Dia a dia interrompido

Desde o último domingo de setembro, a comunidade no entorno do pátio de manobras da América Latina Logística (ALL) está tendo que recriar caminhos para seguir da Vila Pantanal para o Jardim Paranaense, no Alto Boqueirão, devido à interdição da passarela de pedestres que passa sobre os trilhos da empresa. O bloqueio foi causado porque parte da estrutura de aço, construída em 2006, caiu após a batida de um vagão de trem que descarrilou no dia 28 de setembro.

Passarela fica sobre o pátio de manobras da ALL e liga a Vila Pantanal ao Jardim Paranaense. Foto: Ciciro BackDesde então, pessoas como o vendedor ambulante Nelson Souza Silva, 55 anos, sentem o impacto da interrupção forçada. “Chorei no dia que a passarela caiu, porque o mercado onde compro bebidas e os ingredientes para preparar os salgados fica do outro lado. Agora eu levo meia hora para ir e voltar de bicicleta. Com a passarela fazia em cinco minutos”, afirma. Há 10 anos, o vendedor se instala diariamente nos fundos da ALL, no prolongamento da Rua Nair Ferraz Cazelatto, em dois horários, das 6h às 8h e das 14h às 20h, para vender salgados e refrigerantes. Os funcionários da empresa respondem por boa parte do que é comercializado. Em média, são 200 salgados e 10 litros de refrigerante vendidos em copos descartáveis. “São sempre salgados fresquinhos, pois raramente sobra e se isso acontece jogamos fora, para evitar qualquer risco de alguém passar mal”, garante.

Só que sem a passarela para agilizar a travessia até o mercado, frequentemente o vendedor acaba buscando no comércio mais próximo de casa os ingredientes para a produção de salgados do dia seguinte. “O preço é bem mais caro, o que gera prejuízo para mim e minha esposa, que é uma salgadeira de mão cheia”, destaca.

Além da qualidade do produto vendido, Nelson dispensa outras vantagens aos funcionários da ALL, que consomem boa parte da sua produção diária. Vende fiado e alguns recebem os pedidos pela janela da empresa. Ele atesta que a maioria dos nomes que ocupam o seu caderno de controle das vendas “penduradas” pagam direito. “Também já trabalhei na linha férrea como areeiro (que coloca areia para a tração e freio nas máquinas). Sei que boa parte deles é de gente muito honesta”.
Sem acesso ao supermercado, Nelson gasta mais pra fazer salgados. Foto: Ciciro BackEntre coxinhas, pastéis, rissoles e enroladinhos de vina, o croquete de carne e ovo é o campeão de vendas no ponto de Nelson, que, muitas vezes, fica no espaço de parada de ônibus da via. E ele aproveita a entrevista para pedir reparos urgentes para a cobertura do ponto de ônibus, que está furada. “Não tem a menor utilidade uma cobertura que não protege da chuva”, defende.

Prazo

A ALL foi procurada pela reportagem e informou em nota que “a passarela em questão passa por reforma”. Segundo a concessionária, essa melhoria já estava programada, mas o acidente antecipou a execução. O prazo para término da obra é de aproximadamente 60 dias.

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