Antes de falarmos sobre o padrão elevado de qualidade e da sua estrutura mais profunda, de teor alcoólico acima da média francesa, existe uma história que embeleza e refina o tão místico châteauneuf-du-pape, ou, em português, “o novo castelo do Papa”.
Em 2007 tive o prazer de peregrinar pela região, provando esses vinhos diretamente dos produtores e conhecendo seus terrenos pedregosos e áridos, próprios dos châteauneuf.
Pois bem, a história inicia-se em fins do século XIII, quando o Rei romano Felipe IV, decidie cobrar do papado os mesmo impostos que a igreja cobrava do povo para as missões das cruzadas.
Com o conflito instalado, o Papa Bonifácio VIII foi perseguido e morto, ante à sua convicção de que a igreja não poderia pagar impostos, fazendo imergir a “crise do papado”, através da qual exilou o Pontificado da região de Roma, para Avignon, no Ródano, sudeste da França.
Foram 68 anos e 7 Papas antes do papado retornar à sua região originária, contudo, além do Rei Francês, os camponeses e viticultores também faziam questão da presença do Papa em seu território e, como forma de agradá-lo, resolveram elaborar um vinho especial, com um pouco de cada uma das melhores castas que se desenvolviam ao redor da região.
Chegaram a macerar, à época, 14 tipos de uvas para a elaboração do vinho, sendo elas:
Tintas: Grenache (junto à branca, somam cerca de 80%), Syrah, Mourvèdre, Cinsault, Muscardin, Counoise, Vaccarèse, Terret Noir.
Brancas: Grenache Blanc, Clairette, Bourboulenc, Roussanne, Picpoul e Picardin.
Um detalhe importante: em algumas literaturas, há de se encontrar a tese da existência de 13 uvas para a elaboração do vinho… é uma questão de interpretação, ambas as informações estão corretas, pois uns contam a grenache tinta e branca, como uma só variedade.
Em forma de agradecimento, o Papa cedeu, aos produtores, hoje demarcados e com região regulamentada (A.O.C), a permissão do uso das Chaves de São Pedro em suas garrafas de châteauneuf, uma honraria, pois se imaginava que a garrafa poderia abrir as portas dos céu.
Em suma, essa é a história…
Em nossa última reunião da confraria “Cavaleiros do Tastevin”, a temática foi exatamente essa e, além de renovarmos nossos conhecimentos com a história, testamos 5 deles. Eis, abaixo, a ficha de avalição de um branco e um tinto, como forma de tentar expressar, em palavras, o que esses néctares nos trazem.
Caso se interessem pela avaliação dos demais, dê uma conferida na página do facebook: https://www.facebook.com/cavaleiros.dotastevin – álbum, fichas de avaliação.
Até a próxima coluna… Cheers!