Tentarei hoje objetivar o tema, evitando o que comumente roda em matérias de jornais e internet, ou seja, detalhes sobre a técnica de vinificação dos Champanhes (champagne ou champanha).

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Vamos direto ao assunto e esclarecer a pergunta que muitos querem saber: qual a sensação ao se experimentar um champanhe? Qual a diferença entre ele e outro espumante feito fora das regiões demarcadas da França? Vou responder com uma pequena história que, ao final, creio que todos a entenderão.

Certa feita, um amigo resolveu ir à região de Champagne, explorar historicamente o local e, obviamente, os vinhos espumantes por lá elaborados. Logo, procurou-me para conselhos, já que sabia sobre a boa experiência que possuía pela região.

Ao longo da conversa, fiz a pergunta fatídica, que por vezes fazia em alguns encontros com amigos e não a faço mais: você já tomou um champanhe? A resposta veio como sempre, e sempre acompanhado de um cenho franzido: claro que sim, quem não? Na verdade a idéia era questioná-lo se realmente havia experimentado um espumante elaborado em Champagne, Reims ou Épernay, e não ter bebido um espumante qualquer de outras partes do mundo.

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É muito comum, inclusive, a pessoa se ofender, o que não aconteceu nessa ocasião, felizmente. Tentei explicar a ele a diferença perceptiva entre um espumante mais simples e um Champanhe, qual seja: o champanhe, historicamente é divulgado como uma bebida leve, delicada, para mulheres (no sentido de indicar o lado feminino da bebida). Sempre fui contrário a esse conceito desatualizado e superficial, pois é oriundo de muito tempo atrás, momento em que não havia diversificação de espumantes e o champagne era comparado a outras bebidas mais fortes. Nesse sentido, ao contrário dos dias de hoje, se você é acostumado a beber espumantes mais leves, algumas vezes até mesmo adocicados, irá surpreender-se com a força e complexidade que um champanhe carrega… e não será incomum surgir um pequena decepção, nariz torcido, críticas sobre a aspereza de sua secura, força e teor alcoólico acentuado.

Terroir de Champagne: paredão de giz!

Uma experiência inusitada, que vale a narrativa, aconteceu com a minha esposa, junto aos nossos compadres, Roberto e Kelcy, quando chegamos em Atlantic City, EUA, após ter adquirido uma garrafa de um Moët Chandon Imperial em Miami, na expectativa de comemorarmos o aniversário de nossa comadre. Percebi, ao tentar resfriar a garrafa, que o frigobar não funcionava à contento, ou seja, mantinha as bebidas levemente resfriadas. Então me dirigi ao saguão do motel, dessas redes americanas boas e baratas, pois nos hospedávamos somente de passagem, para pedir copos. Para minha surpresa, não havia copos de vidros disponíveis e acabamos por brindar o champanhe em copos de plásticos em temperatura praticamente ambiente. Foi uma experiência diferente, não muito agradável, mas creio ter valido a intenção.

Em Atlantic City, brindando com um Moët Chandon Imperial quente, em copos plásticos!
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Pois bem, se aboli uma de minhas condutas, a tal da pergunta fatídica, outro artifício explicativo surgiu: sempre que me torno incompreendido, ao tentar ilustrar sobre a experiência do champanhe, a comparo a quem gosta de uísque, por exemplo. Qual foi sua primeira sensação ao experimentá-lo? Não foi essencialmente boa, foi? Com o tempo, após acostumar seu paladar ao malte e ao teor alcoólico alto, o degustador passa a apreciá-lo verdadeiramente.

Isso normalmente acontece com o champanhe, ,ou pelo menos aconteceu comigo. Meu paladar foi se acostumando e minha viagem por Champagne consolidou minha predileção pela bebida, sem possibilidades de volta.

Monumento na Moët Chandon, em homenagem ao Dom Pérignon, o criador do Champagne!

Contudo, o ideal é você se adaptar aquilo que seu paladar pede, ou seu bolso lhe permite. Se for levemente adocicado, ótimo, comemore. Se for um champanhe, melhor ainda, lembrando: pode ser um Champanhe Taittinger, por exemplo, mais equilibrado e fresco, ou mesmo um Champanhe Paul Roger, intenso, alcoólico, quase áspero; um Champanhe Bollinger, extremamente elegante, como seu admirador oficial, o espião 007, de perlages finas e notas tostadas, ou um Dom Pérignon, exuberante, aromático e explosivo em aromas… Mas o mais importante disso tudo é procurar servir algo prazeroso a você e seus convidados, pois qualquer comemoração requer momentos verdadeiramente agradáveis.

Até semana que vem!

Cheers!