Questão de classe

Beatriz, personagem de Priscila Fantin em Sete pecados, já passou por muita coisa na trama. Esbanjou sofisticação em sua fase mais ?patricinha? e armou planos mirabolantes para conseguir o amor de Dante, vivido por Reynaldo Gianecchini. Já chorou, se fez de vítima, humilhou os menos favorecidos e soltou boas gargalhadas ao conseguir a qualquer custo seus objetivos. Definida inicialmente como a personificação dos sete pecados, o que se percebe na aproximação da reta final da trama é que a ?protagonista-vilã? foi do luxo ao lixo. Literalmente. ?Ela ainda tem muito o que aprender até entender o que é amar de verdade?, avalia Priscila.

Mas é justamente na arrogância e na variedade de emoções sofridas pela vilãzinha ao longo da história que Priscila acredita estar a riqueza da personagem. Aos 24 anos, e oito de carreira, Priscila diz que já aprendeu a lidar com as críticas. Além de se cobrar bastante, ela está sempre preocupada com a repercussão de seu trabalho. ?Todas as críticas são válidas para balizar minha atuação. Até porque eu mesma sempre acho que meus resultados poderiam ser melhores?, pondera. Críticas à parte, o mais difícil, para ela, é a exposição crescente na mídia não apenas da sua, mas da vida pessoal dos artistas em geral. ?Isso é péssimo?, reclama a atriz, que, por sempre ter papéis de destaque nas novelas, teve de aprender a domar o ego. ?Graças aos meus valores, consigo lidar bem com isso. Tenho ideais maiores?, garante.

Após a novela que dará lugar à Beleza pura, de Andrea Maltarolli, a partir de fevereiro, Priscila está decidida a estrear no teatro. A atriz também não vê a hora do lançamento de seu primeiro filme, Orquestra de meninos, de Paulo Thiago.

Fabíola Tavernard – PopTevê

Preso ao passado

Emílio Orciollo Neto está se tornando expert em interpretar personagens de época. O ator, que hoje dá vida ao bom moço Argemiro em Desejo proibido, trama das seis da Globo, já esteve nas novelas O rei do gado, Esperança e Alma gêmea, além das minisséries Chiquinha Gonzaga, Um só coração e Amazônia De Galvez a Chico Mendes. ?Dizem que tenho cara de homem antigo. Talvez por isso sempre me convidem para fazer papéis de época?, afirma. Mas logo acrescentando, aos risos: ?Mas adoraria fazer um vilão?.

Na pele do ?mineiríssimo? dono da pensão e do armazém da fictícia cidade de Passaperto, Emílio garante não ter encontrado dificuldade para compor o sotaque de seu atual personagem, que carrega um jeitinho manso de falar. ?Nasci em São Paulo, mas fui criado em Lambari, no sul de Minas. Também tenho família em ?Belzonte?, brinca ele, usando o jeito interiorano de se referir à capital mineira. Além da familiaridade com o falar da região, o ator conta que teve aula de prosódia com a professora Íris Gomes da Costa. ?Ela é uma grande conhecedora do linguajar e dos costumes da língua portuguesa?, elogia.

Filho de Alcebíades, personagem de Othon Bastos, e Purezinha, de Eliana Fonseca, Argemiro é o ?bom partido? da cidade, já que é trabalhador e honesto. Apaixonado por Florinda, vivida por Grazielli Massafera, o personagem passa por maus bocados por conta de sua timidez. ?Ele é tão acanhado que não consegue se declarar à filha do prefeito?, diverte-se. Apesar de não ser correspondido por Florinda, que a princípio o considera um ?caipirão? , Argemiro desperta os olhares apaixonados de Eulália, irmã da moça interpretada por Aninha Lima.

Emílio destaca que o mais característico de seu personagem é que ele começa em ritmo lento na trama de Walther Negrão. Ele conta que Argemiro passa a agir mais, capítulos à frente, quando provavelmente conseguirá fisgar o coração da filha do prefeito. O ator admite que seu papel é tão ingênuo que, além de sofrer por amor, também vai sofrer por confiar demais nas pessoas.

Apesar de estar acostumado a viver caipiras engraçados na tevê, Emílio garante que Argemiro é bem diferente do caricato Crispim, personagem que interpretou em Alma gêmea, exibida em 2005 na Globo. ?O Crispim era muito caipira, um capiau da roça, mesmo. Já o Argemiro é mais centrado e romântico?, compara. O ?capiau da roça? a que Emílio se refere, contudo, lhe rendeu dois prêmios como Melhor Ator. ?Graças a Deus o Crispim foi um sucesso?, observa.

Fora da TV, Emílio continua se dedicando ao teatro, uma de suas grandes paixões. Por conta da novela, contudo, ele teve de dar um tempo com a peça A graça da vida, que ficou em cartaz no Teatro Vivo, em São Paulo, até o final de setembro. Por enquanto, Emílio só tem certeza de que em maio do ano que vem vai estrear ao lado de Maria Clara Gueiros, a comédia Os difamantes, dirigido por Graziela Moretto

Carla Neves – PopTevê.

Com o pé direito

De uns tempos para cá, é assim: entra novela, sai novela, e tem sempre um casal de homossexuais no ar. Duas caras, escrita pelo polêmico Aguinaldo Silva, não é diferente. E a ?missão? de viver o gay da trama, Bernardinho, é do estreante Thiago Mendonça, que só era conhecido por sua atuação como Luciano no premiado filme 2 Filhos de Francisco, de Breno Silveira. ?Minha preocupação é humanizar o personagem, não fazê-lo caricato e dar a ele uma conduta digna. A sexualidade não define o caráter de ninguém?, defende o ator nascido em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

Sem dúvida, a história de Bernardinho contribuiu para que o ator de 27 anos se destacasse em um elenco repleto de grandes nomes. Responsável pelos afazeres domésticos de casa, Bernardinho já despertava a desconfiança da madrasta Amara, de Mara Manzan. E foi vítima de um plano armado por ela, que punha em dúvida sua opção sexual. Ao perceber a armação, o rapaz se assumiu de vez e decidiu ir embora. Sem ter para onde ir, ele só recebeu o apoio de Juvenal, personagem de Antônio Fagundes, que o abriga, desde então, na quadra da Escola de Samba da Portelinha. Com grande talento culinário, aliás, Bernardinho vai, em breve, se tornar dono de um restaurante, o Castelo de São Jorge, também na favela fictícia. ?Os outros têm problemas com a sexualidade dele, mas ele não. A relação dele com a Dália, da Leona Cavalli, por exemplo, é de duas metades que se completam?, opina.

Para conquistar o papel, Thiago desbancou oito candidatos após uma produtora de elenco vê-lo em cena com a Cia. de Teatro Íntimo, da qual faz parte há três anos. Mas seu interesse pelos palcos começou aos 16, depois de já ter pensado em ser advogado, veterinário, médico e até carteiro. ?É por isso que virei ator, para ter a oportunidade de viver de tudo?, diverte-se ele, que sonha em interpretar Lauro Corona, ator falecido há 18 anos, vítima de aids. ?Ele é um ícone e não apenas um galã?, sonha.

Fabíola Tavernard – PopTevê

Persistência mineira

Há um ano, se Mariana Rios desse seu depoimento sobre como é fazer testes para a tevê, seria taxativa: é horrível. ?Nunca dava certo. Ano passado pensei até em desistir?, conta. Mas graças ao aumento de auto-estima que teve ao estrear no elenco da peça Tipos, de Oswaldo Montenegro, a bela mineira de 20 anos resolveu se dar uma segunda chance e aconteceu o que não esperava mais. Ela foi aprovada no teste para atuar em Malhação. Resultado: hoje, Mariana dá vida à patricinha Yasmin na novelinha da Globo.

Nascida em Araxá, Minas Gerais, Mariana canta profissionalmente desde os 7 anos de idade. Começou compondo e cantando jingles para produtoras e, mais tarde, aos 15 anos, se mudou para Uberaba, onde passou a fazer shows com bandas em barzinhos. ?Tudo começou com a música, sempre cantei?, constata. Mas, desde pequena, Mariana sonhava em se mudar para o Rio de Janeiro para tentar a carreira de atriz. Tanto que, quando completou 18 anos, sua primeira atitude foi arrumar as malas e rumar para a capital fluminense. ?Já cheguei matriculada na Casa de Artes das Laranjeiras. Depois comecei a fazer espetáculos com o Oswaldo Montenegro e cheguei a gravar três DVDs com ele?, orgulha-se.

Enquanto participava das peças e se aperfeiçoava cada vez mais como cantora e atriz, Mariana tentava a sorte nos testes para a tevê. Mas só recebia ?não atrás de não?. ?Achava que não prestava para nada?, conta. Quando já estava decidida a renunciar os dois anos de CAL e voltar para Araxá, ela ficou sabendo que havia um teste para a nova temporada de Malhação. E, para a sua surpresa, a personagem em questão tinha o seu perfil. ?Além de ser mineira, a personagem também teria de saber cantar?, lembra.
Ao contrário da personagem, que, na maioria das vezes, é grosseira e estressada, Mariana é a calma em pessoa. Com um jeito simples e tranqüilo de conversar, a atriz acha até um pouco exagerado o modo como Yasmin age na trama. ?Ela é fresca, esnobe e tem o jeito de falar bem diferente do meu. Todas as frases dela começam com
?tipo assim??, conta.

Embora tenha entrado em Malhação em uma fase ruim, de recuperação de audiência, Mariana não se assusta nem encara com medo o peso da responsabilidade de fazer a novelinha emplacar novamente. ?Estou tão maravilhada e com vontade de fazer o meu trabalho bem feito que nem penso na pressão. Quando faço, faço de coração?, afirma a atriz, que ainda não sabe qual será o futuro musical de sua personagem no folhetim. ?Ainda não sei qual repertório a Yasmin vai explorar. Apesar de eu enveredar para a bossa nova e o pop rock, se ela virar roqueira, viro roqueira também?, garante, às gargalhadas.

Carla Neves – PopTevê

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