Em Curitiba para o show de comemoração aos 35 anos de carreira, o cantor e compositor romântico de popularidade, há muitos anos, comparável apenas à do rei Roberto Carlos, conversou no sábado à noite com a imprensa no camarim do Curitiba Master Hall.
?O romantismo não mudou nada. Desde que Deus inventou o homem e a mulher. Só muda o xaveco. Quando cê realmente tá apaixonado, tá amando, é igual desde que o mundo é mundo?, disse ele, pequeno em seu 1,70 m, mas gigante em carisma que se traduz em poder de sedução.
Quem pensa que as mulheres de meia-idade predominaram na platéia se engana. Elas estavam no gargarejo, é claro. Mas muitos jovens, garotos e garotas de vinte e poucos anos, como o nome dado à apresentação, compareceram para cantar junto com ele sucessos como Senta aqui, Que é que há, Enrosca, Só você e Felicidade.
Você aí pode até fingir e negar que curte o som romântico de Fábio Jr., seja pra fazer de conta que é durão, seja pra escapar do rótulo ridículo que ainda persegue o cantor, um dia chamado de brega apenas porque liderava a audiência das rádios populares.
O importante é que você sabe: tem aquela música que ele cantou, você gostou, cantarolou e até arquivou na memória porque marcou um momento de sua vida. Confira um pouco da história dele e a entrevista ping-pong, de perguntas e respostas que a Tribuna Pop fez a Fábio Jr.
Amores & filhos
Fábio Jr. foi casado cinco vezes e tem quatro filhos. Teresa, de quem pouco se sabe, foi a primeira mulher. Com a atriz Glória Pires ele viveu de 79 a 83 e teve Cleo Pires, hoje com 23 anos, e a única distante dele, porque se ressente de memória de falta de atenção, já que nasceu no período de trabalho mais intenso da vida de Fábio Jr.
Casado com a artista Cristina Kartalian, com quem viveu mais tempo, ele teve Tainá, de 19 anos, que quer ser modelo e atriz, Krizia, de 18 anos, que pratica hipismo, e Filipe, de 15 anos, que começa a seguir os passos do pai. Não teve filhos com as também atrizes Guilhermina Guinle, mulher dele de 93 a 98, e Patrícia de Sabrit, com quem viveu por apenas seis meses.
Brigadu!
Fábio, qual é o balanço que você faz desses 35 anos de sucesso?
Aai. Primeiro ?brigadu!?… agradecer esses anos todos. Ai, caramba. É continuar sonhando o mesmo sonho que eu tive quando tinha 11, 12 anos de idade. Então, o balanço pra mim é legal, olhar pra trás e falar, caramba, chegamos até aqui e tal, mas tem muita água pra rolar ainda.
Qual é o seu plano de futuro de carreira?
A gente tá já selecionando o repertório do próximo CD.
Namorando Beth Kera?
Não, não tamo mais, não.
Antes dessa caixa promocional (comemorativa aos 35 anos de carreira) já haviam saído os trabalhos da fase inicial da sua carreira?
Não, não. Primeira vez. Um trabalho de pesquisa muito bonito.
Expectativa de reconhecimento agora, então, por aquele trabalho, que foi difícil…
Taí, né.
Você batalhou mais ou menos uma década para conseguir se tornar uma estrela… Estrela tá no céu!… dando duro, como está registrado na sua biografia. Dá pra passar isso pra jovens que nasceram em berço de ouro, como é o caso dos seus filhos?
É o que eu falo pra eles. Não é que eles tenham que passar por tudo o que eu passei. Tem que dar valor pras coisas. Levei 12 anos pra acontecer alguma coisa na carreira. Não que eles tenham que levar 12 anos também, mas têm que levar a sério desde o primeiro minuto.
Agora você está trabalhando no lançamento do primeiro CD do seu filho…
Não, não tô trabalhando, não. Tô ajudando, assim… Ele que tá fazendo tudo. Produzindo o CD, gravando, fazendo os arranjos, compondo. Eu só dou uns toques nele, assim, né, pela experiência que eu já tenho.
É um rock? n? roll que ele vai tocar?
É.
Onde é que estão os outros Colegiais (nome da primeira banda de Fábio Jr., de 70, com os dois irmãos), o Danilo e o Heraldo?
O Danilo trabalha com o Raul Gil e o Heraldo é secretário de Esportes do município, de São Paulo.
Não trabalham juntos. Não seguiram uma parceria?
Não, não rolou mais. Eles seguiram outra linha, outro caminho.
E você então está solteiro?
Há tempo demais já pro meu gosto. Há cinco anos.
Mas e a Beth Kera?
Sozinho não. Eu estou falando solteiro. A Beth e eu nós namoramos.
É diferente.
Caixa promo
Seis peças compõem a caixa sonora comemorativa aos 35 anos de carreira do cantor e compositor. O primeiro DVD, Fábio Jr. ao vivo, de 2003, e mais 4 CDs reúnem seus principais trabalhos. Um deles tem as músicas da fase anônima, que não decolou, e raridades como as gravações em espanhol, lançadas somente em vinil no mercado latino, nos anos 80s.
Da primeira fase da fama, entre 79 e 84, a caixa inclui Pai, Quero colo, 20 e poucos anos, Enrosca, Senta aqui e Seres humanos. De mais tarde, a partir de 85, o estouro do cantor romântico ficou por conta de Quando gira o mundo, Sem limites para sonhar, Felicidade, Caça e caçador.
Dos anos 90s em diante, Alma gêmea, que fez mais sucesso agora há pouco com o relançamento para a trilha da novela global com esse nome, Obrigado, Impossível acreditar que perdi você, Minha metade, Coração dividido, Só você e Volta.
De trilha em trilha
Fábio Correa Ayrosa Galvão, escorpiano de 54 anos, é o 2.º de três irmãos com mãe professora de piano e pai taxista e dono de banca de jornais. Adolescente, já sonhava com a fama. Batalhando em festivais e programas de rádio e tevê, um diretor o provocou dizendo que não sabia cantar, mas poderia ser ator.
O resultado é que, como ator ou intérprete de trilhas, Fábio Jr. faz parte não só da história da música brasileira, como também da paixão nacional que são as telenovelas.
Atuou em Nina, Cabocla, Água viva, Louco amor, Roque Santeiro, Pedra sobre pedra, e em Corpo dourado, último trabalho na telinha, em 98. Balançou as rádios há pouco com Alma gêmea, da novela global com o mesmo nome da música, que é de 94.
Batalhas
Com os irmãos Danilo e Heraldo, Fábio Jr. formou em 70 o trio Os colegiais, que mudou de nome várias vezes e gravou três compactos. Em 74, já sozinho, gravou mais um compacto, cantando em inglês, com o nome de Mark Davis.
Deu sorte mesmo em 76, com o nome Fábio Jr. Dividiu com Silvio Brito a apresentação do programa Aleluia, da TV Tupi, e gravou o primeiro LP, com letras em parceria com o escritor místico Paulo Coelho.
No mesmo ano, foi chamado para trabalhar como ator na Globo. Estreou no ano seguinte, na novela Nina, e fez par com Lucélia Santos em Ciranda, cirandinha, em 78, quando tocou e cantou Pai, chamando a atenção da noveleira Janete Clair, que adotou a música para a abertura de Pai herói.
A contratação pela Som Livre, em 79, pôs fim à fase de dificuldades, e a partir daí, a gravação de discos e novelas passou a ser constante. Criado em homenagem ao pai, Antônio Luiz, falecido antes de vê-lo no auge, o som é cultuado nos shows em que lembra das lições de vida que recebeu.