Foto: DivulgaçãoTraços finos, cabelos louros encaracolados, olhos verdes e um ar angelical. Essas seriam características de mocinhas doces e românticas de qualquer folhetim. Mas não é o caso de Patrícia Pillar. Aos 42 anos, ela é uma atriz de personagens fortes. Desde que estreou na tevê, em Roque Santeiro, de 1985, não é raro vê-la na pele de mulheres politizadas. Desde a bóia-fria Luana, de O rei do gado, passando pela Salomé da trama homônima, e a Emerenciana de Cabocla, até a Cândida, que interpreta atualmente em Sinhá Moça, todas convergem para o mesmo ponto: a ideologia que carregam. ?Mas não gosto de ser rotulada. Sou feita para qualquer personagem?, afirma a atriz que vai dirigir um documentário sobre a vida do cantor Waldick Soriano, assim que terminar a novela.

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A própria ?evolução? de Cândida ao longo da trama reforça o tal ar politizado. No início, a Baronesa até conseguia ser feliz com a vidinha ?sem sal? que levava ao lado do marido, o insensível Barão de Araruna, de Osmar Prado. Depois, deixou de lado a postura de mulher submissa e passou a defender com mais veemência as idéias abolicionistas da filha, personagem-título de Débora Falabella. E, provavelmente, deve assinar a própria ?carta de alforria? e terminar ao lado de Ricardo, de Bruno Gagliasso. ?Essa ambigüidade é marcante. Ao mesmo tempo que é uma esposa impecável, ela é cheia de contradições e vontades?, analisa a atriz.

Apesar de ter vivido tipos marcantes em seus 21 anos de carreira na tevê, é no cinema que Patrícia Pillar diz ter interpretado a personagem mais importante de sua vida. Ela foi Zuzu Angel, estilista mineira no filme homônimo de Sérgio Rezende, e não titubeia em enquadrá-la em uma categoria ?à parte?. ?É a personagem mais difícil da minha carreira?, enfatiza.

Fabíola Tavernard – PopTevê

?Quero boas personagens, sejam elas de época ou não?

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Após viver duas personagens de época seguidas, agora pretende voltar a viver tipos mais contemporâneos?

Adoro trabalhos de época. É uma oportunidade de estudar a nossa história. Mas também gosto de contar histórias que tenham a ver com questões atuais. Quero boas personagens, sejam elas de época ou não.

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Você interpretou, na primeira versão de Sinhá Moça, a personagem Ana do Véu, de Ísis Valverde. Por ter participado das duas, como avalia a original de Benedito e o remake de Edmara e Edilene Barbosa?

Há 20 anos, eu era uma moça com pouca experiência na tevê. Agora, mais amadurecida, acho que as histórias desta versão estão mais elaboradas, até pela atualização que foi feita.

Você está fazendo uma espécie de making of das gravações da novela. E há também o documentário sobre o cantor Waldick Soriano. Você quer ser diretora?

Curto muito inventar, brincar com essas coisas. Mas não tenho a pretensão de me tornar cineasta. Estou fazendo o filme em um ritmo calmo, sem pressão. Depois de concluí-lo, talvez faça um curta inspirado em uma obra literária.

Porque escolheu a vida de Waldick para fazer um documentário?

Pela paixão que o trabalho dele me despertou. Sempre gostei das suas músicas e comecei a ouvir cada vez mais. Queria saber por que ele foi posto no nicho do cafona, depois brega e assim ficou. Waldick Soriano tem 82 discos, uma obra musical grande, com pérolas como Tortura de amor, e Quem és tu?. Acho um deslumbre. Ele foi lavrador, garimpeiro, motorista de caminhão, servente, engraxate. É um cara com um conteúdo incrível. Tem material de sobra.

Caminho promissor

À primeira vista, Guilherme Berenguer dá a impressão de ser um velho conhecido. Falastrão, traz no rosto um sorriso escancarado e tira da manga uma ou outra gracinha. Há apenas dois anos e meio no ar, o irrequieto ator vive um momento ascendente na curta carreira. Foi protagonista de Malhação, de onde saiu direto para viver um moderninho no estilizado Velho Oeste de Bang Bang. Agora interpreta Eduardo em Sinhá Moça, um engenheiro visionário em pleno Século XIX. ?Estou contente com as oportunidades que aparecem. Em pouco tempo, consegui diversificar os papéis?, observa Guilherme.

Seu personagem compõe um triângulo amoroso capaz de mobilizar torcida. Fino, educado e bonito, Eduardo se encanta por Ana do Véu, interpretada por Ísis Valverde. E é o rival perfeito para Ricardo, de Bruno Gagliasso, o marido caipira da moça. Guilherme acredita num possível final feliz para Eduardo.

Carolina Marques – PopTevê

Estrelinha das oito

Ao entrar pela porta do estúdio de Páginas da vida, no Projac, Joana Mocarzel cumprimenta quem estiver pela frente. A garotinha de apenas sete anos já parece velha conhecida de quem só aparecia para ela na televisão. De mochila nas costas e boneca na mão, Joana não se desprende da mãe, Letícia Santos, até estar à vontade.

E quando se sente em casa, ninguém a segura. Corre de um lado para o outro, faz gracinhas comuns a qualquer criança de sua idade e amarra a cara quando contrariada. Tudo seria muito rotineiro, não fosse Joana portadora da Síndrome de Down, o que por si só poderia excluí-la. Há menos de um mês no ar como a Clara, a menina chama a atenção no horário nobre de uma audiência que muitas vezes prefere ignorar a doença e seus portadores. ?Quis trazer o tema à tona para ampliar a discussão, falar da exclusão. Não sei qual seria a minha reação ao ter um filho Down. Quantos pais não escondem os filhos para preservá-los??, argumenta Maneco.

Ao que parece, Joana foi completamente inserida no mundo televisivo. E esta nem é a primeira vez que está em cena. Joana já tinha figurado no horário nobre em América, como entrevistada do fictício programa É preciso saber viver, apresentado por Dudu Braga, dentro da trama. Joana, na realidade, nem parece ligar muito para as câmeras. ?Desde muito pequena está acostumada a ser filmada em festinha de aniversário e reuniões familiares?, conta a mãe. Quando está em seu universo particular, no entanto, Joana detesta ser incomodada. Como sua fama já corre mundo, a pequena atriz vai ser tema de um programa da rede americana CNN.

A equipe da emissora passou dois dias com Joana. Mas cada vez que ela via o câmera em seu encalço, tratava de colocar o pé na lente para não ser filmada. ?Pequena desse jeito e já virou uma estrela?, brinca Jorge de Sá, o Salvador, seu colega de cena. Joana gosta mesmo é de desenhar e falar ao telefone. Ao ver um celular, todo cuidado é pouco. Sai apertando as teclas e tagarela sem parar. Não é de simpatizar com as pessoas logo de início. Precisa de um tempinho para estabelecer contato e se sentir segura. Até que isso aconteça, responde com um ?não? a qualquer pergunta que lhe é feita.

Carolina Marques – PopTevê

Na ponte-aérea, rotina de gente grande

Joana é uma criança tranqüila, mas fica mal-humorada quando tem de sair cedinho de São Paulo e gravar no mesmo dia no Rio. ?Peço sempre para a produção me dar mais tempo, porque senão ela não rende. Se cansa muito?, conta Letícia. A mãe nunca pensou em se mudar para o Rio, pois Joana tem muitas atividades na capital paulista, como terapia e fonoaudiologia, duas vezes por semana. Além, é claro, da escola regular, onde os amiguinhos chegaram a pensar que a menina sumiria depois de virar estrelinha da tevê.

?É claro que existe um assédio maior, mas na cabecinha da Joana isso tudo é brincadeira?, observa Letícia.

Uma brincadeira de gente grande, a bem da verdade. E o clima é esse quando Joana aparece no set. Tudo fica preparado para ela. Inclusive os atores. ?Se ela quiser falar mais, vai na dela, Rê?, sugere Jayme Monjardim à atriz Regina Duarte, que na trama vive Helena, mãe adotiva de Clara. ?Desde a primeira vez que nos vimos tivemos afinidade. Ela chega ao estúdio e me dá logo um abraço enorme?, orgulha-se a atriz. Fora a mãe, Regina é a pessoa a quem Joana mais obedece. Mas o abraço enorme não é privilégio exclusivo da veterana. ?Ela é um docinho. Toda vez que chega aqui, me dá beijo, abraço, diz coisas engraçadinhas?, derrama-se Letícia Sabatella, a irmã Lavínia.

Em seus momentos de famosa, Joana só não gosta muito é de dar autógrafos. Mas nem é pelo fato de ainda não saber escrever o próprio nome – para ela, um rabisco é suficiente -, mas pela abordagem de estranhos.

O efeito colateral comum ao ?ofício? televisivo deve se ampliar com o documentário Do luto à luta, dirigido pelo próprio pai, Evaldo Mocarzel. ?Fizemos esse documentário para esclarecer muitos mitos que existem em torno da doença. Nós também não sabíamos nada antes da Joana nascer?, diz Letícia, para quem o conceito de perfeição mudou muito. ?Todos queremos ter filhos perfeitos. Eu só quero que a minha filha seja feliz?, conclui. (CM)

Sob medida

Lucielle di Camargo estava no trânsito quando, em novembro do ano passado, recebeu uma ligação de Manoel Carlos. Do outro lado da linha, o autor dizia que estava escrevendo uma personagem especialmente para ela em Páginas da vida. De cara, a atriz até pensou que fosse alguma ?pegadinha?. ?Não acreditei que fosse ele mesmo me convidando?, recorda, aos risos. Mas o convite era ?oficial? e Luciele tem, com Camila, o maior papel de sua carreira. Antes, ela atuou em Mulheres apaixonadas, Senhora do destino e Celebridade. ?Não interessa a importância do personagem. A responsabilidade é a mesma?, disfarça.

Desta vez, Lucielle vive uma jovem cheia de conflitos. Por não conhecer o pai, Camila vive em ?pé de guerra? com a mãe, Elisa, vivida por Ana Botafogo. E, de acordo com a sinopse inicial, Lucielle se envolve, ou com o padrasto, Ivan, vivido por Buza Ferraz, ou com outro homem casado da trama. ?Desde o início eu sabia que Camila daria muito trabalho?, conta.

Ao contrário da personagem, Lucielle só deu um ?pequeno? trabalho quando decidiu ser atriz. Vinda de uma família humilde de Goiânia, desde pequena ela sonhava em aparecer na tevê e chegava a representar em casa personagens de novelas. ?Eu pedia para meus pais não falarem comigo, porque eu era a viúva Porcina?, recorda, aos risos, referindo-se ao papel de Regina Duarte em Roque Santeiro. Depois, com o sucesso dos irmãos, Zezé di Camargo e Luciano, ?perturbou-os? para estudar teatro em São Paulo. Ainda cursou uma Faculdade de Artes Cênicas e o renomado Actors Studio, de Nova York.

Fabíola Tavernard – PopTevê

Raio-X

Nome: Maria Lucier Camargo;

Nascimento: 25 de outubro de 1977, em Goiânia;

Nas horas livres: leio, vou ao cinema e caminho na praia;

No cinema: Anjos do sol, de Rudi Lagemann;

Música: só não gosto de rock pesado;

Livro: Fúria santa, de Cacilda Becker;

Prato predileto: comida japonesa;

Mulher bonita: minha mãe;

Homem bonito: meu ex-namorado;

Cantor: Robin Williams;

Cantora: Gal Costa;

Ator: Raul Cortez;

Atriz: Cláudia Abreu;

Animal de estimação: três cachorros, dois gatos e duas tartarugas;

Escritor: Sidney Sheldon;

Arma de sedução: várias, mas o olhar permanece;

Programa de índio: ir a uma festa sem ser convidada;

Melhor viagem: para Nova York, no ano passado;

Inveja: de corpos sarados;

Ira: mentira;

Preguiça: em dias de chuva, ficar em casa comendo pipoca e vendo tevê;

Vaidade: não fico sem me depilar e sem fazer as unhas;

Mania: de organização com meu guarda-roupa. Tudo é separado por cores, e dobrado no mesmo tamanho.