Luan Eduardo Cavalheiro Guenze, 25 anos, não tem o sobrenome Santana (nem é um astro do pop sertanejo) e tampouco reúne multidões quando toca seu violino nas ruas de Curitiba como forma de sobrevivência. No entanto, o público que contribuiu com o trabalho dele faz uma enorme diferença para alimentar os sonhos do rapaz: aprimorar os estudos musicais e viajar para outras cidades do Brasil para encantar outros públicos. Além disso, é claro, poder garantir o dinheirinho que mantém o aluguel da casa na capital paranaense, no bairro São Francisco.
A esquina escolhida para mostrar os dotes musicais na manhã desta quarta-feira (26) foi entre as ruas Ubaldino do Amaral e Marechal Deodoro, no Alto da Glória. O som do violino começava a soar de uma caixa acústica elétrica, ligada à bateria, assim que o sinal vermelho dava as caras no sinaleiro. Em época de festas de final de ano, o movimento de veículos em Curitiba não é dos melhores para esse tipo de apresentação, mas entre 7h e 9h já dava para contabilizar dentro do estojo do violino pelo menos R$ 50, em notas e moedas.
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O estojo é usado, nesse caso, para guardar os trocados deixados por motoristas no famoso chapéu do artista. “Não dá para reclamar”, diz o músico.
Luan Eduardo é natural de Lajes/SC. O artista vive em Curitiba há cinco anos e resolveu se dedicar ao violino há um ano e meio. Ele diz que adora a cidade de Curitiba e que se sente seguro trabalhando pelas ruas da capital. “Posso ligar a minha caixa de som sem me preocupar se alguém vai ou não tentar roubá-la”, conta. A ideia de amplificar o som do violino, segundo Luan, veio depois que os motoristas usavam uma desculpa esfarrapada para negar trocados. “Diziam que não conseguiam ouvir o som. Mas agora, não tem como escapar”, brinca.
Embora o repertório não seja muito vasto, nesse um ano e meio de estudo e trabalho nas esquinas já foi possível incorporar até Johann Sebastian Bach de ouvido. “Mas ainda é só um trecho da música”, explica. Luan diz que o sonho dele é juntar dinheiro para viajar até outras cidades e poder tocar. “Neste próximo ano, também quero poder pagar um professor e me aprimorar no instrumento. Não tive oportunidade de aprender quando criança, mas eu sou esforçado”, contou.
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Para manter-se na capital, Luan Eduardo disse que já fez um pouco de tudo, até trabalhos como garçom e vendedor estão na lista. “Sou só eu vivendo aqui, não tem mais ninguém da minha família”. Segundo ele, a mãe ficará orgulhosa ao saber que o esforço do filho vai sendo reconhecido aos poucos. “Ela não vai se aguentar de felicidade, se eu sair mesmo no jornal”.
Enquanto o dinheiro não dá para pagar um professor de violino, as aulas são pela internet, via Youtube. “Tem que me virar porque o aluguel não espera. Mas tudo bem, se aprendendo aqui e ali eu já consigo dar conta, quando aprender a ler partitura ninguém me segura”, projeta. E com essa energia positiva não é difícil de acreditar que Luan atinja seus objetivos. “Não sou de ficar medindo esforço para vencer minhas barreiras”.