Esses dias eu estava lembrando de um episódio que aconteceu comigo, onde o desfecho poderia ter sido catastrófico, mas a história terminou com um pensamento surpreso de ”essas pessoas foram honestas”.
Em 2012, quando morava na Alemanha, eu aproveitava os meus finais de semana e feriados para viajar para alguns países próximos e foi assim que eu fui parar em Bratislava, na Eslováquia. Era um lugar que eu queria muito conhecer desde que, assistido ao filme EuroTrip, descobri que era uma cidade muito barata. Claro que no filme eles exageram um pouco, mas não tem como negar que um copo de chope de 500ml a 1 euro, em um barzinho no ponto chique da cidade, é como viver um sonho.
Não fui sozinho. Fui com um colega e uma colega do trabalho, e como era um passeio de poucos dias, precisávamos conhecer cada canto da cidade. Foi assim que fomos parar em um castelo no alto de um morro. No caminho de subida para o castelo, tinham algumas estátuas e nós fomos parando e tirando fotos.
Minha colega de trabalho havia trazido uma bolsa e ali colocamos nossos passaportes e carteiras, para termos menores preocupações em ficar carregando tudo separado. Cada um carregava um pouco a bolsa e estava perfeito. Em uma dessas paradas para bater foto, tivemos a brilhante ideia de colocar a bolsa atrás da estátua, pois assim ela não apareceria nas fotos – sim, poderíamos ter colocado aos pés de quem batia a foto, mas não, fomos ”espertos” o suficiente para imaginar que atrás da estátua era um local brilhante.
Como revezávamos quem carregava a bolsa, ninguém se deu conta que continuamos a subida sem ela. Só fomos perceber sua falta depois de uns 30 minutos, quando estávamos conversando com dois franceses e DO NADA eu disse em português para meu colega ”cadê a bolsa?” Saímos nós 3 correndo sem sequer explicar para os franceses o que havia acontecido.
Fato curioso: os franceses, sem entender nada, saíram correndo também! hahaha!!
Chegamos na estátua e nada da bolsa. O desespero tomou conta. Os cálculos do dinheiro perdido começaram a saltar na mente. Mas o pior eram os passaportes, pois se tem algo que você meu amigo, NUNCA deve fazer em qualquer viagem internacional, é perder o seu passaporte. Ainda suando frio e com muito desespero, saímos um para cada lado perguntando para literalmente todo mundo que encontrávamos se haviam visto a nossa bolsa.
Foi quando um grupo de adolescentes que estava reunido em um parque notou o meu colega conversando com as pessoas e foram ao encontro dele. Perguntaram: com licença, você está procurando algo? E quando meu colega contou, eles disseram ”poxa, que bom! Nós encontramos a bolsa e estávamos atentos a alguém que a estivesse procurando” e entregaram a bolsa para ele. Com todos os passaportes, e o mais surpreendente.. com TODO o dinheiro dentro.
A dúvida da história e que foi o motivo do meu título neste texto, é que maior que o alívio que sentimos (e pode acreditar que foi gigante), foi a surpresa quanto a honestidade daqueles adolescentes. O que me leva a pensar: não era para ser normal um acontecimento como esse? Pois eu sempre ajo assim. Então não era para causar espanto quando alguém encontra algo que não lhe pertence e simplesmente devolve pro dono. Mas então por que será que ficamos todos surpresos com algo que deveria ser natural, a honestidade?
O que fazer quando você perde ou tem o passaporte roubado? No próximo post eu explico pra vocês!