Apesar da união dos moradores e da tradição, o Abranches não é mais o mesmo bairro que era no passado. Não só pelas mudanças normais de uma cidade como Curitiba, mas por estar, segundo os próprios moradores, à mercê dos bandidos. “Era maravilhoso até alguns anos. De um tempo pra cá desandou e está cada vez pior, a gente não vê polícia nas ruas, só em dia de show na Pedreira Paulo Leminski”, desabafou Silmara Cristina Iglesias, 50 anos.
Predominantemente residencial, sem o grande movimento dos comércios, o bairro passou a ser mais visado pelos bandidos, que aproveitam para atacar os pequenos comerciantes. “Tenho um restaurante e nós trabalhamos com um olho no fogão e outro na porta, rezando para não ser assaltado”, disse Tarcisio Nicos, 55 anos.
O restaurante dele já foi assaltado cinco vezes e ele sempre fica na expectativa de quando será a próxima vez. “Trabalhamos com medo. Por ser um bairro mais tranquilo, pensam que nós não temos falta de segurança, mas estamos praticamente abandonados”.
O problema não é só no comércio. A casa de Tarcisio, por exemplo, já foi invadida duas vezes. “A gente sai e não sabe nem se vai ter segurança em casa, muito menos no trabalho. Sabemos até de gente que estava chegando em casa, no começo da noite, e foi roubada”.
Na última quarta-feira (8), enquanto trabalhava em uma lanchonete, José Carlos, 45, foi assaltado. “Ele chegou como se fosse cliente, pediu um cigarro. Quando erguemos o braço para pegar, apontou a arma para a barriga do funcionário e anunciou o assalto. Levaram pouco dinheiro, mas as coisas já estão difíceis pra gente”. A mesma lanchonete, segundo ele, foi assaltada outras duas vezes. “O policiamento está muito fraco. O que nós precisamos é que a polícia esteja mais presente, que passe pelas ruas, intimide os bandidos, porque nós não temos como ficar sem atenção”, pediu o trabalhador.
Procurada pela Tribuna, a Polícia Militar não se manifestou sobre as reclamações de falta de segurança no Abranches. Mas costuma frisar que é importante a população acionar o 190 em caso de ocorrências criminosas e registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil, o que permite nortear ações preventivas de policiamento.