Legends

elvispresley110706.jpgDiz a lenda que Elvis Presley e sua equipe de produção entraram num badalado restaurante de Las Vegas e pediram o que havia de melhor para comer. Quando veio a conta, o cantor e seu empresário perceberam que estavam sem carteira e dinheiro para pagar.

O rei do rock então teve a idéia de fazer um cheque num papel comum, o dono do restaurante aceitou, mas o gerente do banco disse ao homem que não aceitaria. Elvis ligou para o gerente do banco e ameaçou tirar o dinheiro da conta se o cheque não fosse aceito. E assim, o problema se resolveu.

Lendas ou monstros como Elvis, os grandes nomes da história do rock?n?roll são o tema da seção Música e cinema desta semana em que se comemora o Dia do Rock, 13 de julho. Para contar curiosidades sobre uma seleção bem representativa dos astros da história dessa música, que marca o comportamento de gerações, a Tribuna Pop buscou uma fonte profissional.

?Esse negócio dos mais mais é complicado, porque cada um acha que os seus preferidos foram os melhores?, avisa o DJ Paulo Giroletti, que aceitou o convite. Sócio do Vox, bar que há quatro anos o roteiro da Veja elege como o melhor de Curitiba para dançar, ele frisa que sua lista reflete tanto os fatos desses cerca de 60 anos de história como também o seu gosto musical.

Nesse sentido, o pioneiro Elvis Presley serve de ponto de partida, já que foi o primeiro a revelar o poder do rock para o mundo, quando se apropriou do soul e do blues dos negros para fazer algo novo. ?Você já se perguntou por que Elvis é o rei do rock?, questiona o DJ. ?Tem coisas que a gente não costuma perguntar, aceita e não discute mais?, responde.

Fã do ex-caminhoneiro que quase trinta anos depois de morto ainda vende milhões de discos em todo o mundo, Paulo acredita que Elvis foi o rei porque todos os que vieram depois são herdeiros dele, muita vezes confessos. E conta outra história ótima sobre o autor de hits como Suspicious mind, Love me tender, Its now or never e Jail house rock.

Para o DJ, o que há de mais expressivo na história do rock nacional são os Mutantes, Roberto Carlos da Jovem Guarda, Secos e Molhados, Raul Seixas e Legião Urbana.

Tiro na fama

Na fase de decadência física, com a mente confusa pelo uso de anfetaminas, nos anos 70s Elvis andava dentro de casa apenas de cuecas, com botas de cowboy e cinturão com uma arma Colt em cada lado. Exigia painéis com dezenas de televisões, ligadas em canais diferentes, e atirava nos monitores das que apresentavam programação desagradável.

Talvez fosse um jeito de protestar contra a fama que a tevê lhe deu e o inferno de viver cercado por fãs enlouquecidos, especialmente mulheres. Louco pela sua Priscila, ele manteve a mulher virgem meses após o casamento, porque a considerava uma deusa. Coisa de louco. ?Rock?n?roll will save your soul?, ?O rock salvará a sua alma?, filosofa Paulo Giroletti.

…versus Stones

beatles110706.jpgNos anos 60s, a disputa entre os ingleses The Beatles e Rolling Stones era algo como a guerra entre o bem e o mal, comenta Paulo Giroletti, para quem esses são os maiores nomes do rock da década.

Os primeiros tinham o rótulo de bem comportados e aos outros restava a marca de rebeldes, a perseguição da polícia e a pergunta que se tornou clássica na época em que muitos viam no rock uma ameaça social: Você deixaria sua filha se casar com um Rolling Stone ?

O fato é que a banda de Simpathy for the devil, ou na tradução, Simpatia pelo demônio, é toda fichada, com exceção do baterista Charlie Watts. Recém-internado para se tratar de alcoolismo, Ron Wood, por exemplo, tocou fogo num barco quando esteve no Rio de Janeiro para o show de 95.

No caso dos Beatles, uma das histórias folclóricas é a de que fumaram maconha no Palácio de Buckingham quando condecorados pela rainha por promover a Inglaterra no mundo.

Quando a genialidade de John Lennon e Paul McCartney já não cabia na mesma banda e ela acabou, nos anos 70s, o ídolo que deu nome aos óculos redondos e acabou assassinado por um fã admitiu que, para ele, os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo.

Hippies e punks

Com a capa que é pura reverência a Elvis Presley, London Calling, da banda punk inglesa The Clash ainda está entre os três ou quatro maiores discos de todos os tempos, afirma o DJ Paulo Giroletti.

Ao eleger os ídolos mais importantes dos anos 70s, ele ressalta ainda a americana The Ramones, do movimento punk que aperfeiçoou a estética do Sex Pistols, e as bandas The Who e Led Zeppelin, mais da linha hippie.

Com Jimmy Page e Robert Plant, Led Zeppelin foi a primeira banda a fazer megashows e a comprar um avião para viagens. Os shows tinham três horas e equipamentos de alto nível para que os seus solos, colapsos sonoros, fossem bem ouvidos. Em Black dog Moby Dick, ou O cachorro preto, Moby Dick, por exemplo, há vinte minutos de solo de bateria.

O som mais conhecido é Stairs to heaven, ou Escadas para o céu. Page, que foi amigo de Raul Seixas e se casou com uma brasileira, tem chácara em Minas Gerais, para ver discos voadores. ?Os caras eram virtuoses, que experimentavam de tudo, inclusive violinos, e o que eles fizeram virou hit?. Nas listas dos maiores músicos, foram também os reis das orgias em hotéis.

Fãs de reggae, sky e dub, os pré-punks do Clash eram afinados e politizados, chegando a se apresentar ao exército da Nicarágua para lutar: foram mandados pra casa. Com Deede Ramone, que doava sangue e fazia michê para sustentar o vício em heroína, os punks americanos turbinaram o rock sujo do Strugges com o doce dos Beach Boys em dois minutos de letras de amor e garotas de escola.

Smiths e Bowie

Fã do rock inglês, ao falar dos anos 80s o DJ Paulo Giroletti elege The Smiths como a melhor banda de todos os tempos e David Bowie (à direita) como um monstro sagrado. Quando o Smiths surgiu, lembra, era considerado o som dos nerds, dos errados, com temas inteligentes, sobre sentimentos de pessoas complicadas, reprimidas sexualmente, que refletem a realidade do líder Morrisey, hoje um sucesso-solo.

?Os Smiths foram músicos exímios, completamente inovadores, e conseguiram eliminar todo o peso do rock com um novo estilo de tocar, em que a distorção deu lugar ao dedilhado, por exemplo?. Pais do chamado indie-rock, mais delicado e em evidência hoje, se separaram por não se agüentar mais.

Meat is murder, ou Carne é assassinato, discos de sucesso da banda, reflete a opção vegetariana de Morrisey, que não toca onde há derivados de carne. Ele teria dito o seguinte: ?Prefiro que me arranquem os testículos e fritem para eu comer do que voltar a tocar com os Smiths. E olha que eu sou vegetariano.?

Com um sucesso explosivo naquela época, David Bowie é chamado de camaleão do rock porque evoluiu com a música ao invés de estacionar num estilo. Começou nos anos 60s e fez muita música boa desde então.

?Ele foi glitter, foi punk, new romantic, eletrônico, e não há nada parecido com ele, que é um multiartista, das artes plásticas e do cinema?, ressalta Paulo, citando sua atuação nos filmes Furyo e Fome de viver. A história de David Bowie inclui o direito de declarar que é bissexual e que dormiu com o Stone Mick Jagger.

Herdeiros

Nirvana e Oasis são os maiores nomes dos anos 90s, e os promissores Arctic Monkeys e Strokes, junto com o U2, são o que há no rock deste milênio, na opinião do DJ do bar Vox.

?O som do U2 pega todo mundo, dos bebês aos cinquentões. E o Bono é um cara legal, com uma história única em termos de ultrapassar as fronteiras da música para ser um embaixador de boas causas?, diz Paulo Giroletti.

O último disco da banda, Vertigo, foi gravado sem Bono, que colocou a voz em cima da música pronta, no estúdio, em intervalos das viagens entre a Etiópia e os eventos da Organização das Nações Unidas (ONU).

Politiqueira, a banda de Sunday bloody sunday, que lembra o dia do assassinato do líder negro Martin Luther King, foi criada pelo movimento punk e chegou a abrir shows do The Clash. Defensor da anistia à dívida externa dos países pobres, Bono até visitou o amigo punk Joey Ramone no dia da morte dele.

Na década passada, misturando elementos herdados do punk, do heavy metal e do virtuosismo hippie, o Nirvana promoveu um estouro meteórico do chamado grunge, de Seattle, nos Estados Unidos. Esquizofrênico, viciado em heroína que lhe aliviava as dores de uma úlcera estomacal, o líder Kurt Cobain se matou com um tiro de rifle em 94.

Os fãs com camisas de flanela, bermudas imensas e bonés se mantêm fiéis ao estilo, vivo no trabalho do Pearl Jam. Para eles, o rapaz que era fã dos Pixes e dos brasileiros Mutantes, é o rei do rock. Sempre nas listas dos maiores guitarristas, Cobain deixou uma filha do relacionamento com a cantora e atriz Courtney Love.

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