Desde ontem, quem utiliza indevidamente a faixa exclusiva de ônibus na Rua XV de Novembro está sujeito a multa. Mas no primeiro dia de fiscalização pra valer, não faltaram flagrantes de infrações. A Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) não divulgou um balanço e os agentes também admitiram autuar apenas os casos em que a orientação não evitou o descumprimento do Código Brasileiro de Trânsito, que proíbe “transitar na pista da direita, quando exclusiva para determinado tipo de veículo”.

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Ao longo do trecho entre a Avenida Nossa Senhora da Luz e a Rua João Negrão, o que ficou evidente foi o fato de que os pontos de congestionamento reuniram os casos mais graves de descumprimento da lei, enfraquecendo o argumento em torno da “falta de informação”. No cruzamento com a Rua Presidente Rodrigo Otávio, no bairro Alto da XV, vários veículos e motos foram observados invadindo a faixa exclusiva quadras antes do trecho pontilhado de 20 metros que permite a entrada de veículos que irão fazer a conversão à direita.

Mas houve casos ainda mais graves de desrespeito e imprudência. A Tribuna testemunhou o momento em que um motociclista invadiu a faixa exclusiva de ônibus na contramão para entrar à esquerda na Rua Professor Ângelo Lopes. Coincidentemente, tais cruzamentos integravam o percurso da Rua XV de Novembro com mais pontos de congestionamento na tarde de ontem.

Além de terço da rua ser reservado para os ônibus, a falta de sincronia dos semáforos que abrangem a área entre os cruzamentos com as ruas Camões e Padre Germano Mayer e, mais adiante, entre as ruas Atílio Bório e José de Alencar colaboraram para a combinação arriscada de trânsito lento e imprudência. A assessoria de imprensa da Setran explicou que alguns semáforos estão fora de sincronia porque levam alguns dias para funcionarem dentro do Sistema Integrado de Monitoramento.

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Nas próximas semanas deverão ser instalados pares de radares que, no caso de detectarem o mesmo veículo em dois pontos de um intervalo proibido da faixa de ônibus, vão multar os infratores. O Código de Trânsito Brasileiro classifica como leve a infração, ou seja, o motorista é punido com menos três pontos na carteira e uma multa no valor de R$ 53,50.

Riscos

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Adiante, no Centro, outro gargalo é na quadra entre as ruas Conselheiro Laurindo e João Negrão. Como uma faixa é para o ônibus e a outra fica tomada pelo espaço de embarque e desembarque do hotel Mabu Curitiba Business, o fluxo de veículos afunila para a faixa central. O problema é que muitos motoristas descem embalados e não mudam de faixa, deixando em risco funcionários e hóspedes. A assessoria de imprensa da Rede Mabu, em nota, acrescentou que “muitos acidentes ocorreram nas proximidades do hotel” e que está cobrando providências às autoridades.

Lento pra uns, rápido pra outros

O motofretista Jorge Goulart conta que faz pelo menos quatro viagens por dia passando pela Rua XV de Novembro. “Desde que iniciou a faixa exclusiva, enfrento um trânsito mais lento e ficou bem estreito para passar”, avaliou. Além disso, como nem todos os estabelecimentos possuem remanso, ele perde tempo procurando ruas para deixar a moto e na caminhada até o endereço desejado.

Os motoristas de carros também se ressentem da lentidão e do risco de multas. Para sair do supermercado que fica entre as ruas Atílio Bório e José de Alencar, o gestor em negócios Renato Luhr de Oliveira aponta vários gargalos. “É preciso atravessar a faixa de ônibus para entrar na central e, em seguida, entrar na área pontilhada para virar à esquerda. Ficou confuso fazer esse zigue zague. Aumento o risco de multa”, avaliou.

O único satisfeito era o passageiro Dirceu Massanti, que aguardava a linha Piraquara – Curitiba. “Aqui não ficamos mais presos no engarrafamento. Poderia estender a faixa até o viaduto da Avenida Victor Ferreira do Amaral”.

A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) projeta que o tempo de deslocamento da maioria das 12 linhas que trafegam no trecho diminuiu em 30%. Porém, aguarda o fim das férias escolares antecipadas pela Copa do Mundo para fazer um estudo com base no fluxo normal. A Urbs informa ainda que, dependendo do impacto da medida, a faixa exclusiva poderá ser estendida para a Avenida Victor Ferreira do Amaral.