Fabíola Tavernard – PopTevê
Guilhermina Guinle entrou no meio de Paraíso tropical com uma função nada fácil: viver Alice, uma mulher mimada ao extremo que só pensa em separar Bebel, personagem de Camila Pitanga, e Olavo, vivido por Wagner Moura – vilões que, por incrível que pareça, viraram o casal ?queridinho? do público. ?Já entrei sabendo que as pessoas não torceriam para ela ficar com o Olavo. Ainda mais sendo chatinha como ela é?, pondera a atriz.
A chatice da personagem, aliás, é o principal gancho da atriz para a composição que, segundo ela, acontece aos poucos. ?Novela é um exercício diário. Estou me familiarizando com ela no dia-a-dia?, explica. Outro ponto importante foi a sofisticação da moça. Guilhermina estava louríssima desde o filme Sexo com amor, de Wolf Maya, que rodou em fevereiro. Ao ser chamada para a novela, foi estimulada por Fernando Torquatto, responsável pela caracterização dos personagens da trama, a permanecer com o visual que, segundo ele, faria a diferença. ?Ele disse que eu seria uma das raras louras da história. De cabelo curto, então, eu seria a única?, conta ela, que permanece até o fim da trama.
Aos 32 anos, Guilhermina parece tomar fôlego em sua carreira televisiva. Formada em teatro, ela começou nos palcos na peça Entre amigas, em 1995. Um ano depois, veio o convite para a tevê, mas a atriz não teve sorte. Estreou na malfadada Antônio Alves, Taxista, do SBT. Depois, emendou nas não menos fracassadas Brida, que naufragou junto com a Rede Manchete, e Tiro e queda, da Record. Em 2003, estreou na Globo em Mulheres apaixonadas, e seu último trabalho foi em JK. ?Por isso não pude recusar um convite do Gilberto Braga para um papel tão interessante?, diz a artista, que protagonizou o longa Inesquecível, de Paulo Sérgio de Almeida. ?Todo ator tem o sonho de se ver naquela telona?, brinca.
Ator globalizado
Louise Araujo – PopTevê
Pedro Paulo Figueiredo/CZN |
Um ator alemão, de nome francês, vivendo um personagem irlandês em uma novela brasileira. A ?salada? de nacionalidades ainda confunde um pouco Pierre Kiwitt, que interpreta o médico Peter em Eterna magia. Mas nada que abale o entusiasmo do ator, nascido e criado em Munique. ?É uma grande aventura! Durante 30 anos eu morei em um mesmo lugar e, de repente, estava em um país do qual não conhecia nada?, explica.
A possibilidade de viver novas experiências, aliás, é a principal razão apontada pelo ator para interpretar o médico na trama das seis. Inicialmente, a agência da qual Pierre faz parte havia oferecido o currículo do ator na internet mirando trabalhos em inglês. Para surpresa de Pierre, o que surgiu foi o teste para o papel em português – e ele afirma que não pensou duas vezes. ?É uma proposta única. Em qualquer profissão, aliás. Conhecer outro país é uma oportunidade de aprender sobre o mundo e crescer?, avalia.
Decidido a se tornar o neurologista Peter, ele esbarrou em um percalço e tanto: o idioma. Pierre confessa que, até então, ele via com estranhamento uma língua tão diferente da sua. ?O português, para mim, não passava de um balbucio?, brinca. O jeito foi apelar para um amigo brasileiro, que prestou uma ?consultoria? informal e gravou o texto para que o ator se acostumasse com a entonação das palavras. ?Mas fiz todo resto sozinho. Fui câmera, ator e diretor?, diverte-se.
Aprovado para o papel, foi a hora de se adaptar ao novo veículo. Apesar de ter experiência em comerciais de tevê, a carreira de Pierre sempre esteve mais próxima do cinema e, principalmente, do teatro – em que atuou em oito peças, inclusive a conhecida Fausto, do conterrâneo Goethe. Por isso, para se acostumar ao ritmo intenso das novelas brasileiras e às muitas páginas de texto que decora diariamente, o alemão conta com a ajuda de um coach. ?Ele me dá muitas dicas, inclusive de direção. Não vou dizer que é fácil, mas acho que consegui pegar bem?, acredita.
Além do apoio profissional, Pierre não deixa de destacar que seu trabalho também é resultado da boa recepção que teve desde a chegada ao Brasil. ?Fui recebido de braços abertos. Não sei como vai ser a partir de agora, porque me deixei levar por essa abertura?, derrete-se. Vivendo pela primeira vez abaixo da Linha do Equador, ele diz que já pensava em ?mudar de ares? antes de estabelecer-se no Rio de Janeiro. ?Queria ir para a África, fazer trabalhos de caridade. No primeiro mundo, não se percebe que existe muito mais para se conhecer no planeta?, defende.
Mas não é só de calor humano que Pierre gosta. Acostumado às temperaturas menos convidativas do Velho Mundo, ele está ?se esbaldando? com o clima mais agradável que encontrou no Rio de Janeiro. Mostrando uma disposição de atleta, ele conta que corre, nada e anda de bicicleta, além de surfar três vezes por semana, e ainda pensa em mais. ?Quero escalar a Pedra da Gávea. Para mim, esporte e arte andam juntos, são duas faces da aventura?, garante.