. “Se meu caminhão fosse truck, não atravessaria, porque aqui é perigoso”, afirma o caminhoneiro.
Solução fora dos planos
A Tribuna entrou em contato com as prefeituras dos municípios envolvidos e com a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), que confirmaram não haver qualquer projeto ou estudo para viabilizar uma solução efetiva, em termos de segurança, para a travessia na Barragem do Rio Verde.
A prefeitura de Araucária, por sua vez, explicou que o município vive um momento de contenção de gastos por conta da queda na arrecadação tributária, mas que também pode vir a discutir uma parceria. Já a Comec não possui qualquer projeto para a barragem até o momento.
A Petrobras também foi procurada, uma vez que a Prefeitura de Campo Largo mencionou a empresa. Em nota, a assessoria disse que “a ponte foi construída na década de 1970 com contribuição da Petrobras e, desde então, está sob domínio público, sendo utilizada no trânsito entre os municípios de Araucária e Campo Largo, não cabendo à Petrobras a sua manutenção”.