Dia desses, Carolina Dieckmann foi surpreendida com uma pergunta do filho mais velho, Davi, de nove anos: “Mãe, por que você é diferente das mães dos meus amigos e parece uma adolescente?”. O susto só não foi maior porque a atriz, que interpreta a Suzana de Três irmãs, é a primeira a afirmar que faz, sim, o tipo “moleca”. Criada entre meninos, ela é a caçula de quatro irmãos e mãe de dois, Carol não faz o gênero “fresca” e costuma focar qualquer excesso de vaidade em suas personagens ou ensaios fotográficos. “Mesmo aos 30 anos, a vida me deixou muito moleca. É esse o clima na minha casa”, garante.
E é justamente aí que está sua maior semelhança com a atual personagem. Apesar de nunca ter sido adepta do surfe, esporte que Suzana adora, Carolina diz que se sente à vontade na pele da moça.
Conhecida por não ter papas na língua e dizer o que pensa, gostem ou não, ela explica por que não se preocupa em “fazer gênero”. “Não sou obrigada a sair por aí sorrindo o tempo todo. Mas não sou azeda. Sou autêntica”, dispara. Em contrapartida, ela adora viver as mocinhas românticas dos folhetins. “Quanto mais doce e fofa, melhor. Amo as heroínas que parecem viver em uma história encantada”, pontua ela, cuja última personagem, a Leona de Cobras & lagartos, foi a primeira vilã de sua carreira.
Acostumada ao horário das oito, no qual interpretou tipos marcantes, como a Camila de Laços de família e a Isabel de Senhora do destino , a atriz reconhece que o horário das sete seja mais “complicado”.
Aos 30 anos e 15 de carreira, Carolina diz que se sente realizada. Mas tem consciência de que a boa fase possa ser efêmera. “Dou muito valor ao espaço que consegui, mas isso não quer dizer que tudo vai ser sucesso daqui para a frente”, pondera. Para ela, uma das principais funções de sua profissão é levar diversão e fantasia aos quatro cantos. “Acredito que a tevê seja uma caixinha de sonhos e que vá divertir a lavadeira que está lá em Rondônia”, afirma, finalizando com suas maiores aspirações. “Quero ficar velha e lúcida para ver meus filhos crescendo e construindo sua família.
O resto a gente vai acertando”, diz, com tranqüilidade.
Fabíola Tavernard – PopTevê
Sensível diferença
Desde que estreou nas novelas como o Eduardo de Malhação, há 13 anos, Cláudio Heinrich está acostumado a interpretar tipos que arrebatam o público feminino. Por isso o ator, que despontou como paquito da Xuxa, é só elogios ao homossexual Danilo, papel que vive em Os Mutantes Caminhos do Coração, da Record. Afinal, é a primeira vez que ele, hoje com 36 anos, tem a oportunidade de mostrar na tevê que sabe fugir do formato “mocinho que conquista a mocinha”. “Muitas vezes, caímos em um formato. E o Danilo é completamente diferente da minha realidade. Sem dúvida, é o melhor papel da minha carreira”, declara.
Irreconhecível na pele do empresário que alterna momentos de “soltar a franga” com outros em que assume uma postura mais contida, ele acredita que está no caminho certo. Até porque, vira-e-mexe, é abordado nas ruas com perguntas do tipo: “você é gay de verdade?”, conta ele, às gargalhadas. Mas o que poderia deixá-lo ressabiado é o que o faz sentir mais orgulho ainda de interpretar um homossexual na televisão.
“É um elogio enorme escutar isso do público. Sinal de que estou fazendo o meu papel direitinho”, acredita ele. Em sua segunda novela na Record a primeira foi Prova de amor, que, por sinal, está sendo reprisada na emissora às 16h , Cláudio está feliz na emissora. E acha que não teria a chance de viver um papel tão diferente como Danilo na Globo, onde estreou. “Não é nem porque ele é gay. É porque ele é um personagem muito rico e com vários conflitos”, justifica.
Mesmo estando no ar desde agosto de 2007, o ator não dá sinais de cansaço. Pelo contrário. Ele, que tem contrato com a Record a,té 2011, até torce para que a trama tenha uma terceira temporada. “Um dos motivos de eu não estar nem sentindo que estou há mais de um ano no ar é que o personagem é muito divertido de fazer”, confessa.
Carla Neves – PopTevê
A mil
Depois de um tempo de “férias” da tevê, Eliane Giardini está voltando com tudo à teledramaturgia. O primeiro trabalho será em Capitu, microssérie de Luiz Fernando Carvalho baseada na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. Na produção, Eliane será Dona Glória – mãe do protagonista Bentinho e mulher de extremos: ora protetora, ora castradora. “Ela vive um dilema de não querer que o filho vá para o seminário e, ao mesmo tempo, precisa cumprir a promessa, por ser religiosa. É uma experiência avassaladora”, analisa. Depois do “mergulho” no universo machadiano, começou a preparação para Indira, matriarca de Caminho das Índias, que estréia no início de 2009. “Os grandes valores de lá são a sabedoria e o conhecimento”, ensina, empolgada.
Pelo espelho
É difícil estar próximo a Jussara Freire sem perceber sua presença. A atriz, que dá vida à comunicativa Arlete de Chamas da vida, é igualmente expansiva, sem papas na língua e interage com quem está a sua volta. “Gosto de me dar bem com as pessoas. Quando você acorda, tem duas opções: viver bem ou viver mal aquele dia. Eu escolho viver bem”, resume. O que não significa que a atriz seja dada a passividades. Mais de uma vez Jussara se exasperou publicamente, inclusive com relação ao que considerou injustiças. “Sou chata, sim, porque reivindico. Mas o que posso fazer? Sou assim, não saberia ser diferente”, enfatiza. Com 35 anos de carreira, Jussara já passou por mais de 20 folhetins da Globo, Record, SBT e a extinta Manchete. Na última, fez Pantanal, produzida em 1990 e atualmente exibida pelo SBT.
Você já passou por diversas emissoras. Existe alguma diferença em trabalhar em um lugar ou em outro?
Existe a diferença de bastidor: se a emissora está já equipada, se está se equipando… mas para mim, como atriz, é igual estar trabalhando na Globo ou na Record que são as duas empresas mais em evidência, hoje. O que eu quero é que todas as emissoras façam novela, façam minisséries. A teledramaturgia gera mão-de-obra, direta e indiretamente. Não adianta o governo dar cesta básica, “cesta-saúde”, “cesta-escola”, se não dá emprego. Vira só uma atitude paternalista.
Mesmo nos seus personagens sofridos, existe um quê de humor. Isso é proposital?
Procuro humanizar ao máximo meus personagens. Ninguém pode ser triste 24 horas por dia. Se o ator só faz um lado dessa história, cansa tanto ao público quanto a ele próprio. A vida é feita de humor, sofrimento, amor, irritação, aceitação. Então, você humaniza na medida que coloca tudo isso no trabalho.
Com 35 anos de carreira, o que você ainda quer fazer?
Gostaria muito de falar sobre as mulheres da minha idade, com mais de 50 anos. Vou fazer 58 anos e vejo que não se aborda a vida dessa faixa etária. Fala-se da jovem, da mãe e da avó. Mas a gente não tem informações sobre esse período tão crítico na vida da mulher que é a menopausa. Eu gostaria de falar, com muito humor, a respeito disso.
Você é muito direta nas suas críticas. Esse comportamento já trouxe problemas para você?
Sempre acreditei na verdade, mas isso não só me trouxe como continua trazendo problemas. Só que eu não engulo, não dá. Não vou conseguir sobreviver compactuando com algo que acho errado. Eu tenho de gritar contra a injustiça. Isso me causa problemas, sim, mas eu não consigo viver em um mundo de mentira.
Louise Araujo ,- PopTevê
Fonte da juventude
Marasmo não é com ele. Aos 76 anos, Stênio Garcia mal se despediu do preconceituoso Barretão de Duas caras e rumou para Salvador, na Bahia, onde gravou como o Gerônimo de Ó paí, Ó. E agora que a série está no ar, o ator só tem olhos para o Doutor Castanha, o psiquiatra com nome e atitudes pouco convencionais, que faz parte do chamado “núcleo da loucura” em Caminho das Índias, próxima novela da Globo no horário nobre. “Esse é o desafio da tevê: conseguir um comportamento que diferencie um personagem do outro nesse veículo que mostra você seis dias por semana”, pondera.
Experiência no assunto é o que não falta ao ator. Em 2005, por exemplo, Stênio se dividiu entre o remake de Carga pesada e as duas partes da microssérie Hoje é dia de Maria. A dedicação, ele atribui aos anos em que trabalhou com diretores de teatro como Antunes Filho e Ademar Guerra. “Eles me deram essa ‘insatisfação’ que eu considero uma grande satisfação: a de não aceitar fazer duas coisas iguais. Por isso tenho disposição”, orgulha-se. Seguindo essa lógica, Castanha é totalmente oposto a Barretão, último personagem do veterano em novelas. Boêmio e irreverente, o médico promete chamar a atenção pelos métodos heterodoxos de cuidados de seus doentes mentais a quem atende. “Ele entra no processo de delírio do paciente. É uma forma de conquistar a confiança do outro para conseguir tratá-lo”, analisa.
Louise Araujo – PopTevê