“Causos” do Interbairros II: amores, risadas e muita história pra contar

Onibus Interbairros II trafegando na chuva. Foto: Marco Charneski / Tribuna do Paraná

Contar boas histórias. Essa sempre foi uma das principais características da Tribuna do Paraná. Para comemorar os 325 anos de Curitiba, nós convocamos os leitores a compartilhar suas experiências a bordo do Interbairros II, este ícone das ruas curitibanas.

No suplemento especial “Se o Interbairros II falasse” publicamos de tudo um pouco. Histórias engraçadas, de amor, de longos cochilos e solidariedade. Tudo acontecendo bem ali, exatamente onde estão os leitores.

Dos bancos do “busão” até as bancas de jornal – e aqui, na internet também – seguem alguns dos relatos escolhidos pela nossa equipe para contar os “causos” do Interbairros II. Em nome da Tribuna do Paraná, Muito obrigado a todos que mandaram suas histórias!

Ficção ou realidade? Leia algumas lendas e crônicas sobre o Interbairros II

“Bronca de pai”

Celso Raseira
Celso Raseira

“Não lembro a data, mas na inauguração do Interbairros eu morava na Rua Jacarezinho, bem no caminho da nova linha. Era novidade total e despertava curiosidade em todos os curitibanos. Eu estudava no Colégio Estadual a noite e pela manhã fazia cursinho no Bardal. Naquela manhã, ao sair para a aula, sem vontade nenhuma e com um ponto bem em frente de casa, resolvi dar um passeio pela cidade. Entrei naquele ônibus diferente, todo verde, e iniciei o primeiro tour de minha vida naquela novidade. Passei por bairros totalmente desconhecidos para mim, ruas de que eu nunca tinha ouvido falar, e imaginava a hora que teria que descer pra ajudar o motorista, abrindo alguma porteira, por exemplo. Sentado lá no fundão, no último banco, apreciava a viagem completamente despreocupado por estar faltando a aula e sabendo que meu pai nunca ficaria sabendo. Em determinado momento, ao parar num ponto qualquer no caminho, vejo dois senhores embarcando pela porta da frente e conversando com o motorista. Um deles portava um máquina fotográfica e de lá começou a fotografar o interior do ônibus. Tirou umas 4 ou 5 fotos, desceu e o ônibus continuou a viagem. Depois de duas horas me vejo novamente em casa, satisfeito de conhecer um pouco mais minha cidade e ter matado a aula chata daquela manhã. Meu pai, é lógico, nada sabia da minha aventura. No dia seguinte, após voltar da aula, encontro meu pai me esperando, danado da vida, com Tribuna do Paraná na mão, da qual ele era leitor assíduo. Começou a me perguntar porque eu havia matado aula no dia anterior. Sem entender nada, ele me mostrou na primeira página da Tribuna uma matéria sobre a inauguração da linha, com uma foto do interior do ônibus, comigo estampando a página, lá no fundo do ônibus”. Celso Luiz Raseira.

Você sabia que o Interbairros II foi o cupido de um casal muito feliz? Leia mais!

 “Esqueceram de mim”

Bárbara Xavier
Bárbara Xavier

“Muita coisa já aconteceu comigo no Interbairros II. Uma vez eu estava aguardando a chegada do ônibus no terminal Campina do Siqueira, pois estava na hora de eu ir para casa. Já passava das 19h quando ele chegou e embarquei. Não estava cheio, mas estava bem frio. O motorista embarcou, ligou o motor e logo veio aquela frase: ‘porta fechando’. E saiu. Dois pontos depois, já na Mário Tourinho, entrou uma passageira disposta a fazer o pagamento em dinheiro quando de repente, vocês não vão acreditar… o cobrador não estava ali. Gente, o motorista havia esquecido o cobrador no terminal. Foi riso pra todo lado. Então o que o motorista fez?! Resolveu voltar, pois não tinha escolha. Então ele conseguiu, com toda delicadeza, fazer a manobra de retorno em plena Mário Tourinho. Só ele mesmo para parar aquele trânsito em dia de semana. Para nossa sorte o cobrador estava vindo atrás, na linha Inter ll, e o problema foi resolvido. Nunca vou esquecer. O pior é que não pude comentar o fato com ninguém, pois naquele dia havia faltado trabalho para esfriar a cabeça andando pela cidade, trocando de ônibus, de terminal em terminal”. Bárbara Xavier.

“Caneta de R$ 5 mil”, “Beliche no Busão” e “Cobradora Despertador”

“E a Neide?”

Alisson Correia
Alisson Correia

“Uma vez estava voltando do trabalho, quando ainda trabalhava no Campina do Siqueira, e vi duas mulheres conversando, falando da vida alheia. Pro meu ‘azar’, nesse dia eu estava sem o fone de ouvido e tive que ouvir a história da Neide, uma vizinha muito namoradeira de uma delas. No começo eu nem estava prestando muito atenção, até que no decorrer da história, a coisa foi ficando interessante a ponto de todas as pessoas que estavam envolta ficaram em silêncio pra ouvirem a história da tal da Neide. Chegando na melhor parte, uma das senhoras desceu do Interbairros II e falou pra amiga dela que contaria o final da história no telefone pra ela mais tarde (acho que ela percebeu a curiosidade de todos ali kkkkk). Enfim, fiquei com uma raiva daquela senhora por não saber o que a Neide aprontava, que prometi que nunca mais sair de casa sem o fone de ouvido. Quem manda ser curioso rsrs”. Alisson Correia.

Leia mais histórias: “Esqueceram de mim”, “Super Mario” e “E a Neide?”

Jair Schwartz
Jair Schwartz

“Jornada de camarote”

“Tenho hoje 51 anos e houve um tempo em que colocaram na linha os articulados marca Scânia, com o motorzão ao lado do motorista (‘Que ronco tinha aquele motor’). Neles havia dois banquinhos também na frente, logo depois da primeira porta, bem ao lado do motorista. Era o banco do motorista, o motor do lado e os dois bancos bem na frente para o parabrisas. Eu chegava a dar duas voltas completas no traçado do ônibus só pra andar naqueles banquinhos, sempre no da frente. Hoje isso é loucura, mas naquele tempo era a realização de um desejo só meu”. Jair Schvartz.

“Cuidando da gente”, “Guia improvisado” e “Jornada de camarote”. Já leu essas?

“Busão da Sorte”

Murillo Jordão
Murillo Jordão

“No final de 2015 eu estava com algumas dificuldades financeiras. Um dia, perto do ano novo, saí para trabalhar, mas estava um pouco atrasado. Tinha alguns reais no bolso e queria jogar na Mega-Sena da Virada, mas estava sem tempo e não queria me atrasar para o trabalho. No caminho até o ponto pensei comigo: ‘Se eu perdesse o Interbairros 2 eu iria até a lotérica e jogaria. No mesmo momento o ônibus passou e eu o perdi. Fui até a lotérica e fiz o jogo. Não é que eu acabei acertando a quadra e ganhando um dinheiro que me ajudou naquela época”Murillo Nycolas Ribeiro Hennemann Jordão

Os 75 bairros de Curitiba viraram música. Você já ouviu? Venha conhecer.

Caroline Andrade
Caroline Andrade

“Amor à primeira vista”

“Todo dia voltando do trabalho, por volta das 19:10, pego o Interbairros II, no sentido Capão Raso, e encontro um menino muito lindo. Ficamos só trocando olhares, mas nunca tive coragem de pedir o telefone e nem ele o meu. Acho que foi amor à primeira vista, apesar de eu não acreditar muito nisso. A única coisa que sei dele e que trabalha no Grupo Barigui. Ainda tenho esperanças de que algo aconteça entre nós”. Caroline Lopes de Andrade

Seu Ivando Campos: Uma lenda vida do Interbairros II

 “007 Marmiteiro”

Samael
Samael Corrêa

“Ano era 1988. Eu estava, como todos os dias, no Interbairros II, no Pilarzinho, sentido Cabral. Como todo os dias, encontrava aquele rapaz de terno e gravata portando uma mala do tipo 007. Sempre achei que fosse um advogado ou algo parecido, e que na mala deveriam ter documentos, ou sei lá o que. Certo dia, ele estava em pé, segurando com uma das mãos. Na altura da Holanda, com a Nossa Senhora de Nazaré, o ônibus virou bruscamente, a mala bateu num tubo do ônibus e abriu. De lá saiu uma marmita, daquelas chatinhas, e lá se foi o feijão, o arroz e o ovo. No primeiro ponto a seguir ele puxou a campainha, o motorista abriu a porta, ele meteu uma bicuda na marmitinha e desceu. Nunca mais o vi no ônibus. Deve ter ficado muito envergonhado”. Samael Corrêa.

“O flerte”, “os crushes” e “os amores” do Interbairros II

https://www.tribunapr.com.br/cacadores-de-noticias/aniversario-de-curitiba-2018/vida-acontece-dentro-do-interbairros-2/

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