Lendas urbanas e contos sobre o Interbairros II, por Luciana Mallon

Átila Alberti / Tribuna do Paraná

A série “Se o Interbairros II falasse” mobilizou os curitibanos nas semanas que antecederam o Aniversário de Curitiba. Os leitores da Tribuna do Paraná foram convidados a enviar suas histórias e causos ocorridos dentro do busão mais icônico da capital. Recebemos uma série de relatos divertidos, apaixonados e encantadores. E também recebemos algumas lendas urbanas de Curitiba.

A repentista e pesquisadora Luciana do Rocio Mallon topou o desafio e nos enviou alguns contos/lendas sobre o Interbairros II. Agradecendo a participação da artista, compartilhamos agora com nossos leitores.

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“Gato ou celular?”

“Lembrei-me do dia em que levei minha gata de estimação, às escondidas, num ônibus para uma consulta veterinária, já que eu não dirijo e, raramente, tenho dinheiro para táxi. Bem, como eu sabia que transportar bichos nos coletivos era proibido, logo, coloquei a gata numa caixa grande e enrolei o objeto com um pano leve. Mas, minha mãe perguntou:
– O que você fará se a gata miar?
Eu respondi:
– Eu falarei para as pessoas que o meu celular tem a campainha com som de felino.

Deste jeito tomei o ônibus. Paguei a passagem, normalmente, e ainda comentei comigo mesma em voz alta:
– Esta caixa cheia de doces está embrulhada com um pano suave para não tomar sol.

Então, sentei-me no último banco e notei que as pessoas não repararam que havia algo de errado. Desta forma desci no ponto onde havia a clínica veterinária e minha gata foi consultada.

Porém, a situação não foi cômoda com meu amigo que tentou transportar seu papagaio, dentro da gaiola embrulhada com um pano suave, no ônibus. Pois, no meio da viagem, a ave começou a gritar palavrões com aquela voz de taquara rachada típica de papagaio:
– Filho da *&¨% “ !

Eu que estava acompanhando o pobre, tentei contornar a situação exclamando:
– Gente, é o celular dele!

Mas, uma criança arrancou o pano e gritou:
– Não é telefone, nada!
– É um papagaio!

Assim, meu colega e seu bichinho foram expulsos do coletivo”.

“A velhinha do crochê”

“Dizem que nos anos 90, uma idosa comprou uma sacola com vários novelos de crochê e agulhas novas. Então, ela entrou no ônibus Interbairros II, sentou e começou a tricotar. De repente, esta senhora teve um derrame e faleceu dentro do ônibus. Porém as pessoas não recolheram sua sacola.

Em 2014, um rapaz, entrou no Interbairros II e avistou uma sacola com material de tricô e crochê no chão. Porém notou que a nota fiscal tinha a data de 1998. No meio da sacola, o moço encontrou uma foto 3 X4 de uma idosa com o nome Helena escrito atrás. Após isto, ficou admirando um novelo da cor azul turquesa. Assim ele comentou em voz alta:

– Eu queria tanto um suéter desta cor!

Depois ele fotografou o material encontrado e postou os retratos nas redes sociais atrás da dona dos objetos.

Na semana seguinte, este homem foi ao enterro de um primo. Porém ao passar em um túmulo avistou a foto de uma idosa parecida com o retrato 3X4, que estava na sacola de crochê e notou que havia o nome Helena, em bronze, no mesmo túmulo. No dia seguinte, o moço pegou a sacola, foi ao cemitério e deixou o material em cima daquele túmulo.

A noite, quando ele chegou a sua residência, viu que em cima da sua cama havia um suéter azul, com um bilhete escrito:

– Obrigada por entregar meu material!
– Aceite este suéter como retribuição.

Reza a lenda que a pessoa que encontrar uma sacola, no ônibus Interbairros II, deve entrega-la ao túmulo de Helena. Pois se fizer isto ganhará uma roupa feita de crochê ou tricô”.

“Defensor canino”

“Um crime que está aumentando em Curitiba é o arrastão dentro dos ônibus. Os bandidos atacam, principalmente, entre as seis da manhã até às oito horas e, também, das cinco da tarde em diante. Pois são os horários em que as pessoas estão indo ao trabalho e voltando dele.

Na capital do Paraná, existem cães abandonados que muitas vezes dormem em estações-tubos e em terminais de ônibus. De vez em quando, eles entram nos coletivos e fazem um passeio sem agredir ninguém.

Há dois anos um cachorro destes apareceu num coletivo e ficou quieto na parte de trás. De repente, um bandido entrou no ônibus e apontou a arma para o cobrador. Como um raio, o cachorro pulou para frente e mordeu o braço do meliante, que soltou a arma e se jogou para fora do coletivo. Depois descobriram que o revólver era de brinquedo.

Há uma lenda que diz que cachorro é um anjo de quatro patas e este fato provou isto. Então quando avistar um cão dentro de um ônibus, não trate mal. Pois afinal ele pode proteger as pessoas honestas contra os assaltantes”.

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