Do menino Jesus aos animais, passando pelos Reis Magos, São José e Maria, todas as imagens e alegorias utilizadas no presépio montado ao ar livre em frente ao Santuário Perpétuo Socorro, no bairro Alto da Glória, permaneceram intactas desde o dia 20 de novembro, quando ele foi inaugurado. Para evitar assaltos e vandalismo, além da fé, a comunidade se envolveu diretamente na vigilância do local e passou a se revezar uma ou mais noites no plantão do presépio.
Veteranos ou estreantes, os vigilantes demonstram muita vontade em participar dessa empreitada, que surgiu após os roubos em anos anteriores de algumas peças. A assistente de Recursos Humanos, Andréia Berdack, 25 anos, e o namorado, o metalúrgico Erick Salles Bina, 25 anos, escolheram uma sexta-feira para colaborar. “Queríamos muito ajudar, mas quando chegamos à secretaria do santuário para escolher os dias, vimos que muitas pessoas também já haviam reservado várias datas para ajudar e restou a sexta-feira”, conta Erick. “Além de evitar que as imagens sumam é mais uma forma de retribuir, preservando algo tão simbólico, o que nos move é a devoção a Perpétuo Socorro”, acrescenta Andréia.
Mais veterano, o vigilante Simião Firmino de Abreu, 59 anos, conta que aproveita a experiência profissional para fazer algo em prol da fé. Normalmente, ele é o primeiro a chegar, entre 18h e 19h, e o último a sair, por voltas das 8h. “Quando a missa é das 7h, saímos antes. Eu fiz umas cinco noites neste ano e gosto muito de ficar aqui e dedicar esse carinho pela igreja”. Outra voluntária, a advogada Amanda Paulin, 27 anos, confessou que o grande desafio era superar o sono. “Tirei um cochilo antes para driblar o cansaço, mas vale a pena por fé, carinho e esse sentimento de doação que a comunidade deveria sempre alimentar”, defende. A saída é recorrer ao café que o Santuário disponibiliza todas as noites para os vigias voluntários.