Entre muitos aromas que surgem no vinho, sem dúvida, um dos mais polêmicos é o herbáceo. Não tanto para os apreciadores de vinhos americanos, mas, principalmente, os europeus.

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Quando estive em Bordeaux e Borgonha, fui com essa questão em mente, gritando para ser esclarecida. Havia lido em um livro intitulado “110 Curiosidades Sobre o Mundo do Vinho”, de Euclides Penedo Borges, Ed. Mauad, 2005, e tive a oportunidade de entender um pouco a reação daqueles produtores em relação ao aroma um tanto controverso, quando avaliamos novo e velho mundo.

O posicionamento dos produtores franceses é praticamente unânime e tal aroma segue pela esteira de ser considerado um defeito do vinho, vez que, por algumas razões, só é exalado quando há erro de elaboração, como, por exemplo, quando os cachos de uvas permanecem muito tempo em contato com o mosto. No entanto, o termo herbáceo é muito mais abrangente do que podemos imaginar… Então, o que seria esse aroma? Normalmente resume-se na lembrança de folhas, mato seco, feno, grama cortada… nessa trilha. Alguns citam, conforme previsto no mesmo livro de curiosidades, lembrança à água de azeitona.

Confesso que já experimentei, por inúmeras vezes, todos esses aromas considerados herbáceos e defeituosos, no entanto, estando do lado de cá, ou seja, no Novo Mundo e possuirmos métodos de elaboração diferenciados, como priorização de vinhos monovarietais, e ainda, com características naturais que exalam esse tipo de aroma, como é o caso da Carmenère, pode-se afirmar que a idéia de defeito, por aqui, não se pacifica tão facilmente. Pelo contrário, já presenciei noites em que os convidados consideraram os aromas herbáceos os mais agradáveis da degustação.

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Outro aroma interessante e considerado defeito é o que lembra água de azeitona verde, como mencionado acima, algo um tanto comum em alguns vinhos da Argentina. Quando se manifesta isoladamente, até sugere um defeito, mas em meio à outros, é bastante interessante, principalmente quando não se reproduz no gustativo.

A própria Cabernet Sauvignon, gigante lá e cá, velho e novo mundo, tem característica de aroma similar, lembrando muitas vezes o pimentão verde. Claro que alguns se manifestam alegando que esse sintoma advém da falta de amadurecimento correto da uva, mas seria um aroma tão desagradável assim?

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Bem, diante disso tudo aprendi algo inquestionável e que fica como sugestão ao leitor: não mencione o termo herbáceo em uma degustação na Europa, especialmente na França, onde eu pessoalmente verifiquei a grande possibilidade de ofensa, a não ser que você se certifique que o anfitrião (enólogo ou sommelier) não considere esse aroma como de baixa qualidade, pobre, ou defeituosa. Aqui na América não vejo problemas, a não ser em escala reduzidíssima, quando o produtor segue os mesmos parâmetros europeus de conceituações.

Bom final de semana e até a próxima coluna!