O sistema de transporte coletivo é praticamente um ponto turístico móvel em Curitiba, um patrimônio local. A população da cidade até pode falar mal e reclamar da superlotação do serviço, mas enche o peito de orgulho ao ouvir os elogios que costumam ouvir dos turistas.
Regulamentado em 1955, o sistema de transporte coletivo de Curitiba passou por diversas inovações ao longo dessas seis décadas e se desenvolveu juntamente com o crescimento da cidade, baseado nos eixos estruturais da capital paranaense: Norte/Sul (Santa Cândida/Pinheirinho), Leste/Oeste (Centenário/Campo Comprido), Boqueirão e eixo Linha Verde (Pinheirinho/Praça Carlos Gomes).
Implantado em setembro de 1979, o Interbairros 2 foi a primeira linha do Interbairros a funcionar em Curitiba, cruzando 28 bairros na época. O objetivo era permitir aos passageiros o deslocamento rápido para regiões opostas da cidade sem a necessidade de passar pelo Centro. Foi o início da integração física e tarifária, com o usuário pagando uma única passagem.
O professor de Planejamento de Transporte e Transportes Públicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Garrone Reck, analisa as mudanças pelas quais Curitiba passou nos últimos 40 anos e comenta que, nesse período, ocorreram poucas mudanças na linha do Interbairros 2, uma delas foi a implantação do Ligeirinho Inter 2, que acabou por atrair boa parte dos passageiros. “Quando o Interbairros 2 começou a operar, a cidade tinha uma configuração de espaço e a demanda da rede era diferente. Hoje a realidade é outra e a linha de ônibus sofreu poucas alterações”, enfatiza, lembrando que a população da cidade praticamente dobrou desde 1980, quando a cidade contava com pouco mais de 1 milhão de habitantes e hoje está perto de 2 milhões.
Reck aponta a diferença no número de passageiros ao longo do trajeto. Basta fazer todo o itinerário do ônibus para perceber o aumento na quantidade de usuários entre o Terminal do Capão da Imbuia e o do Campina do Siqueira. Já a partir dali até o Terminal do Cabral o ônibus circula com um número reduzido de pessoas, mesmo nos horários de pico.
Atualmente, a Urbs utiliza 30 veículos ao longo do dia, entre modelos articulados e híbridos, para atender a demanda de passageiros da linha Interbairros 2. O gestor de Operação do Transporte Coletivo da Urbs, Ismael França, explica que o dimensionamento dos veículos é feito com base no trecho de maior movimento, que, no caso, é o percurso entre os terminais do Capão Raso e do Campina do Siqueira. “O desafio é manter a qualidade do serviço durante todo o trajeto”, afirma.
*Reportagem: Daniele Blaskievicz
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