Dor em dobro

Foto: Felipe Rosa

Funcionários, moradores, comerciantes e pais estão cada vez mais preocupados com o aumento de roubos, furtos e assaltos na região próxima ao Hospital Pequeno Príncipe, no Água Verde, em Curitiba. São dezenas de histórias e relatos de crimes.

Uma das vítimas, Renato Mendes, conta que na noite do dia 28 de novembro estacionou seu Gol bordô na Rua Desembargador Motta, lateral do hospital, e foi deixar roupas para a esposa e a filha de 1 ano e 5 meses, que estava internada há 5 dias. Vinte minutos depois de subir para entregar os pertences, voltou e não encontrou mais o carro.

“Fiquei desesperado. Trabalho com manutenção industrial e todas as minhas ferramentas estavam lá dentro. Agora estou numa situação complicada, não tenho como comprar esses materiais. Minha esposa é empregada doméstica, mas está sem trabalhar. Como eu fico? A gente fica triste e indignado com essa situação, com essa falta de segurança em todos os lugares”, desabafa.

Infelizmente, esses casos se repetem. Funcionários também foram roubados. “Deixei minha moto estacionada na Avenida Iguaçu e vim trabalhar. Na hora de voltar pra casa, cadê? É revoltante. A gente muda a rotina por causa desses ladrões. Agora fico mais atento”, conta outra vítima, que, por medida de segurança, não quis se identificar.

Casos frequentes

Foto: Felipe Rosa
Uma das vítimas teve o carro roubado com ferramentas de trabalho dentro do veículo. Foto: Felipe Rosa

Eduardo Mota, coordenador de segurança do hospital, afirma que casos como esses acontecem com frequência. “São comuns, essa região é crítica. Tenho várias situações de funcionários que tiveram seus veículos roubados ou furtados. Além deles, os pais dos pacientes  também frequentemente são vitimas dessas situações”. De acordo com o coordenador de segurança, dificilmente policiais são vistos na região. “Nós fazemos o que é possível. Temos uma ronda particular de moto que circula pelas ruas ao redor do hospital, mas não conseguimos pegar as ações”.

Segundo as vítimas, a Avenida Iguaçu e a Rua Desembargador Motta são as vias em que mais acontecem os roubos. A ação é rápida e dificilmente alguém consegue flagrar. Os comerciantes do entorno também sofrem. “É complicado deixar o carro na rua. Direto vem pessoas solicitando as imagens das nossas câmeras de segurança para ver se conseguem identificar o bandido. Aqui a gente acaba pagando estacionamento, um gasto a mais, mas fazer o que se não tem segurança?”, questiona o funcionário de um estabelecimento na rua atrás do hospital.

Furtos e roubos disparam

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Bandidos agem de forma rápida e geralmente não são flagrados. Foto: Felipe Rosa

O Relatório Estatístico Criminal da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) confirma o que é relatado nas ruas. No primeiro trimestre de 2016, comparado ao mesmo período do ano passado, aumentaram 24,58% os furtos de veículos (quando o ladrão leva um carro estacionado, sem uso de violência) em Curitiba. Já os roubos de veículos na capital (quando o automóvel é tomado ao parar no sinaleiro, com emprego de violência física ou psicológica) cresceram 27% em relação a igual período de 2015.

A polícia aponta como um dos motivos para esse aumento de casos a crise econômica que assola o país. Para tentar coibir a ação dos bandidos, a Sesp informa que elabora estrategicamente operações. De 14 de setembro a 14 de outubro, durante a Operação Impacto, os roubos de carros na capital caíram 3,49% ante o mesmo período do ano passado.

Funcionários e familiares assaltados

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

No entanto, não são só os roubos e furtos de carros que assombram quem passa, trabalha ou mora nesta região. Os assaltos também são frequentes. Os funcionários são alvos recorrentes, nos horários de entrada e saída do hospital. “Temos mais de dois mil funcionários em vários turnos, então o fluxo de pessoas nesse perímetro é muito grande. Infelizmente, nos horários em que não tem tanto movimento nas ruas eles ficam vulneráveis. Direto chegam relatos de assaltos nos pontos de ônibus. Normalmente os ladrões são jovens, usam facas e canivetes e levam aparelhos celulares e dinheiro”, conta o coordenador de segurança do Pequeno Príncipe, Eduardo Mota.

Pais e parentes de pacientes também acabam sendo vítimas. “Fui visitar minha sobrinha. Saí do hospital e estava no celular contando para minha mãe sobre o estado dela. Um menino, que eu nem sei de onde veio, arrancou o celular da minha mão e a minha bolsa, me empurrou. Foi tão rápido que fiquei sem ação. Chamei a polícia, mas não consegui recuperar nada”, conta uma mulher vítima de roubo.

PM pede colaboração das vítimas

Em nota, a Polícia Militar do Paraná informou que o policiamento ostensivo atua constantemente na região. Além dos policiais do 12º Batalhão, que são responsáveis pela área, os alunos do curso de formação de soldados também estão realizando estágio supervisionado e reforçando o policiamento na área.

A PM ressalta que necessita da colaboração da população no fornecimento de informações sobre características pessoais de suspeitos, placas de veículos, entre outros dados que possam auxiliar no readequamento do efetivo nos locais com maior necessidade. A corporação reforça o pedido para que todas as vítimas de crime façam o registro da situação por meio de boletim de ocorrência ou diretamente com a Polícia Civil, que é a responsável por investigar os casos.

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