Bom dia, amigo leitor. Chegamos aos 150 textos publicados na Tribuna e no Paraná Online, e agradeço sempre a oportunidade que recebi dos diretores desta casa e também recíproca do público, que tem interagido e sugerido temas muito melhores dos que eu poderia “captar” sozinho.

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Falando nisso, você que me acompanha nestes textos tem percebido que temos falado hora de saúde e qualidade de vida, e em outros momentos dos esportes em geral. E a escolha do tema de hoje especialmente une essas duas questões, saúde e esporte. Vou falar de duas paixões que, quando se unem podem acabar com a vida e a carreira de um atleta: A bebida e o futebol.

Final do mês passado completou 31 anos da morte de Mané Garrincha. Era imbatível dentro dos campos, mas não foi capaz de lutar contra o álcool. Faleceu aos 49 anos por conta de uma cirrose hepática. Se não fosse isso poderia estar até hoje da mesma forma que o Pelé está, ou seja, firme. Isso me fez refletir e pesquisar se agora, após 30 anos, as coisas são diferentes. Bem, em uma pesquisa produzida por uma grande revista de esportes junto a 105 jogadores de grandes clubes do país, 42% dos entrevistados afirmaram que bebem pelo menos uma vez por semana.

Por outro lado, um estudo feito com pessoas normais (não atletas) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que 54% consumiam álcool regularmente. Agora voltando a falar dos atletas, mais especificamente dos jogadores de futebol, essa estatística é muito alta, principalmente se formos analisar que são atletas e pelo menos em tese deveriam ser mais disciplinados. Mas é aqui que está o problema, eles foram disciplinados um dia, antes de conhecer o álcool, caso contrário não tinham se tornado jogadores profissionais. Ninguém que não seja disciplinado consegue vaga pra jogar num clube profissional, pela quantidade de jogadores tentando, já que ser jogador de futebol é o sonho de 7 entre 10 meninos em nosso País.

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Então quem fala que a causa do problema do jogador que bebe é a falta de disciplina está errado. A falta de disciplina é uma consequência de uma outra causa: o vício do alcoolismo, ou talvez a doença do alcoolismo, se formos encarar o problema bem de frente.

O que falta mesmo para essa classe em nosso País é a Psicologia Esportiva. Porque o jogador não é preparado para lidar com o sucesso, nem com o fracasso. Logo que o garoto começa a jogar num time maior e ganhar um salário melhor, ele faz o contrário do que deveria fazer. Deveria guardar seu dinheiro e focar pra ficar para buscar vaga times melhores e ter seu passe valorizado.

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Ao invés disso ele já assume a prestação de um carro importado, se enche de correntes de ouro e conhece o mundo das baladas, das mulheres. É aí que ele vende a sua alma ao álcool (aqui qualquer semelhança não é mera coincidência). Os grandes clubes estrangeiros sabem disso e investem em bons psicólogos para seus atletas, por conta disso podemos observar que parecem mais frios até mesmo nas comemorações, mas na realidade isso é controle emocional. Estão preparados pra ganhar ou perder, dentro ou fora de campo e isso inclui não perder para os vícios também.

Até amanhã!