Lugar de ninguém

Foto: Felipe Rosa

Inaugurado em junho de 2008 pelo governo do Paraná e alardeado como o maior parque urbano do Sul do país, o parque ambiental Aníbal Khury, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, está inacessível ao público há pelo menos seis meses, de acordo com moradores da região. Quem se dirige ao local encontra um portão trancado e a placa “Fechado para Manutenção”, mas não vê maquinário nem homens trabalhando.

Os donos de uma distribuidora de bebidas próxima à entrada nunca pisaram no lugar, já que abriram o comércio há quatro meses. “Desde que estamos aqui, nunca vimos o parque aberto. A gente vê os cavalos soltos, umas ovelhas pastando, de vez em quando sai um trator dali, entram umas viaturas de polícia. Parece abandonado”, diz um dos comerciantes. O empreiteiro de obras Marcelo Faria Santos, 35 anos, se indigna com a situação: “Uma palhaçada gastarem dinheiro pra fazer esse negócio todo e deixarem tanto tempo fechado. Vim um par de vezes com minha família, tinha umas churrasqueiras na parte de trás. Era bem frequentado pelo pessoal”.

O morador Vitor Sampaio, 45, diz que o parque tinha estrutura precária, principalmente para quem tem crianças. “Não tinha nada ali que desse pra você tirar um lazer. Só os tanques e um parquinho, que não tinha nem balanço nem gangorra. A empresa terceirizada que fazia a manutenção não vencia cortar a grama. Não tinha muita coisa, mas faz falta”, afirma ele, que passeava com o filho de 3 anos, Nicolas dos Santos.

Foto: Felipe Rosa
Vitor: “Faz falta”. Foto: Felipe Rosa

Algumas pessoas praticam caminhada ou corrida na calçada em volta do local. O motorista Márcio Trombela, 39, é uma delas. “Eu tinha o costume de vir correr aí dentro, agora a gente se arrisca do lado da rua. Pra quem gosta de fazer exercício, faz falta.” Ele comenta que, mesmo nos fins de semana, a visitação era baixa, porque havia poucos atrativos. “Era tudo malcuidado, tinha um parquinho largado, parece que a ideia deles é quanto menos gente por aí, melhor”, opina. Em sua visão, o local teria potencial para ser bem aproveitado pela população da cidade, que costuma buscar lazer em pesque-pagues privados ou se deslocar até Curitiba.

Informações desencontradas

Foto: Felipe Rosa
Marcelo foi várias vezes no parque com a família.

Com área de 220 hectares, equivalente a 220 campos de futebol, o parque foi inaugurado em 2008 como a primeira área pública estadual de lazer, com trilhas para caminhada ecológica e cavalgada, playground infantil temático, churrasqueiras, deck sobre o lago, mirante e infraestrutura hípica. No entanto, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), responsável pelo local, afirma que o espaço não é uma Unidade de Conservação e não é aberto à população há pelo menos dez anos. Contradizem essa informação as pessoas ouvidas pela Tribuna nas redondezas do parque e também internautas na página do Facebook do local, que relatam tê-lo visitado recentemente.

“O imóvel está com cessão de uso para a Cavalaria da Polícia Militar (PM), que é responsável pela segurança do local. A PM, juntamente com a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), o IAP e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente trabalham em conjunto para desenvolver projetos para melhorias no local. Porém, até o presente momento nada foi firmado ou projetado”, informou o IAP. Segundo o órgão, a página do Facebook não é oficial.

Foto: Felipe Rosa
O parque está fechado há 6 meses. Foto: Felipe Rosa

Embora a placa informando que o local esteja “fechado para manutenção” tenha um símbolo da PM, a corporação afirmou apenas que “uma parte do parque é usada pelo Regimento de Polícia Montada como haras, a qual é mantida e cuidada pelos policiais” e que as demais informações deveriam ser buscadas junto ao IAP. Já a prefeitura de Almirante Tamandaré se limitou a dizer que o local é de responsabilidade do governo do Estado.

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