Acontece de tudo dentro do Interbairros II. As paqueras, os picaretas, os dorminhocos. Mas também tem gente resgatando cachorro e até a “Maria Louca’. Confira mais histórias que os leitores da Tribuna do Paraná´mandaram para o especial “E se o Interbairros II falasse“.
Histórias inusitadas
“Lembro até hoje. Todos os dias pegava o Interbairros II e seguia trabalhar. Entre um ponto e outro, após várias paradas, entrou um senhor todo importante bem perfumado com terno e gravata muito bem alinhados, portando uma mala tipo 007. Aquelas quadradas de executivo, de couro, com travinha de pressão dourada na parte de cima. Sentou-se ao meu lado no final do ônibus, no último banco, de frente para o corredor. Em dado momento o motorista precisou frear numa parada brusca e a mala deste senhor escorregou e caiu no corredor do ônibus, abrindo e saltando lá de dentro um tipo de bola de pano, a qual envolvia uma marmita de alumínio redonda. Com a queda a marmita foi rolando pelo corredor em direção ao cobrador, derramando comida pelo chão. Era só risos dos passageiros, que viram a cena e o homem todo vermelho de vergonha. Muito rápido ele se levantou, apertou a campainha sem sequer olhar para os lados e, cabisbaixo, desceu assim que o ônibus parou. A impressão que dava é que ele queria pular do ônibus. Deixou a marmita para trás e o pessoal continuou rindo sem parar. Não deu para aguentar sem rir. Se eu o encontrasse novamente, juro que pediria desculpa e devolveria também a marmita”. José Lecil Carvalho.
“Em meados de 1993 a 1997 eu utilizava muito Interbairros II e sempre tinha uma mulher que apelidaram de ‘Maria Louca’ do Inter II. Ela não deixava ninguém em paz, principalmente os rapazes. Dava cantadas, dizia que era noiva deles e as vezes xingava, mas não fazia nenhum mal a ninguém. Eram momentos de muita risada”. Andréa Otero.
“Em 1983, eu estava tirando o serviço militar na época. Era 5h, um dia chuvoso e muito frio. Todos os vidros estavam fechados e o ônibus super lotado. Eu estava em pé e justo naquele dia estava com um problema de gases infernal. Estava ali me contorcendo de dor e torcendo para o ônibus chegar no meu ponto, mas estava a uma hora de distância do meu destino. De repente um sujeito que estava tagarelando bem pertinho de mim (ele falava pelos cotovelos). Então ele disse: ‘Imagina alguém soltar um pum agora, com esse ônibus lotado e os vidros fechados?’. Falou e riu gostosamete. Essa foi a minha deixa e o momento tão esperado chegou. Deixei os gases saírem lenta, mas constantemente e senti aquele alívio maravilhoso. Coitado do cara. Ele foi crucificado e ‘porco miserável’ foi a palavra mais linda que ele ouviu naquele momento. O pobre teve que descer do ônibus no próximo ponto e eu ali firme até o quartel, sem dores, feliz e ouvindo os comentários sobre o ‘porcão’ que havia descido. Foi sacanagem, mas foi uma emergência. Nunca mais encontrei o sujeito para agradecer a ajuda que ele me deu”. Jeff Condol.
“Naquele dia eu tinha ganhado vagas para castração gratuita da prefeitura para o dia seguinte. Enquanto esperava o Interbairros II no ponto de ônibus, à noite, lá pelas 23h, apareceu uma cadela linda, de pelos arrepiados, cor caramelo, porte grande e bem sapeca. Ela pulou do nada. Sem pensar duas vezes, a peguei e implorei para o motorista para entrarmos juntas. Depois de muitas tentativas, ele deixou a gente entrar e ficamos quietinhas no fundo do ônibus. São poucos motoristas e cobradores de bom coração. Final da história: cadela castrada e adotada com amor por uma família”. MCLM.
“Diariamente usava o Interbairros II num horário de pico. Sentei ao lado de uma menina que estava pálida. Abri minha mochila e peguei um livro para ler, enquanto a menina ao lado começou a ter ânsia. Para tentar diminuir seu constrangimento, tirei uma sacola plástica para que ela pudesse vomitar e também para não me sujar. Para minha surpresa, a menina tirou de dentro da sua mochila uma panela de pressão e sem nenhum pudor vomitou intensamente. O cheiro se espalhou pelo busão inteiro”. Pedro Jose Trentin.