Quando a gente pensa em queijo, o homenageado do dia 20 de janeiro, é inevitável fazer uma viagem gastronômica até Minas Gerais, pelo menos se o seu passeio for pelo Brasil. Foi ali, por exemplo, que nasceu um dos nossos símbolos nacionais da gastronomia – o pão de queijo.
O estado também é berço de um dos mais famosos do país, o queijo da Serra da Canastra, certificado como Indicação Geográfica. O selo, é sempre importante lembrar, garante a exclusividade e a qualidade do produto, que só pode ser considerado autêntico de preparado na área delimitada.
Feito a partir do leite cru de vaca, o produto tem raízes históricas em Portugal, de onde escrevo neste momento. Na época da corrida do ouro, muitos portugueses, alguns da região dos Açores, foram em busca de fortuna e acabaram deixando esse tesouro gastronômico de herança.
O método de produção de queijo é muito semelhante ao queijo São Jorge DOP, uma das maravilhas da queijaria portuguesa, que vale muito a pena conhecer caso você viaje para terras lusitanas. É fácil de encontrar nos melhores supermercados, como o Continente e o Pingo Doce.
Apesar de ser, claramente, o queijo brasileiro mais famoso em escala mundial, com premiações internacionais, o Canastra não é o único certificado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no país. Há outros quatro que são referências em suas respectivas regiões. Vamos conhecer?
Queijo do Serro
Para reforçar a fama de Minas como estado queijeiro, a região do Serro (230km ao norte de Belo Horizonte), é outra área demarcada cujos produtos já foram premiados em concursos internacionais.
E se o queijo da Canastra se assemelha ao português São Jorge DOP, o Serro é descendente direto de outro queijo muito famoso em terras lusitanas: o queijo da Serra da Estrela. A diferença é que a versão portuguesa é feita de leite cru de ovelha, e, não, de vaca.
A casca fina, levemente enrugada, esconde um queijo de coloração branca amarelada e textura macia. O modo de fazer, herança dos portugueses, também envolve leite cru e o uso do pingo, fermento lácteo que nada mais é que o soro obtido da produção do dia anterior.
Queijo colonial da Colônia Witmarsum (PR)
Você sabia que o Paraná também tem queijo de Indicação Geográfica? Trata-se do queijo da Colônia de Witmarsum, no município de Palmeira, a 80 quilômetros da capital, Curitiba. Aliás, fica a dica de passeio para férias ou um bate e volta no final de semana. O selo, conquistado em 2018, vale para as versões coloniais com e sem pimenta.
Os queijos da Colônia de Witmarsum, produzidos com influências alemãs, têm um período médio de maturação de 25 dias, o que deixam o produto com sabor delicado e textura macia e vão muito bem em tábuas de frios. Quando estou em Curitiba, costumo comprar no Festval.
Queijo de Campos de Cima da Serra (SC e RS)
Descendo um pouco mais para o sul do Brasil, a gente encontra o único queijo de Denominação de Origem do país, o queijo de Campos de Cima da Serra. O selo de DO também envolve questões territoriais e históricas, mas, tem um caderno de normas de produção mais rigoroso. Esse queijo tão especial é compartilhado por municípios da divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Assim como o Canastra, é feito com leite de vaca cru, em um modo de produção muito semelhante ao queijo mineiro. Não à toa, recebe a alcunha de “Canastra do Sul”.
Queijo da Ilha de Marajó (PA)
O queijo de Indicação Geográfica da Ilha de Marajó tem um diferencial: é feito a partir de leite de búfala, cuja criação é abundante nos municípios demarcados que fazem parte do arquipélago de Marajó: Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Cruz do Arari e Soure.
O produto marajoara tem textura bem cremosa, oferecendo pouca resistência ao corte e tem sabor suave. O método de produção tem influências portuguesas e francesas e, dada a sua leveza no sabor, o produto pode ser usado tanto em preparos salgados como em preparos doces.
Depois de tanto falar em queijo, é inevitável lembrar da iguaria que é a cara do Brasil e me faz lembrar a infância. Quando vivia em Brasília, terra com gente de todos os cantos do país, amigos de meus pais, de origem mineira, me ensinaram o que era o verdadeiro pão de queijo, feito com queijo artesanal. Aos domingos, depois dos churrascos encabeçado por meu pai, gaúcho, a turma de Minas assumia a cozinha e preparava a receita como deve ser.
Por sorte, a vida me presenteou com a amiga Tati Rosa que, além de personal chef de mão cheia, tem as raízes mineiras, o que dá a ela muita propriedade para nos ensinar uma receita que cai super bem com queijo meia-cura. Vamos aprender?
Pão de queijo de Minas
Chef Tati Rosa
Ingredientes
2 xícaras (chá) de polvilho azedo
1 xícara (chá) de polvilho doce
2 xícaras (chá) de queijo meia-cura ralado fino*
3 ovos
1 ½ xícara de água fervida
½ de xícara de óleo
Sal a gosto (ou parmesão ralado fininho)
Preparo
Deixe o forno ligado a 200 ºC (temperatura média);
Coloque a água e o óleo numa panela e leve ao fogo médio até levantar fervura;
Em uma tigela, misture os polvilhos e o sal (ou parmesão) e derrame a água fervida com óleo, escaldando a mistura de polvilho;
Quando a massa estiver morna, adicione o queijo ralado e misture bem;
Junte os ovos, um a um, e mexa com agilidade;
Unte as mãos com o óleo, retire porções da massa e enrole em formato de bolas;
Transfira o pão de queijo modelado para a assadeira, deixando um espaço entre eles.
Asse por 30 a 40 minutos, até crescer e dourar.
Retire do forno e sirva, de preferência com um café passado na hora.
Dica da Chef:
É possível congelar os pães de queijo por até três meses. Para isso, eles devem ser levados ao congelador na assadeira e guardados em saquinhos assim que ficarem endurecidos.
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