Suplementos proibidos: incoerência

Quem acompanha as redes sociais viu ontem uma grande quantidade de compartilhamentos de uma notícia com o seguinte título: “Anvisa proíbe 4 suplementos”. A Anvisa é um órgão responsável, entre outras coisas, por regular a venda de suplementos alimentares no País. Todos sabem que esse órgão vai na contramão dos países de primeiro mundo, só não se sabe exatamente o porquê.

Para que o leitor entenda, a questão é bem simples. Foram proibidos 4 produtos que são totalmente de origem natural, alimentar e que não fazem nenhum mal para a saúde. E o que é pior, qualquer pessoa, até mesmo quem não entende nada, com um pouco mais de informação verá que existe uma incoerência absurda não somente nessa, mas em boa parte das ações e políticas desse órgão em relação a suplementação alimentar em nosso País.

A incoerência se dá, por exemplo, na proibição de um produto a base de cafeína e taurina. A cafeína todos conhecem e a taurina é um aminoácido, ou seja, um componente natural não sintético. Proibiram o produto por conta de conter 100mg de taurina. Acontece que a maioria dos energéticos vendidos legalmente no País, como “aquele que te da asas”, contém 1000mg dessa mesma substância. E é vendido normalmente, pra ser misturado com álcool, o que potencializa ainda mais o efeito dessa verdadeira droga, que é liberada. Segundo estudos, o álcool mata mais de nove vezes mais do que qualquer uma da drogas mais perigosas e existem propagandas na televisão com aquela galera sarada na praia incentivando a cerveja e o álcool. No mínimo deveria, nessas propagandas, como nas carteiras de cigarro, aparecer imagens de pessoas presas nas ferragens devido aos acidentes que essa droga pode causar, ou o indivíduo no fundo de uma cama sozinho com cirrose hepática e abandonado pela família.

As outras justificativas para as proibições são mais infundadas ainda, como na proteína em pó que contem BCAA. E o que é o BCAA? São micropartículas de alimentos como ovos, leite e soja. É isso mesmo, são de origem alimentar. Em todo o mundo, não há sequer um caso de alguém que tenha adoecido ou intoxicado por conta desses aminoácidos, muito pelo contrário, pois são utilizados hoje em dia até mesmo para tratamento de fígado e paradoxalmente da própria cirrose hepática, além de outras aplicações, como para queimados. Só para o leitor ter uma idéia da contramão de nosso pais em relação a isso, esses mesmos aminoácidos são oferecidos gratuitamente para as crianças chinesas nas escolas porque sabe-se que também estimulam uma boa função cerebral e influi positivamente na aprendizagem. Não estou a defender isso também, apenas quero que os atletas e as pessoas tenham o direito de não serem enganadas e manipuladas, porque o que eu vi foi muita gente compartilhando essa notícia sem ao menos saber do que se trata.

Para concluir, esses produtos são vendidos normalmente nos EUA, Canadá e Europa. Porque esses países sabem da importância de deixar o cidadão ter informação e acesso aos itens que podem melhorar suas saúde e qualidade de vida. Esses países realizam estudos com esses nutrientes e o Brasil, pasmem, não reconhece esses estudos e o que os órgãos responsáveis como a FDA dos EUA já estudaram e aprovaram.

Apesar de não concordar com muitas das políticas, nunca me manifestei de forma contrária a este órgão, mas dessa vez acredito que não somente eu, mas toda a classe de pessoas informadas se encontra perplexa. Esperamos que exista alguém com sensatez lá dentro que possa reparar essas incoerências.