Quem assiste ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, que arrebata a maior audiência televisiva do Carnaval brasileiro, espera mais do que uma simples passeata de sambistas e carros alegóricos. Boa parte do público que assiste ao evento aguarda mesmo é pela aparição das musas da televisão. Como Luciana Gimenez, apresentadora do Superpop, que este ano ocupa o lugar que pertenceu a Luiza Brunet durante 11 anos,

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como rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense. Para não fazer feio, ela intensificou a malhação e teve aulas de dança com a professora Gisele Alves. ?A minha maior responsabilidade é satisfazer o público que me prestigia?, revela Luciana.

Assim como ela, beldades como Quitéria Chagas, Carol Castro e Adriana Bombom também são figuras conhecidas do público televisivo e, por isso, investiram pesado na preparação para não decepcionar. Mesmo atrapalhada com as gravações de Bang Bang, Carol procurou freqüentar os ensaios e, este ano, seu segundo à frente da bateria do Salgueiro, se entrosou mais com os integrantes da escola. ?Tive de me dividir em seis. Mas este ano estou mais afiada com a escola?, justifica ela, que não esconde o nervosismo. ?O Salgueiro abre os desfiles esse ano?, explica.

Para as que tem uma carreira televisiva de menor visibilidade, a aposta na vitrine carnavalesca é ainda maior. Adriana Bombom se destacou na tevê como assistente de Xuxa, enquanto Quitéria Chagas trabalhava com Gugu Liberato no Domingo legal. Ambas juram que já nasceram com o samba no pé. ?Desde pequena este era meu sonho?, confessa Quitéria, que este ano defende o Império Serrano. Adriana encara o desafio de desfilar em três escolas de samba, em partes diferentes do país. ?Vou sair na Tom Maior, em São Paulo, na Rouxinóis, em Porto Alegre, e na Portela, no Rio de Janeiro?, enumera a mulata, que atualmente apresenta o Carnaval Record e participa do júri do programa Melhor do Brasil, apresentado por Márcio Garcia. Pode parecer muito esforço, mas Adriana até desdenha. ?Não faço nenhuma preparação especial, afinal já malho o ano inteiro.?

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Toque de personalidade

Para tentar inovar na Marquês de Sapucaí, Quitéria Chagas inventa suas próprias coreografias. E promete surpresas para a ?hora H?. ?Devo colocar uns toques de maracatu?, deixa escapar. Ela freqüenta a quadra da Império Serrano desde meados de julho e credita boa parte de seu sucesso à paixão que tem pela folia carnavalesca e ao seu entrosamento com a comunidade onde fica a escola. Na quadra da Imperatriz Leopoldinense, Luciana Gimenez faz coro. ?É muito importante estar em sintonia com a comunidade, afinal o Carnaval é deles?, atesta.

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Se a intenção é mesmo atrair todos os olhares na avenida, as fantasias merecem um destaque à parte. Luciana faz mistério quanto ao modelito. ?Só posso dizer que é lindo?, garante a apresentadora, que deverá aparecer com um figurino prateado e botas salto 15. A confecção da roupa foi feita por Carlinhos Barzelai, o mesmo que desenhou a roupa de Quitéria. ?Ela vai estar mais vestida este ano. Com penas nobres, como a de faisão e muitos detalhes em ouro?, descreve Carlinhos.

Como boa foliã, Quitéria apenas lamenta o fato de o Carnaval ter se tornado um comércio, no qual muitas pessoas só querem aparecer. ?As pessoas desfilam sem amor pela escola. Só querem se autopromover?, alfineta a moça. Ela garante ter recebido o aval das passistas da escola quando foi eleita para o cargo. ?Elas acham que eu represento realmente a comunidade?, orgulha-se ela.?Ser madrinha é a realização de um sonho.?

Para todas as musas televisivas que brilham no Carnaval, o essencial é não se deixar distrair pela emoção. E, principalmente, se concentrar a fim de garantir boas notas para a escola que representam. ?É muito difícil estar ali em frente aos juízes. A gente se empolga com a energia das arquibancadas e esquece que está sendo julgada?, preocupa-se Carol. Afinal, por mais que já façam sucesso na televisão, durante os 80 minutos de desfile o importante é brilhar na Sapucaí

A rainha que já foi plebéia

Juliana Paes tinha 12 anos quando foi levada pelo pai, pela primeira vez, a um ensaio de escola de samba. A atriz nem consegue lembrar que escola era, mas não tem dúvida sobre uma coisa: de cara, se apaixonou perdidamente pela abundância de plumas, paetês e mulatas embaladas pelo ritmo da bateria. E decidiu, ali mesmo, que queria participar daquele universo de alguma forma. O contato seguinte não foi dos mais glamourosos: começou a trabalhar como recepcionista nos camarotes do Sambódromo durante o Carnaval para conseguir pagar a Faculdade de Publicidade.

A grana levantada durante a folia a ajudou a concluir o curso superior, mas a carreira de Juliana pendeu para o lado da interpretação. E, desde sua primeira novela, Laços de Família, em 2000, a atriz começou a desfilar no Carnaval, sempre pela Unidos do Viradouro. ?Adoro este lado de cá da ponte?, diz, referindo-se à cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, onde se localiza a quadra da escola.

De simples recepcionista à musa do Carnaval. Há três anos, Juliana assumiu o posto de rainha de bateria da escola. E comparece, religiosamente, aos ensaios, às terças e sábados, sempre com modelitos provocantes e dignos da função que executa. ?Gostaram do meu vestido??, indagava num últimos ensaios, exibindo um microvestido de paetês prateados e um arranjo vermelho nos cabelos.

Energia em grandes doses

Este ano, o enredo da Viradouro é Arquitetando folias e a fantasia de Juliana vai representar a descoberta da energia elétrica os detalhes são guardados a sete-chaves. Apesar de ?faiscante?, como o carnavalesco Milton Cunha a define, Juliana conta que o ?brilho? da luz em sua fantasia será representado por centenas de cristais Swarovski, não por efeitos especiais.

Embora esbanje boa forma, a atriz jura que não tem tido muito tempo para malhar. ?No máximo três vezes por semana?, afirma. Mas, como tudo tem seu preço, ultimamente ela vem recusando chocolates, doces e outras delícias. Claro que os ?atributos? físicos pesam -e muito -, mas, se depender da relação entre a rainha de bateria e a comunidade da escola, dá para arriscar que ela terá vida longa à frente da percussão. A atriz faz questão de atender aos vários pedidos de fotos e autógrafos e, do camarote, para onde levou família e amigos, não cansava de acenar para o público. ?Adoro ser acessível. Isso até me ajuda a esquecer a responsabilidade que o posto traz?, avalia.

Preparadíssima para sair na Marques de Sapucaí amanhã e com o samba-enredo na ponta da língua, Juliana diz que, nos outros dias, vai ficar ?quietinha? em casa, já que o assédio é grande, mesmo nos camarotes. ?Vou cumprir a minha missão e descansar?, revela. Torcendo para a escola ser a grande campeã do Grupo Especial, o que não acontece desde 1998. ?Quero mais é sambar muito?, festeja, com a pose de uma rainha que já pertenceu à plebe.

Folia gigante

Axé, reaggae, afoxé, samba, abadá, circuito, trio, bloco, camarote… Misturando tudo isso à alegria e à descontração do povo baiano, o Carnaval de Salvador está no livro dos recordes. São dois milhões de pessoas que curtem cada dia da folia, registrada no Guiness Book como a maior festa popular do Planeta.

Quase 500 mil dessas pessoas são turistas nos sete dias de festa que geram 220 mil empregos temporários já a partir das quintas-feiras. Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Chiclete com Banana, Banda Eva… uma centena de bandas e cantores anima cada um dos cem trios elétricos que arrastam os foliões por 27 quilômetros de ruas fechadas para qualquer outro tipo de trânsito.

Atrás dos trios, os blocos garantem de 6 a 8 horas de diversão com muito beijo… em muita gente. ?No meio do bloco é liberou geral. O encontro é casual, ao contrário dos camarotes. As pessoas se esquecem que são formais e se soltam. Quando vão embora, voltam a se fechar?, afirma o artista plástico Pedro Rocha, que há 20 anos idealizou o abadá, um dos ícones dessa festa baiana.

São 69 blocos de trio, 57 afros, 18 afoxés, 21 alternativos, dois de índio, um especial, 11 infantis, 27 de percussão, 12 de sopro e percussão, 12 de travestidos. Eles se dividem em três roteiros chamados de circuitos. Nos mais antigos, que levam os nomes de Dodô e Osmar, criadores do trio elétrico, se concentram os trios das grandes estrelas e os blocos tradicionais.

No Osmar, há outros ritmos, como o pagode de Dudu Nobre e o funk de Tati Quebra-Barraco. No circuito Batatinha, que surgiu após a recuperação do centro histórico, passam os blocos de afoxé e afro, de sopro e percussão. Foi ali que a japonesa Yuka e o baiano Antônio Cozido, posaram para a foto ao lado, que os apresenta como símbolos do Carnaval da cidade.

De abadá ou pipoca

Em 2006, como você pode conferir nas imagens à direita, os abadás para o bloco Crocodilo, de Daniela Mercury, têm estampas de cenas de filmes nacionais. O bloco Coruja, de Ivete Sangalo, sai com abadás tribais multicoloridos, e do Camaleão, de um dos trios da banda Chiclete com Banana, se inspira no animal que dá nome ao bloco.

?Abadá significa camisa em um idioma africano e funciona como passaporte, que a pessoa paga tanto para ter acesso aos blocos que acompanham os trios, como aos camarotes?, ensina o dono da idéia e criador dos abadás citados acima, o artista plástico baiano Pedro Rocha.

Quem só quer foliar, não importa com que som, o folião pipoca, acompanha um dos 32 trios independentes, que não fazem abadá nem cobram pela participação. ?Dificilmente quem sai no bloco vai também ao camarote, especialmente no mesmo dia, depois de seis a oito horas na rua. Também nem sempre quem gosta de um, se sente satisfeito no outro?, comenta.

O conjunto de abadás do Crocodilo, com peças diferentes para cada um dos três dias de sua folia, custa R$ 520,00. Com cerca de R$ 200,00, o folião compra o ingresso para um dia. Mas nem tudo é dinheiro. Para sair no Camaleão, tem que garantir abadá com um ano de antecedência, o que valoriza o passe dos outros blocos com a banda, como Voa-Voa, que cobra R$480,00…por dia.

Já o acesso ao camarote de La Mercury não tem preço. Só sendo convidado, ao contrário do que ocorre com os outros 17 camarotes inseridos no Carnaval de Salvador este ano.

De olho

Visão panorâmica para a folia alheia, praças de alimentação, boates, bares, ar-condicionado, spa com massagem, salão de beleza e até gente famosa…Estes são alguns atrativos dos camarotes do Carnaval de Salvador, como mostram as duas fotos menores à esquerda da página.

Um dos mais badalados para quem não quer foliar todos os dias na rua, o camarote Oceania recebeu ano passado os globais André Marques e Alexandre Barillari, e ofereceu shows do Jota Quest, de O Rappa, e teve Nando Reis como anfitrião. Este ano, conta com a presença de Samuel Rosa, do Skank, Vanessa da Mata e Seu Jorge.

Num prédio com 12 metros, permite conferir de cima a passagem dos blocos e trios mais famosos. Seus abadás criados por marcas famosas saem por R$1.400,00 para os homens e R$1.100,00 para as mulheres. Isso é para todos os dias. Um dia só custa cerca de R$200,00, quando, entre os demais camarotes, há opções que partem de R$ 300,00 pra todos os dias.

Cidade do Carnaval

É assim que Salvador se acostumou a chamar a estrutura montada ao longo das ruas dedicadas à folia, e que inclui 4 mil lugares em arquibancadas com ingressos de até R$ 30,00.

Essa cidade tem mini-hospital, 11 postos de saúde, usina de lixo, palcos, iluminação extra, mil sanitários químicos. Para o atendimento médico, são 3 mil plantonistas, e para a segurança, 20 mil policiais. Com tudo isso, dá prejuízo.

Pelos cálculos da Prefeitura de Salvador, a festa custa em torno de R$30 milhões, e a arrecadação é de 20% a 30% menor. O pós-Carnaval, aliás, será de bochicho: o prefeito João Henrique convocará a comunidade para rachar a conta.

Cultura negra

Os blocos de afoxés, afros, de sopro e percussão, que aparecem nas fotos abaixo e à direita, levam para as ruas ritmos de origem africana. Sem amplificação ou equipamentos eletrônicos, promovem a cultura negra. Desfilam no Pelourinho e no centro histórico, do chamado Circuito Batatinha, que homenageia sambista da cidade. O bloco de afoxé mais conhecido é o Filhos de Gandhi, de som e movimentos suaves e repetidos. Os blocos afro, como Olodum e Ileaiê, tocam e também dançam como se fossem para festas ou guerras tribais.

Rio de Janeiro

O Domingo espetacular mostra os pontos populares do Rio de Janeiro e apresenta o lado que o turista que procura a badalação do Carnaval não vê como os bairros de Santa Tereza, Ramos, a Feira de São Cristóvão e o Saara, o paraíso das compras carioca. O programa ainda denuncia a violência contra mulheres em Pernambuco. O número de assassinatos de vítimas femininas subiu muito nos últimos tempos no Estado. Às 18h, na Record.

Drama

Em Temperatura máxima, a Globo exibe o filme Náufrago, com Tom Hanks, Helen Hunt e Nick Searcy. Depois de um acidente aéreo, Chuck Noland, que é um inspetor da Fedex obcecado por trabalho e prestes a se casar, vai parar sozinho numa ilha deserta. Lá, passa quatro anos em condições extremamente hostis e aprende a lutar pela própria sobrevivência. Às 12h55, na Globo.

Eliana

A apresentadora Eliana comanda o Tudo é possível com destaques carnavalescos. No quadro Você conhece você?, a cantora Cláudia Leite, do Babado Novo, faz revelações curiosas para os fãs, e no Jogo da afinidade, quatro mascaradas provocam os nervos de mais um casal. Às 14h, na Record.

Ação

A sessão Oito e meia no cinema Cinespecial apresenta O preço de um resgate, com Mel Gibson, Rene Russo e Gary Senise. O filho de um milionário é seqüestrado por uma quadrilha. Ele decide pagar o resgate, mas o pagamento acaba em tiroteio. O figurão decide, então, ir à tevê e oferecer dois milhões de dólares pela cabeça do líder dos seqüestradores. Às 20h30, no SBT.