Arquivo/Átila Alberti
Em 2004, Bruna ainda tinha
a guarda dos filhos.

Há exatos dois anos a cineasta israelense Nili Tal desembarcou no Brasil com uma parafernália de equipamentos, a idéia fixa de fazer um documentário sobre a vida da jovem Bruna Aparecida Vasconcelos, aquela mesmo que há 21 anos foi seqüestrada em sua casa, no Cotolengo, por uma falsa babá e entregue à quadrilha internacional que vendia bebês para casais de Israel.

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Embora fosse um documentário e, presume-se, iria contar a verdadeira história, Nili já tinha toda a trama e o roteiro na cabeça. Ela queria mesmo era provar, por ?A + B?, que Bruna estaria muito melhor em Israel, com os pais ?adotivos? – que a compraram por US$ 5 mil, segundo informações da polícia na época dos fatos – do que no Brasil, vivendo na pobreza. Tal foi a sua frustração, quando começou a ouvir as pessoas que trabalharam no caso e todas confirmaram que Bruna foi vítima de um seqüestro e que a mãe dela, Rosilda Gonçalves, não tinha entregue a menina em adoção, como diziam em Israel. Furiosa, ela chegou a dizer que voltaria para seu País com as mãos abanando, porque não tinha uma história.

Mas, mexe daqui, mexe dali, Nili conseguiu juntar pontas deste triste acontecimento e fez o filme. Mostrou a Bruna de hoje, vivendo na pobreza, mãe de dois garotos – o primeiro filho ela teve aos 14 anos -, morando de favor na casa do pai alcoólatra, sem emprego e sem saber o que fazer da vida. Mostrou o pai, Luiz Américo, dizendo que não queria ficar com a filha e os netos, que não gostava dela e que seu maior desejo era vê-la fora dali. Mostrou também Rosilda, pela enézima vez contando que foi até Israel lutar para recuperar sua filha roubada – ela teve ajuda de uma emissora de televisão da Inglaterra que custeou suas despesas – e que não teria dinheiro no mundo que pagasse pela menina, mesmo que os pais adotivos oferecessem milhões de dólares para ficar com ela. Enfatizando sua cantilena de que o melhor lugar do mundo para Bruna era ao lado da mãe verdadeira.

Revelação

Mara Cornelsen

O filme, na realidade, é muito triste. A vida de Bruna poderia ser bem diferente, se, quando voltou ao Brasil, dois anos e quatro meses depois do seqüestro, ela e a mãe tivessem recebido o necessário apoio psicológico. Mas ambas, depois de um ?carnaval? que reuniu políticos, empresários e até o governador do Estado, foram abandonadas. Rosilda continuou a ser perseguida pela imprensa israelense, que a toda hora queria saber de Bruna – Caroline lá em Israel. Desenvolveu verdadeiro pavor de ter a filha seqüestrada de novo e isso alterou toda a sua vida. O pai da menina, já dado ao vício da bebida, tratou de desaparecer, abandonando-as à própria sorte.

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Bruna tornou-se uma criança rebelde e adolescente fujona. Por 12 vezes, confessa ela, saiu da casa da mãe, que varria as favelas nas madrugadas, procurando por ela. Quando engravidou, foi para uma casa de freiras e, mesmo sem ter idéia de como sustentaria o bebê, recusou-se a deixá-lo para adoção. Sem aprender a lição, três anos depois engravidou de novo. Outro garotinho, cujo pai nem o conhece. Sem trabalho, sem ter onde morar, foi parar na casa do Luiz Américo, na periferia de Curitiba. Ambos brigavam muito. Ela saía à noite e deixava os meninos com o avô. Ele também saía e as crianças ficavam por conta própria. Até que um dia, os dois meninos foram recolhidos pelo Conselho Tutelar. Bruna chorou, esperneou, mas não conseguiu reavê-los. O documentário mostra tudo isso, infelizmente para os brasileiros e felizmente para os israelenses, que mais de duas décadas depois vão se sentir ainda cheios de razão quando garantem que Bruna estaria muito melhor lá do que aqui. Nili conseguiu seu objetivo!

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Em exibição

Nili Tal já ganhou prêmios com o filme, que agora será exibido no Brasil, no 13.º Festival Internacional de Documentário É Tudo Verdade. São 138 produções não-ficcionais vindas de várias partes do mundo e também do Brasil, é claro. O É Tudo Verdade foi criado em 1996 pelo escritor e crítico Amir Labaki, que o dirige até hoje, com sucesso maior a cada ano. A mostra deste ano começou no dia 26 passado e vai até 6 de abril, com exibições em salas de São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru, Caxias, Recife e Brasília. Infelizmente não vem para Curitiba.

Paralelamente, ocorrerá do dia 1.º a 4 de abril, a 8.ª Conferência Internacional do Documentário, em São Paulo.

O filme da vida de Bruna tem 52 minutos – leva o nome da jovem – e será exibido hoje, às 14h, no Rio de Janeiro, no Instituto Moreira Sales, e no dia 3 de abril, às 20h, no mesmo local; dia 1.º de abril, em São Paulo, às 20h, no Reserva Cultural.

Labaki, o diretor do festival, comoveu-se com a história de Bruna e gostaria muito que ela visse o filme, para saber se aprovava ou não o que foi mostrado. A jovem não foi localizada, mas o convite ainda está de pé. Se alguém souber onde Bruna está, pode entrar em contato com a Tribuna, para que ela tenha a oportunidade de ver o documentário sobre sua própria vida. (MC)

No mundo da lua

Carla Neves – PopTevê

De todas as personagens que viveu até hoje na tevê, Ísis Valverde não tem dúvida: Rakelli, de Beleza pura, é a que menos tem a ver com ela. ?A Rakelli só tem uma coisa parecida comigo: quando ela quer uma coisa, ela quer mesmo. Independentemente das conseqüências que aquilo vai ter?, afirma a atriz, sem rodeios. Assim como a sonhadora manicure da trama de Andrea Maltarolli, Ísis é do tipo que não se acomoda e, quando encasqueta com uma idéia, corre atrás dela com determinação. ?Igual quando aos 15 anos decidi ir embora de casa. Chorei muito, mas não voltei atrás. Essa sede de ir atrás do que quer da Rakelli é igual a mim?, orgulha-se.

Tamanha desenvoltura diante da vida se reflete no desempenho de Ísis na pele da manicure ?sem noção? que vive dançando pelos cantos, com o seu divertido ?5,4,3,2,1?, e sonhando em se tornar dançarina do programa Caldeirão do Huck. A performance da atriz é tão boa que nas ruas e nos bastidores, vira-e-mexe, ela é elogiada pelas cenas da novela. Mas, por incrível que pareça, essa mineira de 21 anos se esquiva quando é atribuída a ela a responsabilidade pelo prestígio alcançado por sua personagem perante o público. ?Esses louros não são dedicados só a mim. Tudo isso é fruto de um trabalho em equipe bem feito e de uma autora com sede de escrever uma história legal?, despista.

Se, por um lado, Ísis não se envaidece com o sucesso da personagem, por outro, ela faz questão de frisar o quanto estudou para construí-la. ?Trabalhei com tudo o que achei capaz de agregar alguma coisa à Rakelli?, conta. Para dar credibilidade à escandalosa manicure e aprender a fazer unhas direitinho, a atriz passou uma semana em um salão de beleza. Ísis também fez três meses de aula com a preparadora corporal Helena Varvaki.

Ísis conta que aprendeu com Zezé Polessa e Osmar Prado, ator que também consultou para saber sua opinião sobre comédia que quanto mais levar a sério uma personagem cômica, mais engraçada ela fica. ?Por isso não trato a Rakelli como piada. Trato-a como um ser humano?, justifica, com ar sério.

Por Rakelli usar e abusar de tops e minissaias na novela, Ísis que alisou e clareou os cabelos para encarnar a manicure tem consciência do apelo sexual que a personagem desperta. Não à toa, já pintaram convites para ela posar nua. ?Mas isso não me agrega nada?, afirma. Ao contrário de Rakelli, Ísis é extremamente ?pé não chão? e não se deixa levar pela fama fácil. Tanto que se considera uma privilegiada por já ter no currículo personagens tão marcantes quanto a misteriosa Ana do Véu, de Sinhá Moça, e a garota de programa Telma, de Paraíso tropical.




Desinibida

A Panicat Dani Bolina, 24 anos, é capa da revista Sexy que está chegando às bancas. A modelo, que trabalha no programa Pânico na TV!, posou nua em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. Sem timidez, a bela gaúcha disse que ficou muito à vontade durante as fotos.