Conheça a biofabricação de órgãos e tecidos

Os avanços da Medicina em parceria com a ciência e a tecnologia estão trazendo esperança para quem necessita de transplantes de tecidos e órgãos.

A Medicina sofreu avanços consideráveis nos últimos anos. Os transplantes de órgãos e tecidos se tornaram uma realidade presente no mundo todo, mas muitas vezes o problema decorre da falta de doadores que ainda não se conscientizaram da importância do simples ato de doar. Apesar das intensas campanhas de incentivo à doação de órgãos, na maioria dos países, as listas de espera ainda são grandes. Outro obstáculo é a dissonância entre o doador e o receptor culminando na rejeição do transplante, que é chamada de incompatibilidade imunológica.

              Uma das áreas de saúde que mais carece de doadores é a de transplante de tecidos. Segundo os pesquisadores Jorge Vicente Lopes da Silva da Divisão de Tecnologias para Desenvolvimento de Produtos, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) e Silvio Eduardo Duailibi, professor da disciplina de cirurgia plástica no Laboratório de Engenharia Tecidual da Unifesp, os casos de rejeição ainda são grandes, submetendo o paciente ao uso de drogas imunossupressoras por toda a sua vida.

             As pesquisas ainda esbarram no fator econômico, devido ao alto custo do processo, que vai da coleta até a implantação do órgão doado. Os países desenvolvidos têm investido maciçamente no estudo de convergências biológicas de regeneração celular que substitua o transplante tradicional promovendo a cura de tecidos e órgãos. Um dos avanços da engenharia tecidual é a bioimpressão de órgãos e tecidos e a biofabricação. Os dois últimos termos têm a ver com a deposição controlada de células, biomateriais (materiais sintéticos) e biomoléculas (substâncias indutoras e reguladoras do crescimento celular) para a formação de tecidos ou órgãos. Essa deposição controlada baseia-se no princípio da fabricação aditiva (camada a camada), mais conhecida como prototipagem rápida.

            O Programa Ibero-Americano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo (Cyted), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), faz parte da formação da Rede Ibero-Americana de Biofabricação (Biofab), que envolve a pesquisa em materiais, processos e simulação. A rede foi criada para reunir centros de pesquisas de caráter científico com a possibilidade de incluir parceiros privados no desenvolvimento da chamada biofabricação. A Biofab é formada por pesquisadores de Portugal, Brasil, Espanha, Argentina, Cuba, Venezuela e México, em um total de 19 grupos e 158 pesquisadores. O programa inovador ainda está em fase embrionária e apesar dos custos elevados, merece atenção especial dos dirigentes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para a continuidade das pesquisas.