“Quando alguém, num momento de desespero ou profunda dor, coloca a mão no telefone e nos liga, essa pessoa está querendo ser salva”, diz uma das voluntárias do Centro de Valorização da Vida (CVV), que tem sede no Água Verde. Em respeito às pessoas que atende, ela prefere não se identificar, mas conta como funciona o serviço de emergência emocional 24 horas que ajuda desconhecidos a falar sobre suas angústias.
“Nosso foco é no sentimento, no que aquela pessoa está sentindo, no momento que ela está passando e o que isso está fazendo com ela. Procuramos criar empatia e nunca fazemos perguntas ou damos conselhos”, descreve. Ao centrar o atendimento nas emoções, e não no indivíduo ou nos fatos, os voluntários do CVV permitem que quem está do outro lado da linha desabafe. “Ao falarem da dor, os atendidos acabam encontrando suas próprias respostas”, diz a voluntária.
A média de ligações que a unidade recebe é de 25 a 30 por período do dia. As pessoas ligam pelos mais variados motivos. “Pela madrugada, geralmente ligam aqueles que não estão conseguindo dormir, e as ligações costumam ser mais longas. Oferecemos o ombro e procuramos sentir com o coração”, conta. A equipe do CVV passa por treinamentos e aperfeiçoamentos frequentes para manter o padrão de atendimento, que segue um protocolo. Eles também aprendem técnicas de “zeramento”, que evitam que o sofrimento e os problemas alheios sejam levados para casa.
Ouvido amigo
Quem liga é quem está sentindo uma dor imensa, e não tem ninguém para contar ou não quer se abrir para um conhecido por medo de ser criticado, diz a voluntária. “O mais importante é fazer a pessoa se sentir à vontade, a gente faz a conversa fluir e não julga”. De acordo com ela, os atendimentos são bem sucedidos, porque o atendido desliga o telefone mais calmo do que quando ligou. “A gente sente na voz. No início da ligação, a pessoa estava desesperada ou chorando, e quando desliga, está falando tranquilamente. Eles agradecem, dizem ‘que bom que eu liguei’. Para nós é muito gratificante”.
Seja um voluntário
O CVV de Curitiba conta com 45 voluntários atualmente, mas o número ideal seria o dobro. Se você quer fazer parte, é só procurar a entidade por telefone ou e-mail. O próximo curso de formação será em fevereiro.
Redes Sociais
Claudiane Araújo, voluntária que atua na comunicação do CVV, afirma que o suicídio é um assunto tabu, mas que precisa ser debatido. No mundo, a cada 40 segundos ocorre um suicídio, e no Brasil, a cada 40 minutos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Esse é um tema acompanhado de perto pela OMS, porque o suicídio entre pessoas de 15 a 35 anos está aumentando”, relata. Por sua experiência, ela percebe que a depressão também vem crescendo. “As redes sociais facilitaram a comunicação, mas os problemas e as dores continuam exatamente iguais. Talvez as pessoas se sintam mais sós. A previsão da OMS é que até 2020 a depressão será a segunda doença mais incapacitante”, informa Claudiane. O CVV surgiu em 1962, quando nem existia internet, mas se modernizou e hoje atende também por chat e Voip.
Serviço:
Centro de Valorização da Vida (CVV)
Endereço: Rua Carneiro Lobo, 35 – Água Verde
Telefone: 3342-4111
E-mail: curitiba@cvv.org.br