Aconteceu nos dias 4 e 5 de julho, na Villa Augusta, Bacacheri, uma grande feira produzida pela importadora Porto a Porto e Casa Flora, vinhos e produtos gastronômicos de mais de 8 países diferentes.
O espaço foi invadido por um pequeno grupo de profissionais da área e imprensa, cuja expectativa era conhecer os novos produtos que estão chegando no mercado enogastronômico curitibano. Assim, estive conferindo essa magnifica feira no dia 4, por meio do gentil convite de representantes da importadora e antigos amigos, Pedro Correa de Oliveira, que muito auxiliou a ABS-PR entre 2010 e 2012, Melissa Crocetti e Flávio Bin.
Discorrendo sobre os vinhos, foram oferecidos para degustação mais de 80 rótulos, entre espumantes, brancos, rosés, tintos, sobremesas e fortificados, como sauternes e portos, variando entre classes e, principalmente, preços.
Sendo muitas opções testadas a serem apresentadas aos leitores nessa breve coluna, selecionei aquelas que mais me impressionaram por razões diversas.
A Cava vintage Gramona La Cuvee Gran Reserva Brut 2012, foi uma delas, apresentando-se com a verdadeira expressão de um bom champagne, muitas flores brancas e fermento no aroma, levemente encorpado e com perlage fina e persistente. Realmente impressionou.
Dois brancos motivaram os convidados a se agruparem em seus estandes, embora fosse uma noite fria de inverno: o Espanhol Chan de Rosas Clássico, Albariño, de Rias Baixas, perfeitamente equilibrado, denso e sensivelmente pesado na taça, exalando frutas cítricas, um leve toque químico e agradável, de final longo e persistente, e o Neozelandês Brancott Estate, Sauvignon Blanc, 2015, leve, de acidez aprazível, floral e alegre, para uma tarde mais ensolarada.
Já os tintos, aqueles que me conhecem sabem da minha predileção por pinots noir, logo, ainda que um pouco reticente, experimentei o Nimbus, da Viña Casablanca, 2013, já que comumente os pinots da América do Sul tem acidez descontrolada e amargor no retrogosto, no entanto, foi uma grata surpresa: intenso e aromático, como um borgonhês, exalando cereja e calda de morango no olfato, equilibrado e com bom corpo no paladar, sem exageros de densidade e madeira, essencialmente elegante e sem amargor, deixando a lembrança de uma balinha de frutas vermelhas no retrogosto e a vontade de ter uma taça a mais.
Em termos de relação custo versus benefício, interessante foi o Quinta do Valdoeiro Syrah (isso mesmo, um Português 100% com o varietal syrah), da Quinta do Valdoeiro, elaborado na Bairrada, safra 2010. Vinho intenso, ainda assim elegante, de extração mais profunda que o normal, se avaliado seu terroir, picante, como deve ser um bom syrah, e eivado de ameixa passada e toques sutis de torrefação. Ao seu lado, o alegórico Reguengos, Garrafeira dos Sócios, 2012, Alantejano longevo e elaborado por irmãos maçons.
Além desses, sobre um pedestal imaginário, havia um clássico francês Grand Cru Classé, o Chateau Fleus Cardinale, Saint-Emilion, 2009, extremamente jovem, de equilíbrio alto e de grande potencial futuro, acompanhado do Grand Vin de Bordeaux, Chateau Caronne Ste Gemme, Haut-Médoc, sempre bem resolvido e agradável no paladar. Margem esquerda e direita de Bordeaux, juntos, fazendo sucesso.
Ainda na Europa, desviando um pouco o olhar, havia um IGT Due Lune, da Cantine Cellaro, Siciliano elaborado com Nero D’Avola e Nerello Mascalese, potente e impressionante, e o sempre clássico Amarone Bertani, 2013, ainda muito jovem para apreciação, já que se trata de um vinho de guarda, embora, sem sua verdadeira expressão, já seja possível degustá-lo.
Por fim, entre as surpresas dos vinhos de sobremesa e fortificados, emergiu de um balde o elegantérrimo Sauternes 1er Cru Classé Chateau de Rayne Vigneau, 2009, de doçura e acidez perfeitamente harmonizada.
E assim foi a noite, com boas novidades, surpresas, recordação de rótulos que há tempos não apreciava, e, como sempre, as melhores companhias.
Parabéns a Porto a Porto e Casa Flora pelo evento singular.
Até a próxima,
Cheers!