Sempre Brasil

Foto: Felipe Rosa.

Muito verde e amarelo! Estas são as cores que entusiasmam a vida da comerciante Silmara Cristine Albuquerque, uma brasileira verdadeiramente apaixonada pelo país. Pra dividir esse sentimento, desde 1994 ela iniciou uma tradição: decorar toda a Rua Benedito Correia de Freitas, no Abranches, onde mora, com as cores da bandeira nacional pra apoiar a seleção durante os jogos.

Silmara é uma daquelas torcedoras que não perde por nada uma boa partida de futebol. No coração dela só há espaço para dois times: a seleção brasileira e o Coritiba. “Em dias de jogos reúno os amigos, coloco a televisão na garagem, faço uma pipoca e todos passam uma energia pra apoiar o time. Durante os jogos da Copa a rua fica completamente lotada, com mais de duzentas pessoas”, conta.

Caminhando pro sétimo Mundial de Futebol, a iniciativa de Silmara já virou tradição no bairro. “Ela é uma pessoa muito animada. Acho bacana existir na vizinhança alguém que não se importa em abrir a casa pra receber tantas pessoas. É acolhedor”, afirma a vizinha da comerciante, a aposentada Regina Maria. A ideia de decorar toda rua e assistir aos jogos com a turma toda reunida começou na década de 90.

Torcedora leva a seleção na pele. Foto: Felipe Rosa.
Torcedora leva a seleção na pele. Foto: Felipe Rosa.

Mas o esporte que reunia a família de Silmara era outro. “Sempre nos reunimos para assistir às corridas do Ayrton Senna. Nessa época, além da perda desse grande ídolo, que trouxe muito orgulho pra todos os brasileiros, também sofri com a perda de um irmão. Ao sair do meu emprego na época, senti falta daquele calor que envolvia acompanhar nosso país sendo representado. Conversei com os vizinhos pra ter autorização pra pintar os muros. Hoje, se não fizer mais nada durante os jogos, as pessoas sentem falta”, explica.

O gosto pela seleção rendeu até uma marca em seu corpo. “Sabendo da minha paixão, um amigo que também assiste aos jogos conosco, me presenteou com uma tatuagem. Agora levo a seleção omigo sempre”.

Copa aqui foi fraca

Não importa se o time tá ruim. Rua do Abranches vive enfeitada em apoio à seleção brasileira. Silmara garante a decoração. Foto: Felipe Rosa.
Não importa se o time tá ruim. Rua do Abranches vive enfeitada em apoio à seleção brasileira. Silmara garante a decoração. Foto: Felipe Rosa.

Acostumada a se mobilizar pra torcer pelo Brasil, Silmara se queixa que a Copa que ela mais esperou teve um gosto amargo. “Lembro que durante todas as Copas, as pessoas se mobilizavam mais, torciam mais. Achei que por ser no Brasil isso seria mais intenso e foi justamente o contrário. É lógico que nenhum torcedor apoia gastos excessivos, nem gosta de todo dinheiro que envolveu o torneio. Muitos comentaristas falavam que esta foi uma das melhores Copas, enquanto quem é do país percebeu que deve ter sido a que teve menor envolvimento do torcedor brasileiro”, critica.

Na bronca com o desempenho da seleção, a comerciante cobra resultados. “Fiquei muito triste também com a maneira com que perdemos. Mas darei mais uma chance. Caso a gente passe por outra goleada, daí pinto toda rua de preto”, brinca.

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