Um grande vinho retratado em um grande filme!

Atualmente já não é surpresa para ninguém, o fato de bons filmes tratarem o vinho como importantes coadjuvantes em seus enredos. Um desses, e clássico, é o estadunidense Sideways, Entre umas e Outras, de 2004, ganhador do Oscar de melhor roteiro adaptado, onde o personagem de Paul Giamatti faz o dramático e memorável Miles, enquanto Virginia Madsen interpreta Maya, atriz que se tornou famosa pelos assombrosos Candyman, produzidos nos anos 90, e que vem dando a volta por cima depois de protagonizar filmes sem muita expressão.

Dizem, nos bastidores, que foi o próprio diretor Alexander Payne quem escolheu a relação de vinhos que aparece durante o filme, sob os belíssimos cenários dos vinhedos da Califórnia.

Na minha humilde posição crítica de cinéfilo e sommelier, creio ter havido uma contradição conceitual no enredo, quando o protagonista, Miles, censura dois varietais durante o filme. O primeiro alvo de sua crítica foi um cabernet franc, durante uma degustação em uma vinícola na Califórnia, onde uma observação de Miles se traduz em ‘nunca ter esperado muito de um cabernet franc’. Mais adiante, antes de adentrarem o restaurante, Miles diz que não beberá merlot, caso tal varietal fosse escolhido durante o jantar, lançando inclusive um palavrão em tom ríspido.

Para que você possa entender a contradição que envolve essa crítica, é preciso mencionar que há uma grande expectativa criada ao longo do enredo, em saber se o protagonista terá coragem de abrir um vinho lendário, um Premier Grand Cru Classé A, intituldo Château Cheval Blanc, safra 1961, proveniente de Saint-Émilion, Bordeux, França, que é cuidadosamente carregado e mencionado por Miles no filme. Só existem, naquela região, outros três vinhos com a mesma classificação: Château Angelus, Château Ausone e Château Pavie (a partir de 2012).

Não vou detalhar o filme, principalmente o final, pois certamente muitos ainda não assistiram ao filme, entretanto, o ponto de vista que quero pôr em discussão, voltando à contradição que mencionei acima, é que o famoso Château Cheval Blanc endeusado pelo protagonista durante todo o filme, é elaborado exatamente com os dois varietais criticados por ele mesmo: merlot e cabernet franc.

Erro? Ironia? Não sei, porém, diante de um feriado que se aproxima, para aqueles que não viajarão, o que vale é separar um bom vinho, de preferência um norte-americano, e colocar para rodar o filme Sideways… para quem gosta de vinhos e filmes, será, sem dúvida alguma, um excelente entretenimento.

Até semana que vem!

Cheers!

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