Remédio dolorido

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Esconder o celular e a chave do carro, caminhar com passos rápidos e ficar atento a todas as pessoas que passam ao redor. Esses detalhes fazem parte da rotina de quem chega ou sai do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o conhecido HC. Localizado no Alto da Glória, em Curitiba, o local é referência nacional na área de saúde, mas seu entorno se tornou cenário para assaltos à mão armada, arrombamentos e outros crimes que assustam a população.

“O problema é bem grande, pois muitos alunos residentes, funcionários e pacientes estão sendo vítimas da criminalidade aqui na região. Em apenas uma semana no mês de maio nós tivemos três casos graves ao redor do hospital e situações assim são frequentes”, lamenta uma colaboradora do HC, que prefere não se identificar.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Átila Alberti

Segundo ela, entre esses casos está o de um colega que foi assaltado e agredido. “O rapaz estava chegando para trabalhar por volta das 7h, quando foi abordado por um homem armado. Esse bandido queria o carro dele, mas, antes de levar o veículo, bateu no nosso amigo, quebrou seu dedo e até um dente”.

Além desse caso, outras duas jovens foram vítimas dos bandidos no momento em que entravam no carro. “Nós chegamos e saímos do trabalho com muito medo porque temos que estacionar nossos veículos nas ruas ao redor da General Carneiro e todas as vias por aqui são alvos de criminosos. Esperamos que algo seja feito antes que aconteça o pior”, pede a funcionária.

Assim como ela, a enfermeira Cheila das Neves, 31 anos, também sente medo ao chegar no local. “Eu venho aqui acompanhando algumas pacientes e já fui assaltada no ponto de ônibus. Nunca vou esquecer o sentimento de terror que tomou conta de mim quando o rapaz chegou pra roubar minha bolsa”, conta a mulher, que sempre ouve a respeito de furtos e roubos ao redor do hospital. “Inclusive, o pessoal sempre fala que é pra termos cuidado aqui”, pontua.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Átila Alberti

Mais policiamento!

Segundo Juarez Juvêncio Bueno, 65, a falta de segurança nos arredores do hospital não é um problema novo. “Em 23 anos como supervisor de segurança do HC, eu já vi muita coisa ruim acontecer aqui, pelas ruas e nas saídas dos bancos próximos. Afinal, a falta de segurança nessa região é uma reclamação antiga”, afirma o curitibano, que hoje atua na parte administrativa.
A funcionária de uma farmácia localizada em frente ao hospital confirma a situação e garante que já está cansada de tanta violência. “Nós já fomos assaltados tantas vezes que perdemos a conta. Teve semana em que fomos alvos dos bandidos três vezes”, revela a trabalhadora, que tem medo de caminhar até o ponto de ônibus. “Precisamos de mais policiamento urgentemente por aqui”.

Tem que fazer B.O.!

Segundo o coronel Wagner Lucio dos Santos, comandante do 22º Batalhão da Polícia Militar, o trabalho já começou no entorno do HC e conta com policiais a pé, de motocicletas e ainda com uma unidade móvel. “Esse módulo é um dos cinco que separamos para realizar o policiamento comunitário com o objetivo de realizar patrulhamento, conversar com os comerciantes e oferecer o suporte que a população precisa”, informa.

Ele explica que essa unidade e todas as equipes policiais sempre são colocadas nos pontos com maior índice de criminalidade, ou seja, nas regiões com mais boletins de ocorrência e solicitações via 190. “Infelizmente, muitas vítimas de furtos, roubos e outros crimes não fazem o B.O. Isso prejudica nossa visão de como está a ação dos bandidos em determinadas regiões e pode afetar o policiamento ali”.

Foto: Átila Alberti
Foto: Átila Alberti

Por isso, o coronel solicita que as vítimas sempre liguem para o número 190 no momento do crime e que registrem o B.O. em uma delegacia. “Assim, nossa central conseguirá acionar a viatura mais próxima para que possamos dar uma resposta rápida à população tentando prender os suspeitos, e ainda teremos o registro da situação logo depois na delegacia”.

Prevenção

Mas o coronel Wagner ressalta que a melhor maneira de evitar assaltos é sempre a prevenção. “Ao se aproximar do veículo, muita gente ainda quer conversar, usar o celular e ficar dentro do carro parado. Isso chama a atenção dos assaltantes que estão no entorno só esperando uma oportunidade para agir. Então, evite fazer isso durante o dia e durante a noite, e sempre fique atento ao que está acontecendo ao redor”, aconselha.

Ruas escuras

Foto: Átila Alberti
Foto: Átila Alberti

Enquanto contam com o trabalho da polícia para assustar os criminosos, os moradores também enfrentam outro problema que facilita a ação dos bandidos: a escuridão. “Os postes aqui são bem afastados um do outro e muitos estão com o foco queimado, então a claridade nas ruas é muito ruim e os ladrões se aproveitam dessa situação”, comenta Juarez.

De acordo com a Prefeitura de Curitiba, a falta de iluminação na Rua General Carneiro já está sendo corrigida por meio da troca de todos os pontos apagados e ainda a substituição das lâmpadas em bom estado por outras que promovem maior claridade.

Além disso, no dia 28 de março deste ano foi assinada a ordem de serviço para revitalização do trecho de 370 metros entre a Rua Conselheiro Araújo e a Avenida Agostinho Leão Júnior, principal entrada para os laboratórios do HC. Neste projeto, está prevista iluminação para pedestres com postes baixos e ainda calçamento e paisagismo.

A obra terá investimento de R$ 355 mil e prazo de execução até o fim de agosto. “Essa é uma obra importante que garantirá acessibilidade para os usuários do hospital”, comentou o vice-prefeito e secretário de Obras Públicas e Infraestrutura, Eduardo Pimentel.

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