Há dois anos, os voluntários do projeto Dobrando Alegrias vêm ajudando na recuperação de pacientes internados ensinando como fazer origamis – as famosas dobraduras japonesas. A sede da equipe de 80 voluntários fica no bairro Água Verde, mas eles já atendem seis hospitais em Curitiba. O trabalho do grupo foi manchete da última Tribuna Regional Portão.
Idealizadora do projeto, a professora de japonês Lina Saheki define o objetivo da ação como uma corrente de gentileza para distrair as pessoas que, por algum motivo, têm que passar um período internadas. “A sensação de angústia do paciente que aguarda sem saber ao certo quando receberá alta pode ser amenizada com algumas atividades”, diz.
A professora conta que em 2005 precisou ficar internada por dois meses em função de complicações em seu coração. Ela lembra que quando começou a presentear as pessoas com origami, se sentia menos paciente e mais ativa. “Fui diagnosticada com miocardiopatia viral e durante o tratamento sentia que estava sendo um peso para as pessoas. Para tentar retribuir aos parentes e enfermeiros, entregava flores e corações de papel”, conta.
A escolha por distribuir origamis surgiu da afinidade dela com a arte. Descendente de japoneses, a professora conta que domina a técnica do origami desde a infância. “Sempre tive facilidade, pois essas dobraduras japonesas já fazem parte da cultura de minha família”, diz a voluntária. Mas ela deixa claro que para ser voluntário não é preciso ter apenas um hobby, e sim vontade de ajudar. “Muitos voluntários desistem, pois eles levam o origami como uma ocupação, e na realidade o origami apenas é um pretexto para transmitir um pouco de gentileza para quem está disposto a receber”, explica Lina.
Após ensinar aos pacientes como confeccionar as dobraduras, a equipe deixa a missão para os pacientes doarem para outra pessoa um pequeno origami, para dar continuidade à corrente. Voluntário no projeto há um ano, Fátima Carvalho diz ser gratificante poder contribuir com alguém em seu tempo vago. “Nosso pagamento são os sorrisos”, diz.
Ensino da superação
Percorrendo os corredores do Hospital de Clínicas, os voluntários passam a conhecer muitas histórias de superação. Uma delas é a da ponta-grossense Rosa Alves Batista. Responsável por duas meninas gêmeas de quatro anos, Rosa passou a se dedicar integralmente à neta, Taiza, acumulando o papel de avó e mãe. A pequena Taiza teve o olho direito retirado por conta de um tumor. Porém, devido à mestástase, fase em que o tumor se espalha, a pequena ainda passa por sessões de radioterapia.
Rosa confessa que alguns momentos de descontração ajudam a aliviar o drama da situação. “Ela adora receber os voluntários e se arruma toda de rosa quando surgem essas visitas”, conta Rosa. Auxiliada pela jovem voluntária Larissa Monteiro, Taiza confeccionou duas aves de papel e garante que um será dado à sua irmã, que ficou em Ponta Grossa com o restante da família.
Há quase dois meses internado, Hygor da Silva Salastiano também aproveitou a visita dos voluntários para presentear sua mãe, Angelita Pereira da Silva, com um origami. A mãe conta que já perdeu um filho pelo mesmo quadro que o filho apresenta. Diagnosticado com a rara disceratose congênita, o hospital tem sido a casa de Hygor nos últimos dois meses. “É ruim que não podemos brincar nem fazer tudo que queremos. Daqui a pouco já estarei conseguindo fazer as dobraduras sozinho”, diz Hygor.
Serviço
Dobrando Alegrias
Atendimento nos hospitais de Clínicas, Cajuru, Pequeno Príncipe, da Cruz Vermelha, Santa Casa de Curitiba e Sugisawa.
Endereço: Avenida Iguaçu, 2513 – Água Verde
Informações: dobrandoalegrias@gmail.com
Telefone: (41) 3022-3477