Jeitinho brasileiro

Nicola Siri parece completamente adaptado à vida brasileira. Nas longas frases ditas num português ainda musicalmente italiano, a gíria ?caraca? pontua suas impressões sobre o país que escolheu para viver e trabalhar.

Da Itália, onde nasceu, sente falta dos familiares e de sua Vespa. Morador de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Nicola só estranha o tumultuado trânsito carioca. Estrangeiro boa gente, amante de Nelson Rodrigues, foi fazendo sua própria turma e depois de três anos participa de sua terceira novela. ?Me encontrei aqui. Essa é minha cidade, meu país. Não há lugar no mundo mais bonito que esse?, derrama-se ele, que acaba de receber seu registro definitivo como ator e teve sua participação esticada em Belíssima, na qual faz o agente de modelos Cyro Laurenza.

Em princípio, Nicola ficaria no ar pouco tempo. Mas Silvio de Abreu achou que o personagem daria margem a outras tramas. Nicola não só foi contratado até o fim da novela, como ganhou na história um possível romance, uma ex-mulher e uma filha. ?Encontrei a Glória Pires nos corredores e ela brincou: ?Olha só o tamanho da nossa filha?, apontando para a Letícia Birkheuer. Também levei um susto ao saber que faria o pai dela?, admite o ator de 38 anos, referindo-se às atrizes que fazem Júlia e Érica, respectivamente.

Nicola é mais um dos atores da trama a ficar de olho nos capítulos para tentar desvendar os mistérios que cercam a novela. ?Fico louco para receber o roteiro. Leio tudo e construo muitas teorias?, conta ele, que não vê seu personagem como provável assassino ou como um homem do mal. ?Acho que o Cyro aceitou, sim, o dinheiro da Bia e foi fazer a vida dele na Europa. Mas ninguém sabe em que circunstâncias isso aconteceu?, especula. Teorias à parte, Nicola decidiu construir na ficção um perfil surpreendentemente ético para um agente de modelos. ?Ele não está nessa profissão para namorar moças lindas?, defende o ator. Nos próximos capítulos, porém, o moço vai estreitar ainda mais a amizade com Giovanna, de Paola Oliveira. ?Ele é  sério, não tenho dúvidas.

Mas ninguém está imune às paixões?, desconversa.

?O Cyro não se aproveita da profissão?

Quando você participou de alguns capítulos, ainda não havia a possibilidade de seu personagem estar envolvido no passado de Júlia e de Érica. Como isso aconteceu?

Virei mais uma peça neste quebra-cabeça montado pelo Silvio de Abreu. Primeiro, tinha que deixar claro o profissionalismo do Cyro. Ele não está ali para ficar babando por garotas bonitinhas. Eu pensei nele como um cara que teve um romance aos 18 anos, numa época em que não havia compromisso com nada, devia botar uma mochila nas costas e se aventurar por aí. Recebeu uma propina da Bia e foi fazer a vida dele. Acho que teve de amadurecer para pensar nas conseqüências. Como de fato acontece com todos nós. O mais importante é que ele não sabia que a Érica é filha dele. Bom, pelo menos é em cima de todas essas hipóteses que estou construindo o perfil dele.

Em algum momento você pensou que ele poderia ser cúmplice da Bia?

Já pensei nisso. Ficamos o dia todo questionando o que ele vai fazer no capítulo seguinte. Somos apenas os braços do Silvio. Não sabemos onde ele vai parar.

A sua carreira na Itália foi recheada por vilões. Aqui no Brasil você vai seguindo a linha dos galãs. Não está sentindo falta desse outro lado?

Para dizer a verdade, não. Quando decidi vir para o Brasil, iria fazer um romano que maltratava Jesus no filme Paixão de Cristo, de Mel Gibson.

E aqui me ofereceram o padre de Mulheres apaixonadas. Vi a chance de exercitar um outro lado. Tenho 17 anos de carreira, fiz muito teatro e gostaria de trabalhar para o público infanto-juvenil ou com moradores de favelas, quem sabe.

Você é um alucinado por futebol. Como vai ficar o coração durante a Copa?

Futebol para mim é coisa séria. Mas não vou torcer contra a Itália (risos).

Sem perder o rebolado

Um dia antes de gravar sua primeira cena como a ex-vedete Guida Guevara em Belíssima, Íris Brüzzi ficou sem comer nem beber. A atriz, de 71 anos e mais de 50 de carreira, não conseguiu esconder o nervosismo diante da diretora Denise Saraceni, que a convidou para a novela. ?Personagem é como um filho. Se nascer sem uma mão ou braço, é impossível de consertar?, justifica. Ou seja, nem décadas de experiência nos palcos como vedete e em novelas como Vale tudo e Pecado capital a impediram de sentir o famoso ?frio na barriga? da estréia. ?Só relaxei quando, ao final da cena, a Denise e a técnica aplaudiram?, diz, sempre bem-humorada.

É justamente esse permanente bom humor que Íris empresta à personagem, uma ex-vedete em fim de carreira que ainda faz de tudo para subir na vida. Seja ensaiando uma volta aos teatros, seja ?laçando? o japonês ?bem-de-vida? Takae, vivido por Carlos Takeshi. ?Só mesmo o Silvio para imaginar uma romance desses?, brinca, destacando que Guida foi escrita especialmente para ela. ?Por isso estamos roubando a cena.

Não esperávamos esse sucesso todo?, gaba-se, referindo-se à amiga Carmem Verônica, que vive a Mary Montilla na trama.

A dobradinha de sucesso, aliás, ela pretende repetir nos palcos, na peça Amigas para sempre, com estréia prevista para 15 de junho no Rio de Janeiro e direção de Rogério Fabiano. Mas engana-se quem espera ver as duas se engalfinhando como nas cenas de Belíssima. ?Elas têm ?quiprocós? sim, mas de forma diferente?, explica, esbanjando a mesma vitalidade que a fez se tornar uma grande estrela do teatro de revista, décadas atrás.

Raio-X

Nome: Íris Maria Brüzzi de Medeiros;

Nascimento: 16/02/1935, no  Rio de Janeiro;

Na tevê: filmes e programas de entrevistas;

Nas horas livres: dou entrevistas, porque ultimamente não tenho tempo livre;

No cinema: O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles;

Música: bossa nova e jazz;

Livro: A casa dos espíritos, de Isabel Allende;

Prato predileto: detesto comida. Nunca abri meu fogão e só como besteira. Coalhada,

abacate batido com leite e sorvete. E bolo feito na hora;

Pior presente: sempre ganho coisas de que não gosto, mas aí dou imediatamente;

Mulher bonita: Maria Fernanda Cândido;

Homem bonito: Reynaldo Gianecchini;

Cantor: Tim Maia;

Cantora: Ana Carolina e Cássia Eller;

Ator: Juca de Oliveira e Antônio Fagundes;

Atriz: Bibi Ferreira;

Escritor: Jorge Amado;

Arma de sedução: minha alegria;

Programa de índio: quando alguém me convida para almoçar;

Melhor viagem: um cruzeiro para as Bahamas, há quatro anos;

Inveja: nunca senti;

Ira: pessoas mau-caráter;

Gula: chocolate;

Cobiça: ser contratada pela Globo efetivamente, e não só por obra;

Luxúria: estou fechada para balanço há cinco anos, mas enquanto eu era praticante, a luxúria era uma

ótima parceira;

Preguiça: gosto de dormir bastante;

Vaidade: gosto de estar sempre bem, mas não tomo grandes cuidados;

Mania: nenhuma;

Filosofia de vida: se a vida me der um limão, imediatamente faço uma grande limonada.

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