Lugar ao sol

Eles também buscam um lugar ao sol. Ou melhor, um espaço no cenário musical brasileiro. Querem ser reconhecidos nas ?ondas do rádio? e embalar a trilha sonora da vida de seus fãs. Qualidade musical e dedicação não falta, mas viver da música, pelo menos por enquanto, é praticamente um desafio de sobrevivência. Se para os artistas de fora Curitiba continua sendo uma ?cidade laboratório?, onde lançam seus trabalhos para ?ver se dá certo?, graças à fama de exigente que o público local conquistou, para os músicos daqui, esse ?grau de exigência? se traduz muitas vezes em um público que permanece fechado ao ?produto local?.

Não são todas as casas noturnas que abrem espaço para os artistas locais apresentarem seu trabalho, mas estes espaços estão aumentando gradativamente. E o público, até por desconhecer esta produção, costuma dar preferência aos músicos que mostram um repertório conhecido, com letras já popularizadas. ?Como trabalhamos somente com músicas próprias, fazemos um ou dois shows por mês. Mas foi a opção que nós fizemos, valorizando a criatividade e os talentos daqui?, explica Gustavo Gsp, baixista da XMáquina, banda de rock formada há seis anos. A banda, que segue o estilo independente, é formada ainda por Matheus Matu (vocal), João Veras e Rafael Sobczak (guitarras) e André Wlod (bateria). No ano passado, eles gravaram um EP – um CD com um número reduzido de músicas -, Obra inconclusa, e agora tentam ganhar espaço nas rádios locais. ?No ínicio do ano, fizemos um show em Porto Alegre e vimos como o público incentiva os músicos de lá. Infelizmente, aqui ainda não é assim?, comenta.

XMáquina: priorizando a criatividade.

Guilherme Scheffer de Oliveira, vocalista da Agente X, banda de pop rock, faz coro a Gustavo. ?Há quatro anos começamos a tocar apenas músicas próprias e nossa agenda diminuiu bastante. Nos outros estados do Sul, a música local é muito mais valorizada. Mas aos poucos isto está mudando?, observa o cantor. Além de Guilherme, fazem parte da banda, que existe desde 1997, Chitão (teclados), Josney (baixo), Celso (bateria) e Eduardo (guitarra). O grupo, que em 2006 gravou seu primeiro CD, Seja qual for, foi o vencedor do Festival GPP de pop rock em 2006 com a música Ana.

Assim como acontece na XMáquina, a maioria dos integrantes da Agente X não depende do dinheiro arrecadado com a banda para se manter. E, com isso, precisam conciliar a música com a vida profissional. ?Já combinamos que quando a coisa realmente engrenar, vamos largar tudo para nos dedicar só à música?, enfatiza Guilherme, que é engenheiro cartográfico. Na banda, há ainda vendedor de equipamento musical, técnico eletrônico e músico com diploma de graduação. Na XMáquina, dois são publicitários, um é relações- públicas, um advogado e o vocalista é estudante de comunicação.

Vôo solo

Foto: Allan Costa Pinto

Entre aqueles que conseguem viver exclusivamente da música, está a agenda com shows marcados quase que diariamente e a utilização de repertórios variados, de artistas já consagrados. Alexandre Sartory, que há 17 anos toca na noite curitibana, garante que é possível conseguir um bom padrão de vida. ?Não falta nada, mas também não sobra muito.? Entretanto, composições próprias são apenas uma pequena parte de seu repertório diário, formado basicamente por MPB e pop rock.

Alexandre hoje toca sozinho e o único dia em que não tem nada marcado é aos domingos. Quando decidiu ser músico, montou banda, ganhou dinheiro, circulou por todo Paraná, decepcionou-se com os colegas da banda e decidiu se aventurar em São Paulo, onde fez várias participações em programas de televisão. ?Ganhei vários concursos e o que eu ganhava, usava para me manter por lá?, relembra. Foi tocando em bares do litoral paulista que percebeu que poderia, sim, seguir carreira solo e sonhar com vôos ainda mais altos.

Ritmo Country

Daniellle Blaskievicz

Fotos: Divulgação

Para os músicos sertanejos, nem mesmo toda a ?onda country? que tomou conta do Brasil na última década deixou a situação mais confortável. Gilvane Cordeiro, vocalista da Texas Beat, banda country formada há oito anos e que acaba de lançar seu primeiro CD, conta que dos seis integrantes do grupo, somente um ainda precisa conciliar a música à outra profissão. Mas quando os músicos não estão fazendo shows pelo interior do Paraná ou de Santa Catarina, estão visitando rádios e correndo atrás de divulgação do trabalho da banda. ?A maior propaganda do músico é a sua canção tocando nas rádios. O espaço para os artistas locais ainda é pequeno e muitos ainda fazem a coisa funcionar na base do dinheiro. Mas é um risco, porque aí o sucesso só dura enquanto você tiver dinheiro?, analisa.

tribpop02160308.jpgSidney e Fabiano, que formaram uma dupla há poucos meses, têm perfil e pinta de dupla sertaneja. Contam até com a assessoria de um empresário, Robison Rodrigues de Paula, que se preocupa com a agenda e as necessidades artísticas dos músicos. Com projetos ousados, a dupla pretende lançar seu primeiro CD até o final do ano. ?Estamos escolhendo o repertório e em breve vamos entrar em estúdio?, afirma Fabiano, que perdeu seu antigo parceiro musical em um acidente de carro. Quando conheceu Sidney, que tocava em uma banda-baile, a ?sintonia? foi grande. Agora, faltam uns pequenos ajustes e mais tempo para se dedicar à música. ?Como ainda temos outras atividades, não temos todo o tempo que gostaríamos para ensaiar e compor?, destaca Sidney, que em horário é analista de qualidade e à noite se apresenta, ao lado de Fabiano, em bares e casas noturnas de Curitiba.

Serviço: 9662-8442.

Malvada mas elegante

Carla Neves – PopTevê

Jorge Rodrigues
Jorge/CZN

Quando soube que daria vida à grande vilã de Beleza pura, Carolina Ferraz fez uma profunda pesquisa: alugou todos os filmes que conhecia ou já tinha ouvido falar com personagens ardilosas. ?Vi desde infantis, como Branca de Neve e os Sete Anões, até filmes com a Bette Davis, que fez vilãs incríveis?, lembra, entre risos. A iniciativa da atriz, contudo, foi em vão. Isso porque ela sentiu que não adiantava se inspirar em ninguém para compor a maquiavélica Norma. ?Percebi que estava no caminho errado e resolvi focar só no texto. Desde então, deixo a personagem brotar conforme recebo as informações das cenas?, analisa.

Para Carolina, interpretar uma figura tão calculista como a Norma é novidade. Apesar de já ter encarnado uma ?patricinha? metida a besta em História de amor, exibida na Globo em 1995, a atriz admite que era um grau de maldade bem diferente. ?A Paula não era capaz de fazer um décimo das coisas que a Norma faz?, compara. Acostumada a viver mulheres elegantes, Carolina garante que não se aborrece por, vira-e-mexe, ser convidada para interpretar tipos do gênero. Mas admite torcer para que seu futuro na tevê seja diferente. ?A Norma tem porte elegante também, mas é minha primeira vilã, o que já é um avanço. Isso me dá uma certa segurança sobre o futuro?, assegura ela, que para dar um ar mais vilanesco à personagem, clareou as madeixas e cortou uma franja. ?Não dizem que as melhores vilãs são as louras? Pois então! Fiquei o mais loura possível para alguém que é morena?, diverte-se.

Ao contrário da maioria das atrizes na faixa dos 40, Carolina que acaba de entrar para o time das ?quarentonas? atribui o êxito profissional de agora ao seu envelhecimento. Ela diz se sentir honrada por se sustentar na profissão de atriz e, por isso, valoriza quando alguém aposta nela. ?Pode parecer que não, mas a vida de atriz é dura. Hoje tudo está bem, mas não dá para prever o que vai acontecer amanhã?, lamenta ela, que, antes de aceitar viver a Norma em Beleza pura, ficou dois anos sem fazer novelas.

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