A curiosidade sobre o tema vinho é amplo e diversificado e o que intriga ainda muitos enófilos é a formação e as regras que normalmente são aplicadas em uma confraria de vinhos.

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A coluna desta semana concentra em duas idéias: descrever superficial e sumariamente sobre o funcionamento de uma reunião entre confrades, e, aqui, será uma da confraria curitibana Cavaleiros do Tastevin, em funcionamento desde 1998, e a avaliação que fizemos de alguns vinhos premium Uruguaios.

O Anfitrião ou, conforme estatuto, o Presidente Temporário, definiu para o encontro mensal, com base no calendário anual aprovado, o tema Uruguai. Cada Presidente Temporário tem a responsabilidade em receber os membros em sua residência ou local pré-definido, indicando o tema antecipadamente, o qual será base para que os confrades adquiram e tragam um vinho às cegas (totalmente encoberto pelo invólucro padrão CT, sem possibilidades de se ver rótulo, cápsula, inclusive o formato da garrafa que muitas vezes denuncia a região ou varietal), conforme característica definida.

Inicialmente foi discutida a pauta, sob gerência do Presidente Anual (eleito na primeira reunião do ano), assuntos como a contabilidade (mensalidade), cobrança e prestação de contas, indicação e votação de novos membros (quando há vagas em aberto), eventos futuros, como viagens enológicas, encerramento do ano etc.

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Vencida a pauta, o Presidente escolheu duas garrafas aleatoriamente para avaliação em ficha, diante dos vinhos que se encontravam encobertos. Os demais vinhos não escolhidos, foram igualmente avaliados, no entanto, sem o uso de fichas.

Entre uma avaliação e outra, após a exibição do vinho avaliado, há o momento de descontração. Certo é que o tema sempre gira em torno do mundo do vinho, gastronomia e afins, como charutos, destilados, cafés etc.

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Fim de noite, normalmente algumas idéias inovadoras surgem, por vezes transformando-se em pautas para a próxima reunião. Fora isso, muito bate-papo, brincadeiras sadias e descontração. Na nossa confraria só não é aceito o enochato, o professor de Deus ou o inflexível e intolerante, pois cada um tem seu paladar e consegue identificar aquilo que seu cérebro lhe proporciona, ou seja, o que tem lá gravado na memória sobre aromas e sabores.

Embasado na reunião da noite de 27 de maio de 2014, sob o tema Uruguai, eis os vinhos, as impressões genéricas e curiosidades sobre cada um dos vinhos, que poderão servir de indicação àqueles que pretendem conhecer um pouco mais sobre vinhos uruguaios mais qualificados:

Começamos com o AMAT TANNAT 2004, elaborado pela Bodegas Carrau, um vinho que se solidificou com o tempo, considerado hoje um dos grandes uruguaios em nosso mercado. Um vinho equilibrado, borda acastanhada, exalando couro e apresentando taninos aveludados, um belo exemplo de envelhecimento, qualidade do terroir uruguaio.

Passamos à afamada bodega boutique BOUZA, MONTE VIDE EU 2011, corte de três varietais, TANNAT, MERLOT e TEMPRANILLO. Exemplo mais típico de vinhos da América do sul, com um toque elegante que remeteu à Espanha. Equilibrado, jovem, escuro e denso, exalando toques de baunilha, fermentação malolática, frutas passas e excelente persistência.

Seguiu-se com o enigmático DON NELSON ARIANO, SPECIAL RESERVE 2006, tannat, similar ao Bouza, contudo, seu envelhecimento conferiu um equilíbrio maior ao vinho, sugerindo um corte e não somente a variedade tannat. Elegante, ainda que pesado e escuro na taça… dispensável de quaisquer detalhes.

GRAN TANNAT PREMIUM 2005, elaborado pela MONTES TOSCANINI, TANNAT, foi o mais comedido da noite, um vinho com mais característica européia de base, inclusive exalando aromas de terroir, tronco e mineral, mas também com a conclusão de que seu momento de elevação havia passado, ainda que o vinho tivesse muito bom… A curiosidade ficou em testar uma safra mais jovem, talvez um 2009, pois não se tratava de um vinho pouco complexo.

O EL PRECIADO 1ER GRAN RESERVA 2006, da BODEGAS CASTILLO VIEJO, corte de CABERNET SAUVIGNON, CABERNET FRANC, MERLOT e TANNAT, foi um intermediário, em característica, entre o Don Nelson Ariano e o Gran Tannat Premium. Nem tão espanhol, nem tão comedido, um uruguaio com espírito chileno e um toque francês. Um vinho muito interessante.

Seguimos com o IDENITY EDICION LIMITADA 2008, aveludado demais para caracterizar o terroir Uruguaio, um vinho de caráter próprio, que vale a pena conhecer.

Por fim, às cegas como todos os demais, passamos a avaliar um vinho complexo, diferente dos que havíamos provado até então. Escuro, denso e de equilíbrio alto, ou seja, com álcool, acidez e taninos em um degrau acima do equilíbrio aceitável, ainda que decantado por duas horas, enquanto testávamos outros vinhos, e tivemos a grata surpresa de, às claras, verificarmos que se tratava de um AMAT. Aliás, um AMAT TANNAT 2004, ou seja, de mesma safra, do mesmo lote que o primeiro, entretanto, completamente diferente. Valeu a experiência, que em outra oportunidade já havia acontecido, mas com dois CHATEAU MARGAUX 1973, garrafas iguais, adquiridas em locais diversos, França e Estados Unidos.

E assim encerramos a noite, com ótimas surpresas e elevando o conceito que tínhamos sobre os vinhos Uruguaios.

A forma confraria, desde que bem estudada, com regras, amizades e gostos em comum, é uma excelente receita para fortalecer relações interpessoais, adquirir cultura e promover momentos agradabilíssimos. Arrisque e idéia!

Cheers!