Uma das memórias que Luciano Rodrigues Farias, 41 anos, tem de sua infância é do motorista de ônibus que, a cada Natal, preparava uma surpresa para os pequenos passageiros que circulavam por Curitiba. A data virava uma comemoração antecipada entre os passageiros e desconhecidos que celebravam o nascimento de Jesus ao redor do condutor vestido de Papai Noel que distribuía doces às crianças e alegrava passageiros de todas as idades.
Em 2016 e, coincidentemente trabalhando como motorista de ônibus, conduzindo o Interbairros 2, reservou uns trocados, comprou doces e alguns enfeites. Depois, convocou a esposa Magna Regina e a filha Ketllyn, hoje com 19 anos, para uma força-tarefa: decorar o coletivo da melhor forma possível para comemorar o Dia das Crianças.
Para ele, o resultado foi tão gratificante que o projeto foi ampliado. Natal, Páscoa e Dia das Mães passaram a fazer parte do calendário oficial do motorista, que há cerca de um ano deixou o “Verdão” para conduzir o biarticulado no trajeto Centenário-Campo Comprido. “Hoje as pessoas já sabem da iniciativa e, independentemente da linha em que eu estiver trabalhando, elas querem participar e registrar”, relata o motorista, que circula pela cidade todo caracterizado, conforme a data.
Além do apoio e da ajuda da família, que sempre no dia do evento começa a arrumar o veículo ainda na madrugada, Farias ganhou alguns parceiros. São pessoas, que, de forma solidária, ajudam a causa. Alguns contribuem com valores em dinheiro, outros com pacotes de balas e doces para montar os mais 300 kits que ele distribui à criançada que embarca no coletivo. O resultado é um dia trabalhando exclusivamente para fazer os passageiros mais felizes.
Quase como uma promessa a ser cumprida, não há justificativa para Farias deixar de realizar a ação. No ano passado, com a esposa e o filho Wesley Cauã recém-nascido ainda na maternidade, deixou-os aos cuidados de familiares para poder se transformar no Coelho da Páscoa do transporte coletivo de Curitiba.
A próxima ação já está agendada: será no dia 31 de março, véspera de Páscoa. “O retorno é muito grande. Hoje as pessoas já ficam na expectativa para andar no ônibus”, comenta o motorista, que já interrompeu férias e perdeu dia de folga para ter a oportunidade de ver o brilho no olhar dos pequenos passageiros.
*Reportagem: Daniele Blaskievicz
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